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Estado de Minas BEM-ESTAR

Endometriose está ligada a transtornos como ansiedade e depressão

Doença afeta as mulheres de tal forma que leva ao aparecimento de problemas psicológicos


postado em 12/07/2018 15:45 / atualizado em 12/07/2018 16:05

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
De acordo com pesquisa feita pelo Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose e Infertilidade (Gapendi) com três mil mulheres diagnosticadas com endometriose mostra que 50% delas também eram vítimas do transtorno da ansiedade. Outras 34% receberam o diagnóstico de depressão.

O levantamento vai ao encontro de diversos estudos internacionais que revelam que a endometriose pode levar ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão, por exemplo. Segundo o ginecologista Edvaldo Cavalcante, responsável pelo estudo do Gapendi, a cronicidade da endometriose é o principal fator de risco para os transtornos mentais, juntamente com a dor pélvica crônica e a infertilidade.

"Uma doença crônica, como a endometriose requer diversos cuidados com a saúde e causa preocupações que podem elevar o nível do estresse. A tensão já começa na busca pelo diagnóstico, que pode levar em média oito anos aqui no Brasil, de acordo com nossa pesquisa, sendo a média mundial de sete anos. Passar por vários médicos pode ser desgastante, principalmente quando as queixas são desvalorizadas e há dificuldade em confirmar as suspeitas", comenta o especialista.

Justamento o diagnóstico correto acaba sendo o momento mais delicado do problema que afeta o endométrio (membrana que reveste o útero), pois pode aumentar o estresse e a ansiedade. "Ao receber a notícia, a mulher se dá conta que tem uma doença incurável, que pode afetar diversos aspectos da vida, como trabalho, estudos, convívio social, relacionamento e, para algumas, o sonho de ser mãe, por exemplo", diz Marília Gabriela, coordenadora do Gapendi.

"A notícia deve ser dada com muito zelo por parte do médico e é interessante que a mulher seja aconselhada a procurar ajuda psicoterápica para lidar com o impacto inicial do diagnóstico", completa o médico. Entretanto, isso não é uma realidade no Brasil. A pesquisa do Gapendi mostra que apenas 24% das entrevistadas foram orientadas a procurar um psicólogo ou terapeuta e só 13% seguiram a recomendação.

A boa notícia é que o levantamento também descobriu que nem todas as mulheres com endometriose são suscetíveis ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos por conta da doença. Existem fatores protetores e de risco envolvidos na ansiedade e na depressão. "Há mulheres com histórico familiar destas doenças ou que já tinham o diagnóstico anterior ao da endometriose. Mulheres com histórico prévio de baixa autoestima e problemas com a imagem corporal também podem ter um risco maior quando o assunto é ansiedade", afirma Edvaldo Cavalcante.

De todos os impactos da endometriose na saúde mental, segundo o estudo, a relação com a dor pélvica crônica é a mais importante. "Segundo a nossa pesquisa, 91% das brasileiras com endometriose sentem dor em algum momento, sendo que 34% delas sofrem durante 15 dias no mês, entre a ovulação e a menstruação. Certamente, conviver com a dor de forma crônica é o aspecto mais difícil de lidar na endometriose", comenta Marília Gabriela.

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