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Estado de Minas SAÚDE

Muitos brasileiros desconhecem o câncer de fígado

O chamado carcinoma hepatocelular é difícil de curar em estágios mais avançados


postado em 10/04/2018 09:58 / atualizado em 10/04/2018 10:22

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Segundo dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, o carcinoma hepatocelular, popularmente conhecido como câncer de fígado, é o terceiro que mais mata no mundo, contabilizando cerca de 700 mil mortes ao ano, sendo que, no Brasil, foram registrados 44 mil óbitos entre 2011 e 2015. Mesmo com uma taxa de mortalidade tão elevada, a doença ainda é pouco conhecida pelo brasileiro. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Oncoguia, a pedido da Bayer mostra que, apesar de 53% dos entrevistados afirmarem ter conhecimento sobre esse tumor, 61% deles não sabem quais são os principais sintomas e 59% desconhecem os fatores de risco.

O diagnóstico do câncer de fígado é dúvida para metade dos entrevistados, que disse não saber como é realizado – somente 20% deles acertaram, dizendo que os exames de imagem são o principal meio para descobrir as lesões no órgão. Pelo menos um a cada três entrevistados conhece alguém com a doença, mas 44% não sabem sobre a existência de tratamentos disponíveis.

"Estes dados nos mostram que a população precisa ter mais acesso à informação sobre o que é o câncer de fígado, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento. Vemos que a maioria dos tumores é descoberta depois do avanço da doença e isso tem impacto direto no uso das terapias e na sobrevida dos pacientes", comenta Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.

O oncologista Roberto de Almeida Gil, do Instituto Nacional de Câncer (Inca) lembra que "existem opções de tratamento para os diferentes estágios da doença, mas, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, será possível chegar a procedimentos potencialmente curativos ou a procedimentos que auxiliam na regressão do tumor". Para os casos mais avançados, o especialista ressalta que podem ser usados quimioembolização, quimioterapias e tratamentos paliativos.

O fígado é um dos maiores órgãos internos do corpo humano, composto por vários tipos de células, principalmente hepatócitos, que podem formar variados tumores malignos e benignos. Segundo o hepatologista Flair Jose Carrilho, do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP, o carcinoma hepatocelular é a forma mais comum de câncer de fígado primário e é responsável por aproximadamente 3/4 dos casos. "Alguns começam como um único tumor que se espalha para outras partes do fígado, enquanto outros começam como vários pequenos nódulos cancerígenos em todo o órgão. Este tipo é frequentemente visto em pessoas com cirrose. Em todos os tipos de tumores malignos do fígado, a doença pode sair do órgão e se espalhar para outros locais, o que chamamos de metástase", esclarece o especialista.

O carcinoma hepatocelular é um tipo de tumor originado nas células do fígado, devido à multiplicação excessiva na tentativa de reparar lesões no órgão. Esse mecanismo aumenta a probabilidade de erro durante a multiplicação celular e pode levar ao surgimento do tumor. Este tipo de câncer é extremamente agressivo, porém, silencioso, sendo frequentemente diagnosticado em estágios mais avançados, quando os sintomas começam a surgir. Nesta fase, são poucos os tratamentos disponíveis e as taxas de mortalidade são elevadas.

O principal fator de risco para o desenvolvimento desse câncer é a agressão crônica às células hepáticas. Na maioria dos casos, está associada à cirrose, que pode ser causada por infeções pelos vírus das hepatites B e C, pelo álcool e pro certos medicamentos. Além desses fatores, há a exposição a aflatoxinas, que são toxinas produzidas por fungos presentes em grãos e cereais mal armazenados, além de condições genéticas como hepatites autoimunes e hemocromatose hereditária.

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