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Estado de Minas BRASIL

Uso de remédios à base de opioides cresceu mais de 500% no Brasil

Entre 2009 e 2015, só a venda de medicamentos à base de codeína subiu 560%


postado em 12/06/2018 16:49 / atualizado em 12/06/2018 16:53

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado no periódico científico American Journal of Public Health em abril de 2018, mostra que cresceram de forma vertiginosa as vendas de medicamentos opiáceos, adquiridos com prescrição médica, no período de 2009 a 2015 no Brasil. Utilizados em especial para combater dores crônicas e debilitantes de pacientes com câncer ou lúpus, os opiáceos (ou opioides), também são encontrados diluídos na formulação química de medicamentos como os analgésicos, anestésicos e até em xaropes para controlar a tosse, podendo ser usados para tratar problemas como dores de coluna, enxaqueca e dores nas articulações. O uso constante pode levar à dependência e o abuso desse tipo de droga pode até matar.

Segundo os dados da Agência Nacional de Saúde (Anvisa), expostos no artigo científico brasileiro, o número de prescrições médicas de opiáceos vendidos nas farmácias em 2009 foi de 1.601.043 e em 2015, passou para  9.045.945, em números absolutos, representando um salto de 565%. O estudo, realizado pelo pesquisador Francisco Inácio Bastos, da Fiocruz, mostra ainda que os produtos à base de codeína, usados em casos de dores moderadas, pularam de 1.584.372 prescrições para 8.872.501 de produtos vendidos com receitas médicas, no mesmo período.

"É apenas uma fração do problema, que o governo consegue capturar. Nos surpreendemos também com o crescimento no uso de opiáceos e opióides sem prescrição entre os jovens", comenta o especialista, em evento do Instituto Igarapé, no dia 6 de junho, no Rio de Janeiro (RJ).

Para Ilona Szabó, diretora executiva do Instituto Igarapé, estamos caminhando para ter o mesmo uso abusivo de medicamentos que existe nos Estados Unidos. "É o maior índice de mortes por overdose. Aqui não estamos acompanhando essa epidemia. Precisamos exigir melhores dados e transparência para poder fazer prevenção focalizada", diz a ativista.

Em entrevista para jornal carioca O Globo, Francisco Bastos afirma que é necessário acompanhar o uso dos opiáceos e opióides que são vendidos pela internet e sem prescrição médica. "Não acho que vá ser um problema a curto prazo, mas temos que ficar alertas em relação à prescrição, ela tem que ser criteriosa. Além disso, é preciso ficar atento em relação à comercialização ilegal na internet", comenta o pesquisador da Fiocruz. para ele, há falhas no sistema de saúde: "Há uma dificuldade em fazer o 'desmame' do medicamento em pessoas que passaram por uma hospitalização e receberam alta. A retirada mal conduzida do medicamento acaba gerando dependência".

(com Agência Fiocruz e Instituto Igarapé)

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