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Estado de Minas BEM-ESTAR

Estudo espanhol associa ingestão de proteína ao câncer colorretal

Com exceção de quem tem problemas genéticos, dieta proteica pode ajudar pacientes com esse tumor


postado em 14/03/2018 17:50 / atualizado em 14/03/2018 17:50

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Segundo pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer da Espanha, a ingestão de proteína pode ter um papel-chave no tratamento e no combate ao câncer colorretal. Os cientistas identificaram como os níveis da macromolécula no corpo estão ligados ao surgimento do carcinoma em pessoas que fazem parte de grupos de risco – com condições genéticas ou de inflamações intestinais graves, como a Doença de Crohn.

Os resultados do experimento espanhol foram divulgados na revista científica Cell Metabolism e mostram que indivíduos com doenças intestinais inflamatórias podem se beneficiar com uma dieta rica em proteína. Já aqueles com predisposição genética para ter o câncer colorretal devem evitar o consumo excessico de carnes, ovo, soja e outras fontes de proteína.

Para chegar a essas conclusões, os investigadores buscaram entender o funcionamento do sensor de nutrientes e do controlador de proteínas sintéticas no corpo de cobaias que tiveram câncer induzido. "Os resultados foram confirmados em amostras humanas de câncer colorretal e de inflamação intestinal, como a Doença de Crohn e colite ulcerativa", conta Nabil Djouder, um dos autores do estudo.

Há tratamentos contra o câncer que inibem a atividade do sensor e do controlador, mas não funcionam em todos os pacientes. No experimento espanhol, foi possível identificar que inibir a ação desse complexo pode ajudar no combate ao câncer colorretal que tem base genética, especialmente em indivíduos com mutação no gene chamado APC, que representam cerca de 5% dos casos da doença. "Quando há mutações hereditárias no gene APC e o sistema é inibido, é provável que a combinação de ambos os tipos de dano gere uma instabilidade cromossômica tão alta nas células que elas morram e o tumor não progrida", explica Djouder.

Nos casos em que há associação com inflamações no intestino, a estratégia deve ser incentivar a ação do sistema de controle das proteínas. Sem a ação do complexo, ocorre uma resposta inflamatória excessiva. "Isso aumenta a proliferação de células com baixa estabilidade cromossômica, desencadeando a regeneração do tecido danificado e o desenvolvimento do câncer", complementa o pesquisador. "Demonstramos que uma dieta com alto nível de proteína é benéfica em ratos com muita inflamação. Mas, ela pode ser uma espada de dois gumes, já que é prejudicial para pacientes com predisposições genéticas".

Segundo o pesquisador, os mecanismos que ligam a dieta, a inflamação intestinal e o câncer colorretal ainda não são conhecidos. Ainda assim, os resultados apresentados por sua equipe abrem portas para pesquisas sobre formas mais estratégicas de intervenção. "Os nossos resultados podem ter implicações importantes para o uso clínico dos inibidores, bem como para abrir novos caminhos a fim de otimizar e personalizar os tratamentos contra o câncer colorretal", comenta Nabil Djouder.

Outros cuidados

Segundo o nutrólogo Fernando Chueire, da Associação Brasileira de Nutrologia, a dieta com baixo nível de proteína já é recomendada para evitar esse tipo de câncer, uma vez que, em alta quantidade, a macromolécula pode provocar lesões, inflamações e até tumores no intestino grosso. Mas, são outras práticas, segundo ele, que surtem melhores efeitos. "É comprovado cientificamente que o consumo elevado e cotidiano de alguns alimentos, cessar o tabagismo e manter a prática da atividade física pelo menos três vezes por semana são muito eficazes para a prevenção. Até mais recomendados do que controlar a questão da proteína", diz o especialista.

A orientação dos especialistas é consumir fibras, provenientes de frutas, verduras e legumes. "Manter uma dieta balanceada com frutas e verduras é essencial e parte de um estilo de vida saudável, não estamos questionando isso. Fibras são importantes para um intestino saudável", ressalta o pesquisador espanhol.

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