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Estado de Minas SAÚDE

Cuidado para não confundir os sintomas de dengue, febre amarela, zika e chikungunya

Essas doenças são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti nas áreas urbanas


postado em 21/02/2018 08:05 / atualizado em 21/02/2018 08:33

O temido mosquito Aedes aegypti é responsável pela transmissão da dengue, da zika, da febre amarela e da chikungunya, que têm sintomas muito parecidos(foto: Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)
O temido mosquito Aedes aegypti é responsável pela transmissão da dengue, da zika, da febre amarela e da chikungunya, que têm sintomas muito parecidos (foto: Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)
Como se sabe, o temido mosquito Aedes aegypti é responsável por transmitir várias doenças nas áreas urbanas, especialmente dengue, febre amarela, zika e chikungunya. O problema é que os sintomas destas arboviroses urbanas são muito parecidos e o diagnóstico correto pode ajudar na condução de tratamentos mais eficazes.

A febre amarela é um doença viral, transmitida pelo Aedes nas cidades e pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus ou Sabethes nas áreas silvestres. Os insetos são os reservatórios mantenedores do vírus na natureza e são os responsáveis pela infecção em macacos e pessoas. A febre amarela é a mais grave entre as doenças transmitidas pelo Aedes, podendo atacar, principalmente, o fígado, os rins, o coração e o sistema de coagulação. Os sintomas iniciais são febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações. Em alguns casos, a doença evolui e passa a apresentar sintomas semelhantes aos da hepatite, como olhos amarelos, urina escura e uma forte debilidade orgânica. "Os rins podem ser afetados ao ponto de pararem de funcionar e complicações inflamatórias graves podem acometer os pacientes", comenta o epidemiologista Bernardino Alves Souto, professor do departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O pesquisador alerta que a mortalidade da febre amarela é alta e atinge entre 40 e 50% das pessoas infectadas pelo vírus.

No caso da dengue, a doença apresenta quatro sorotipos diferentes. Os sintomas iniciais também são febre, dor de cabeça, nos olhos e a dor muscular é mais intensa. O tratamento inicial é para conter os sintomas. O quadro pode agravar e progredir para a dengue hemorrágica, quando os episódios de sangramento podem ser severos e a doença passa a ser potencialmente fatal. "Ao ser infectada por um tipo de vírus da dengue, a pessoa ficará sempre imunizada para esse determinado sorotipo, mas não fica imune aos outros tipos de vírus da doença", esclarece o professor. A avaliação de um médico é fundamental para o atendimento ao paciente. Em casos de dúvidas, o infectado deve ser tratado, inicialmente, como se estivesse contaminado por dengue, já que a doença apresenta complicações agudas graves, podendo matar nos primeiros 15 dias de início dos sintomas. "Se um caso de dengue for tratado como zika ou chikungunya, oportunizamos a ocorrência de complicações mortais. O contrário não causa nenhum dano", afirma o especialista. O índice de mortalidade da dengue é bastante inferior ao da febre amarela e chega a 2% em epidemias de repetição.

Já o zika vírus apresenta os mesmos sintomas iniciais, com maior ocorrência de manchas na pele e coceira. A presença do micro-organismo, às vezes, passa despercebida em alguns pacientes, mas pode causar problemas graves em bebês durante a gestação, como a microcefalia, e induzir a problemas neurológicos sérios em quem é infectado. Além da transmissão pelo Aedes, Bernardino Alves Souto lembra que já foi observada a transmissão do zika por meio de relação sexual o que reforça a necessidade do uso de preservativos.

No caso da chikungunya, além dos sintomas iniciais comuns à outras doenças, ela provoca dor articular mais intensa e prolongada. "A chikungunya pode deixar sequelas incapacitantes e, mesmo na fase aguda, deixar a pessoa quase inválida até que melhore. Além disso, pessoas portadoras de doenças crônicas podem ter complicações graves e até fatais, se infectadas por qualquer arbovirose", explica o epidemiologista. De acordo com o docente, a experiência mundial com a doença mostra que a chikungunya dificilmente aparece, pela primeira vez, como uma epidemia de grandes proporções. Ela surge de forma esporádica por alguns anos em alguma população até causar uma epidemia maior. Dados do Boletim Epidemiológico da Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, mostram que entre janeiro e setembro de 2017 foram confirmados mais de 121 mil casos de chikungunya no país, com a maior incidência na região nordeste, seguida das regiões sudeste, norte, centro-oeste e sul. No mesmo período do ano passado, foram confirmados laboratorialmente 99 óbitos por chikungunya no Brasil e outros 159 estavam em investigação.

"Se imaginarmos um cenário com epidemia de chikungunya na proporção do que aconteceu com a dengue em 2015, teremos um contingente muito grande de pessoas absolutamente incapacitadas para o trabalho e dependentes de cuidados por terceiros no período endêmico, enorme sobrecarga no sistema de saúde, aumento considerável no consumo de medicamentos e na ocorrência de complicações de outras doenças, além de um número significativo de pessoas com sequelas temporárias e uma quantidade menor de pessoas com sequelas definitivas da doença", alerta Bernardino Alves Souto.

Ao contrário da dengue, a febre amarela, zika e a chikungunya possuem, até então, apenas um tipo de vírus, o que deixa imunizadas as pessoas que forem infectadas por essas doenças. No geral, o tratamento das arboviroses serve para o alívio dos sintomas de febre, dor e mal-estar e o uso de anti-inflamatórios é contra indicado em casos de suspeita dessas doenças.

Conforme o especialista, o exame de sangue é fundamental para o diagnóstico, mas o tratamento de cada paciente é realizado conforme a evolução, ou não, do quadro de saúde. "No caso da febre amarela e da dengue, os resultados dos exames podem confirmar com maior precisão qual das duas está afetando a pessoa, apesar de que alguns exames para febre amarela ainda apresentem reação cruzada com outras arboviroses. A evolução clínica também ajuda na definição do diagnóstico. Nos casos de dengue, chikungunya e zika, os resultados, às vezes, se confundem e é preciso acompanhar a evolução do paciente ou dos próprios exames que devem ser repetidos ou feitos por técnicas diferentes", aponta o professor.

Prevenção

"Para prevenção dessas doenças o foco principal deve ser o combate ao mosquito transmissor, adotando cuidados ambientais e evitando qualquer empoçamento de água. Também é importante usar repelentes, calças compridas, blusas de mangas compridas e roupas de cores claras porque o mosquito tem preferência por materiais e locais escuros. É preciso ficar atento aos cantos escuros da casa, ralos e sifões das pias e calhas para evitar que o Aedes encontre alojamento e condições para reprodução. Além disso, é fundamental que as pessoas estejam engajadas em cuidar de seus espaços e entornos e que cobrem duramente ações do poder público", salienta Alves Souto.

(com assessoria de imprensa da UFSCar)

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