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Estado de Minas CIÊNCIA

Brasil está perto de criar remédio para malária

Cientistas da USP descobriram uma substância capaz de matar o parasita causador da doença


postado em 11/07/2018 17:36 / atualizado em 11/07/2018 17:34

(foto: Scientistsagainstmalaria.net/Reprodução)
(foto: Scientistsagainstmalaria.net/Reprodução)
Um estudo brasileiro com uma nova molécula sintetizada pode fazer com que seja desenvolvido em alguns anos um novo medicamento contra a malária no país. Embora o  medicamento ainda não tenha sido produzido, os resultados da pesquisa, até o momento, estão sendo positivos. "Tem um grande potencial para, quem sabe, no futuro, termos um novo medicamento para a malária", comenta o professor Rafael Victorio Carvalho Guido, do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista à Agência Brasil.

Os testes mostram que a molécula é capaz de matar o parasita, e até mesmo a cepa, que vem sendo resistente aos medicamentos atuais usados no tratamento contra a malária. A substância é derivada da classe das marinoquinolinas e tem apresentado seletividade e baixa toxicidade, atuando no parasita [o protozoário causador da malária] e não em outras células do hospedeiro.

"Precisamos de uma molécula que seja potente para matar o parasita e para poder ser um candidato. E conseguimos, finalmente, uma molécula que fosse bastante potente, de baixa concentração, ou seja, uma pequena quantidade dela que fosse capaz de matar o parasita. E, mais importante do que isso, a gente conseguiu fazer com que a molécula fosse seletiva, que matasse o parasita sem matar células ou serem tóxicas para células humanas", diz Rafael Guido.

Durante o estudo, os pesquisadores começaram a observar que, além disso, essa molécula também tinha outra vantagem: ela agia em mais de uma forma do parasita. "Conseguimos ver que essa molécula não só matava essa forma [de parasita] que estava no sangue, como matava também a forma que estava no fígado", afirma o professor.

A molécula tem conseguido, ainda, matar cepas resistentes aos principais medicamentos. Atualmente, o medicamento mais usado no tratamento da malária é a artemisina, que, embora seja eficaz, já está com os anos contados. "Embora a gente tenha tratamento para essa doença, e ele é eficaz, já temos começado a observar o surgimento de cepas resistentes a esse medicamento", explica Guido.

Foi então que os pesquisadores descobriram outra vantagem da molécula. "Conseguimos ver que a malária, por ser um parasita que já está aqui há bastante tempo, consegue gerar resistência aos medicamentos atualmente em uso. Por isso, precisamos de novos tratamentos. Então, testamos contra cepas resistentes do parasita, aquelas que não são mais sensíveis ao medicamento. E conseguimos mostrar que essa molécula também conseguia matar esses parasitas resistentes".

A malária

A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Segundo o Ministério da Saúde, qualquer pessoa pode contrair malária, mas a cura é possível se a doença for tratada em tempo oportuno e de forma adequada. Contudo, a malária pode evoluir para forma grave e para óbito.

Os sintomas geralmente associados à malária são febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. Muitas pessoas sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.

(com Agência Brasil)

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