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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Escassez de água é um fator para migrações e imigrações

Discussão no Fórum Mundial da Água lembra como a crise hídrica afeta milhões de pessoas


postado em 20/03/2018 08:18 / atualizado em 20/03/2018 08:42

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Estudos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) mostram que a escassez de água e as secas recorrentes podem gerar fluxos migratórios em todo o mundo. O estresse hídrico e a redução da produção agrícola estão levando a movimentos populacionais em diversos países, já que as pessoas partem em busca de melhores condições de vida.

Um exemplo é a Somália, com 2,7 milhões de pessoas vivendo em situação de emergência, principalmente deslocados por conflito e comunidades de pequenos agricultores afetadas pela falta de chuvas, segundo informações da agência espanhola EFE.

Em palestra realizada no 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília (DF), representantes de países como Espanha, Nigéria, Portugal e Marrocos relataram como a falta de água impacta nos movimentos migratórios em seus territórios. No norte da África, a busca pela água é um dos principais motivos para esse "fenômeno social".

Os chamados "refugiados do clima" também estão presentes na Nigéria, país que tem sofrido com conflitos internos entre caçadores e agricultores, migração para áreas próximas a florestas e o recrutamento de jovens pelo grupo terrorista Boko Haram.

Para Eduardo Mansur, diretor da Divisão de Terra e Água da FAO, esses movimentos colocam em risco o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030, sendo um deles garantir a alimentação para população global, que nos próximos anos chegará a nove bilhões de pessoas. Ele destaca que os "recursos naturais estão sendo esgotados" e têm sido fruto de uma "competição crescente", em especial na questão da água.

Brasil

No Brasil, a água também é responsável por migrações. O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, lembra a histórica migração de brasileiros de regiões mais secas, especialmente do nordeste, para conseguirem melhor acesso à água em outras áreas do país.

"Culturalmente, vivemos as migrações entre regiões a partir da seca, da escassez hídrica, em algumas regiões do país. Apesar de sermos um país que detém 11% da água doce do planeta, essa divisão não permite democratização da água e faz com que tenhamos necessidade de conviver com migração de brasileiros", afirma o ministro.

Como uma das estratégias para conter esse movimento, Helder Barbalho cita o projeto de transposição do rio São Francisco como "a mais importante da história do nosso país" que, segundo ele, vai permitir o acesso à água a populações de vários estados nordestinos.

(com agências Brasil e EFE e FAO)

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