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Estado de Minas SAÚDE

Pesquisadores investigam as causas das alergias alimentares em crianças

Problema pode estar ligado aos produtos que entram em contato com a pele dos bebês


postado em 11/07/2018 14:50 / atualizado em 11/07/2018 15:28

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
As alergias a alimentos originadas na infância ainda são um "mistério" para médicos e cientistas. Acomete de 3% a 8% das crianças com menos de 3 anos de idade, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), e não possuem cura ou tratamento definitivo, já que vários fatores podem estar envolvidos, dos hereditários ao potencial alérgico de alguns produtos.

Agora, pesquisadores americanos podem ter descoberto os mecanismos que geram a "combinação perfeita" para o surgimento da alergia. Conforme a pesquisa, publicada no periódico científico Journal of Allergy e Clinical Immunology, são quatro fatores envolvidos: genética que altera a absorção da pele; uso recorrente de lenços umedecidos; exposição da pele a alérgenos presentes na poeira; e vestígios de alimentos em quem manipula os pequenos.

"Essa é uma receita para o desenvolvimento de alergia alimentar. É um grande avanço em nossa compreensão de como essa alergia começa desde cedo em nossa vida", comenta a professora Joan Cook-Mills, da Escola de Medicina Feinberg, da Universidade de Northwestern, em Illinois, nos Estados Unidos, principal autora do estudo, em comunicado enviado à imprensa.

Para chegar a essa lista, a equipe americana usou evidências clínicas sobre alergia alimentar em humanos. Há pesquisas mostrando que até 35% das crianças com alergias causadas por alimentos têm dermatite atópica e que a maioria dos casos ocorre devido a três mutações genéticas que reduzem a barreira de proteção da pele. Por isso, pesquisadores mudaram geneticamente cobaias para terem as mutações e serem expostas a alérgenos alimentares.

Segundo Cook-Mills, os bebês têm mais contato com elementos causadores de alergias na poeira de casa. Por terem a alimentação muito restrita nessa fase da vida, as alergias não estariam nos alimentos, mas sim, nos produtos que entram em contato com a pele. "Por exemplo, um irmão que come pão com manteiga de amendoim e beija o bebê no rosto, ou um pai preparando comida com amendoim e, logo em seguida, vai lidar com o bebê",  diz a cientista.

No experimento, os camundongos tiveram a pele exposta, de três a quatro vezes, a alérgenos alimentares e poeira. Cada contato durou 40 minutos e foi repetido ao longo de duas semanas. As cobaias também foram alimentadas com ovo ou amendoim. Como resultado, apresentaram reações alérgicas no local da exposição da pele, no intestino e reação grave de anafilaxia, medida pela diminuição da temperatura corporal.

Sabão

Estudos sobre a limpeza da pele também inspiraram a equipe, principalmente em relação ao o efeito do sabão sobre os frágeis bebês. "A camada superior da pele é feita de lipídios [gorduras], e o sabão nos lenços umedecidos que geralmente são usados em recém-nascidos perturba essa barreira", explica Joan Cook-Mills. Os camundongos foram expostos ao lauril sulfato de sódio, um saponáceo presente em lenços de limpeza infantis, e apresentaram reações alérgicas. Segundo os cientistas, a substância testada também está presente em cosméticos e produtos de higiene pessoal, como removedores de maquiagem, sais de banho e pastas de dente.

A equipe dará continuidade ao trabalho, com novos estudos em animais. "O objetivo é determinar sinais únicos na pele que ocorrem durante o desenvolvimento da alergia alimentar. Isso levará a abordagens para impedir com segurança o desenvolvimento de alergia alimentar", diz a pesquisadora americana.

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