Publicidade

Estado de Minas SAÚDE

Zika vírus pode ajudar a combater câncer no cérebro

Estudo mostra que o causador da zika é capaz de matar células cancerosas


postado em 06/03/2018 14:52 / atualizado em 06/03/2018 14:59

Estudo realizado na Unicamp descobriu que o zika vírus pode ser usado para tratar o glioblastoma, um tipo maligno de câncer no cérebro que afeta adultos(foto: Pixabay)
Estudo realizado na Unicamp descobriu que o zika vírus pode ser usado para tratar o glioblastoma, um tipo maligno de câncer no cérebro que afeta adultos (foto: Pixabay)
Apesar de ser uma das temidas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, a zika pode ser uma aliada no tratamento de um tipo de câncer. O vírus causador dessa moléstia,q uando infecta mulheres grávidas, causa microcefalia em bebês, por atacar as células que darão origem ao córtex cerebral do feto. Justamente esta ação do micro-organismo é que está sendo assicada ao combate do glioblastoma – tipo mais comum e agressivo de tumor cerebral maligno em adultos.

A descoberta desse tratamento "alternativo" foi feita por pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e publicada no publicado no periódico científico Journal of Mass Spectrometry.

"O zika vírus, que se tornou uma ameaça à saúde nas Américas, poderia ser modificado geneticamente para destruir células de glioblastoma", comenta Rodrigo Ramos Catharino, professor da Unicamp e um dos autores do estudo.

Pesquisas anteriores, realizadas recentemente no Brasil e no exterior, já tinham observado que as células progenitoras neurais humanas (que darão origem ao cérebro) infectadas pelo vírus da zika apresentam taxas aumentadas de mortalidade e levam ao comprometimento do crescimento adequado do crânio. As alterações nessas células podem ser uma possível causa de microcefalia em bebês, cujas mães foram infectadas pelo zika.

Com base nessas observações, os pesquisadores da Unicamp decidiram analisar o que o zika vírus causaria ao infectar células de glioblastoma. Para isso, induziram a infecção de células humanas de gliobastoma maligno com o zika e avaliaram o que aconteceu nas 24 horas e nas 48 horas seguintes, para registrar eventuais alterações metabólicas provocadas pela inoculação do vírus.

Os resultados das análises indicaram que as células de glioblastoma apresentaram efeitos citopáticos (danos causados pelo vírus) leves nas 24 horas após a infecção, como células redondas e inchadas. Os danos foram ainda mais severos após 48 horas da inoculação do micro-organismo. Neste caso, os cientistas notaram uma maior quantidade de células redondas e inchadas e a perda pronunciada da integridade celular, que é um prenúncio da morte da célula.

"Observamos mais nitidamente os efeitos citopáticos da infecção das células de glioblastoma com zika após 48 horas. Nesse tempo, a morfologia delas foi alterada quase que totalmente", diz Rodrigo Catharino.

Com base nessas constatações, os pesquisadores da Unicamp sugerem que o zika possa ser geneticamente modificado com o intuito de eliminar as células cancerosas. "O uso de vírus oncolíticos [modificados geneticamente para destruir células tumorais] está bastante avançado, principalmente para o tratamento de câncer de pele e mieloma [tumior na medula]. O zika pode ser um candidato para o tratamento de glioblastoma", afirma o pesquisador paulista.

(com Agência Fapesp)

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade