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Estado de Minas SAÚDE

Hospital das Clínicas da UFMG é o primeiro do país a ter um banco de fezes

A ideia é ter material para a feitura de transplante fecal, que ajuda a combater a bactéria Clostridium difficile


postado em 01/12/2017 16:57 / atualizado em 01/12/2017 17:05

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Você sabia que existem cerca de 100 trilhões de bactérias vivendo apenas no nosso intestino? Apesar de parecer uma informação alarmante, esses micro-organismos, que formam a microbiota ou flora intestinal, se dividem entre bactérias benéficas e patogênicas. Em relação às que são consideradas perigosas, a Clostridium difficile está presente no intestino de até 20% dos adultos hospitalizados e causam quadros de diarreia em até 5% deles. O problema é que dentro desse percentual de vítimas da Clostridium, um grupo considerável não apresenta resposta satisfatória ou duradoura ao tratamento com antibióticos.

É para pacientes com infecção recorrente ou refratária pelo Clostridium difficile, principalmente, que um tratamento promissor vem sendo indicado: o transplante fecal, que funciona por meio da infusão de uma solução composta de substrato fecal de pessoas sadias em pessoas doentes. Esta técnica já é muito utilizada no exterior, especialmente nos Estados Unidos, e chega pela primeira vez ao Brasil. O Hospital das Clínicas (HC) da UFMG é o primeiro no país a inaugurar um Centro de Transplante de Microbiota Fecal. Além de transplantes, o instituto também é um dos primeiros a manter um banco de fezes. Segundo o HC, já foi iniciado o processo de análise e seleção de pacientes para o primeiro procedimento.

"Até o momento, no país, há poucos relatos de transplante fecal. Apenas um estudo foi publicado, no ano de 2015, descrevendo a experiência de 12 pacientes submetidos ao transplante no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Também há registros no hospital Vera Cruz, em Campinas, e em uma clínica em São José do Rio Preto [SP]. No entanto, todos os casos foram isolados e de forma experimental", comenta o médico Luiz Gonzaga Vaz Coelho, coordenador do Banco de Tumores e Tecidos do HC. Segundo ele, não há registro de um centro de transplante de microbiota fecal respaldado pelas rigorosas orientações dos órgãos internacionais.

Triagem

Desde março deste ano, quando teve início a implementação do serviço, já foi realizada uma triagem inicial com grupo de pessoas saudáveis, que doaram material fecal. As doações processadas e armazenadas num ultrafreezer – chega a uma temperatura de -80°C, o que garante o uso em longo prazo. O HC da UFMG já dispõe de material para o transplante de pelo menos cinco pacientes. "O transplante será realizado em indivíduos com infecção recorrente ou refratária pelo Clostridium difficile. O procedimento será como uma colonoscopia convencional, acrescida da infusão da microbiota", explica Luiz Gonzaga Coelho.

Segundo o Hospital das Clínicas, serão analisados pacientes do próprio HC e de outras instituições, já que, devido à portabilidade do substrato fecal, será possível fornecer esse tratamento para outros hospitais de Belo Horizonte e de outras cidades. O Centro de Transplante de Microbiota Fecal da UFMG possibilitará ainda o desenvolvimento de investigações científicas sobre as relações da microbiota intestinal com a saúde humana.

(com assessoria de comunicação do Hospital das Clínicas da UFMG)

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