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Estado de Minas SAÚDE

Anabolizantes fazem mal até para o colesterol, diz estudo da USP

Os esteroides afetariam os benefícios do HDL, o colesterol bom, que impede o entupimento das artérias


postado em 05/12/2017 15:43 / atualizado em 05/12/2017 16:20

O uso de anabolizante, apesar de melhorar a aparência dos músculos, resulta em inúmeros malefícios para o organismo, incluindo a redução dos efeitos do colesterol bom, o HDL(foto: Pexels)
O uso de anabolizante, apesar de melhorar a aparência dos músculos, resulta em inúmeros malefícios para o organismo, incluindo a redução dos efeitos do colesterol bom, o HDL (foto: Pexels)
Muito associado à cultura fitness, especialmente em relação às pessoas que querem adquirir porte físico rápido sem fazer esforço, o anabolizante traz inúmeros malefícios para a saúde. Agora, um estudo do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP descobriu um novo problema causado pelos esteroides: eles afetam o HDL (lipoproteína de alta densidade), mais conhecido como "colesterol bom".

O resultado da pesquisa do InCor revela que um em cada quatro usuários de anabolizantes sofria de aterosclerose precoce, doença que não foi diagnosticada em nenhum dos outros grupos. A aterosclerose é um problema caracterizado pelo acúmulo de placas de gordura em artérias coronárias. Segundo os pesquisadores, os anabolizantes estariam prejudicando a funcionalidade do HDL, que é o responsável por evitar que o LDL (lipoproteína de baixa densidade) ou "colesterol ruim" se acumule nas artérias.

O estudo acompanhou três grupos distintos que passaram por exames de sangue e tomografias para a avaliação das artérias coronárias. Foram analisados 21 praticantes de musculação que faziam uso de anabolizantes; 20 praticantes não-usuários; e 10 pessoas sedentárias, que não praticavam musculação nem usavam anabolizantes. A mostra compreendia homens com uma média de idade de 29 anos.

Malefícios

"Quando se fala sobre esteróides, há duas realidades diferentes", analisa Francis Ribeiro de Souza, doutorando do InCor e principal autor do artigo. Uma é a da deficiência hormonal, quando alguém recorre aos anabolizantes porque precisa repor hormônios que estão em falta. Outra é a da busca pela força e pelo desempenho físico por parte de pessoas que não precisam dessa reposição hormonal.

Os anabolizantes são uma categoria de hormônios análogos à testosterona, que têm a função de aumentar a síntese de proteínas responsáveis pelo crescimento da musculatura.

Uma vez que uma pessoa começa a autoadministrar esteroides sem necessidade, a produção natural dos hormônios começa a ser inibida e cai. Essa alteração, por sua vez, pode causar problemas de saúde.

"Pensando em estética, os anabolizantes cumprem com seu papel. As pessoas aumentam o porte muscular, ficam mais fortes, aumentam o desempenho físico. Mas, em relação à saúde, eles não trazem nenhum benefício. O uso indiscriminado de anabolizantes causa alterações no perfil lipídico; diminui o HDL, que é o 'colesterol bom'; e aumenta o LDL. Além disso, já foram observados em outros estudos alterações hepáticas, algumas associações com câncer, morte súbita, hipertrofia cardíaca e arritmia", lembra o pesquisador da USP.

Além dos casos de aterosclerose precoce, foram encontrados no grupo de usuários de anabolizantes da pesquisa do InCor alguns indícios de que a formação de placa de gordura estava se iniciando. "Se a placa ainda não foi formada, ela provavelmente se formará logo, e isso leva a um fator trombogênico [formação de coágulos] muito elevado nesta população", alerta Maria Janieire Alves, cardiologista do InCor.

(com Jornal da USP)

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