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Estado de Minas ECONOMIA

Restrição da exportação de frango para a Europa pode beneficiar mercado interno

Muitas localidades brasileiras deverão perceber a queda no preço da carne de frango


postado em 20/04/2018 13:53 / atualizado em 20/04/2018 14:09

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
O embargo da União Europeia ao frango brasileiro poderá tornar o produto mais barato no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A expectativa é que a ave que seria exportada para a Europa seja comercializada no mercado interno, aumentando a oferta e fazendo com que o preço caia, sobretudo nos locais onde estão as unidades de produção proibidas de vender para o bloco europeu.

"A gente deverá ter um impacto negativo no mercado interno por força de um excesso de oferta, em um primeiro momento. Mas, é importante que se diga que essa oferta não será muito grande porque o Brasil já vinha diminuindo as vendas para a Europa em um processo gradativo por conta dos critérios equivocadamente usados pelo bloco", diz Ricardo Santin, vice-presidente de Mercado da ABPA.

A União Europeia anunciou na quinta-feira, dia 18 de abril, que vai descredenciar 20 plantas exportadoras da lista de empresas brasileiras autorizadas a vender carne de frango e outros produtos para os países que compõem o bloco econômico formado por 28 países. Ao todo, unidades de nove empresas serão afetadas, de acordo com a ABPA. A lista oficial ainda não foi divulgada e, segundo a associação, o relatório da decisão deve vir a público em 15 dias.

Além de uma maior oferta no mercado interno, a decisão, segundo Santin, deverá gerar demissões e afetar o trabalhador. "Vai haver uma adequação das empresas que não vão produzir se não tiverem mercado", comenta.

O presidente da ABPA ressalta que, atualmente, os trabalhadores de quatro plantas, sendo três da BRF – dona da Sadia e Perdigão – e uma da Aurora, estão de férias coletivas. "São cinco mil trabalhadores que não estão trabalhando", revela Ricardo Santin.

Entenda

A decisão da União Europeia ocorreu após a terceira etapa da operação Carne Fraca, deflagrada em 2017, pela Polícia Federal (PF) para investigar denúncias de fraudes cometidas por fiscais agropecuários federais e empresários. A chamada operação Trapaça, deflagrada no dia 5 de março, teve como alvo a BRF. O grupo é investigado por fraudar resultados de análises laboratoriais relacionados à contaminação pela bactéria Salmonella pullorum. Em nota, o grupo negou risco à saúde para população.

Ainda não há confirmação oficial, mas segundo o ministro Blairo Maggi, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a BRF deverá ser a empresa mais impactada com a decisão do bloco europeu, já que as nove plantas autorizadas para exportar para a Europa estão incluídas na suspensão.

Maggi reclama que a decisão europeia é apenas comercial e que irá acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC). A data para que isso ocorra ainda não está definida. O assunto já foi, segundo a pasta, levado ao presidente Michel Temer, e os estudos para a solicitação do painel junto a organização estão em andamento.

Ricardo Santin, da ABPA, ressalta que a carne de frango não oferece riscos à saúde e que os brasileiros podem comprá-la sem preocupação. "O frango é a carne mais consumida no Brasil e a mais barata. Não há nenhum risco nesse caso, trata-se de um problema comercial".

Ele explica que as salmonellas presentes na carne "são aquelas que morrem com cozimento, em temperatura acima de 70º C. A água ferve a 100º C, ou seja, qualquer processo de cozimento já inativa a bactéria. Ela [a bactéria] está presente em todo o mundo".

(com Agência Brasil)

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