Depois que a notícia dos supostos benefícios do uso de bonecas sexuais robóticas (sexbots) se espalhou em todo o mundo, um grupo de pesquisadores ingleses decidiu avaliar se são verídicas as alegações de que o objeto poderia ajudar a tratar impotência; reduzir a disseminação de doenças; e impedir comportamentos sexuais violentos.
Publicado no periódico científico BMJ Sexual & Reproductive Health, na segunda, dia 4 de junho, o estudo foi liderado por Susan Bewley, professora do Kings College de Londres, na Inglaterra. Ela analisou as implicações para a saúde dos sexbots, que movimentam nada menos que US$ 30 bilhões por ano (cerca de R$ 114 bilhões).
Segundo o artigo recém publicado, empresas como True Companion e Realbotix.com vendem as bonecas robóticas para adultos por preços que variam de US$ 5 mil (R$ 19 mil) a US$ 15 mil (R$ 57 mil). Foram avaliados apenas os produtos destinados ao público masculino, que dominam o mercado – vale dizer que em 2019 será lançado o boneco que simula um homem.
Os defensores dos robôs eróticos afirmam que eles oferecem um método seguro e terapêutico para homens que encontram dificuldades em ter um relacionamento sexual com um parceiro humano. Alguns sugerem até que crimes sexuais poderiam ser reduzidos pelo uso desse objeto.
Porém, a pesquisa liderada por Susan Bewley não encontrou evidências empíricas que confirmem as alegações. A cientista diz que não se deve sugerir que os robôs ajudarão a reduzir o comportamento sexual inadequado e violento. A conclusão é de que os sexbots só poderiam dessensibilizar algumas pessoas que tenham tendência à exploração sexual de seres humanos reais. "Enquanto muitos usuários de sexbots podem distinguir entre fato e fantasia, alguns compradores podem não entender, levando ao risco de ocorrer o aumento da tendência à agressão sexual e ao estupro de crianças e adultos reais", informa o artigo publicado no BMJ.
Os pesquisadores também entrevistaram especialistas sobre o potencial dos robôs sexuais no "tratamento" de pedófilos e criminosos sexuais, observando que um fabricante já produziu bonecas sexuais infantis. O documento concluiu que, com a falta de qualquer evidência real, seria "muito arriscado" para os profissionais da Medicina prescrever as bonecas eróticas como uma forma de "tratamento".
Vale lembrar que em abril deste ano a Amazon retirou de seu portfólio de produtos algumas bonecas sexuais infantis, depois de temer que elas pudessem levar ao abuso de crianças reais.
O estudo inglês também refutou as alegações de que objetos sexuais robóticos poderiam supostamente beneficiar relacionamentos. Conforme os cientistas, a falta de intimidade poderia piorar problemas do usuário, incluindo a disfunção erétil.
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INTERNACIONAL
Estudo refuta ideia de que bonecas sexuais robóticas seriam 'benéficas'
Elas não tratam problemas como agressividade sexual ou disfunção erétil
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