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Estado de Minas CIÊNCIA

Câncer não era tão comum no Antigo Egito

Cientistas detectaram a doença em poucos esqueletos dessa época


postado em 02/08/2018 10:52 / atualizado em 02/08/2018 11:09

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Um estudo curioso publicado no periódico científico International Journal Of Paleopathology mostra que o câncer não era muito comum no Antigo Egito. Arqueólogos analisaram 1.087 esqueletos enterrados entre 1,5 mil e três mil anos atrás na região de Dakhleh, no Egito. Apenas seis desses restos mortais tinham algum tipo de tumor. A informação foi divulgada pelo site de notícias científicas LiveScience.

Os pesquisadores foram capazes de determinar os cânceres de cada egípcio antigo. Alguns deles foram vítimas de tumores ligados ao HPV; duas jovens mulheres provavelmente desenvolveram câncer do colo do útero; e um jovem sofreu de câncer no testículo. Como lembram os cientistas, esses tipos da doença, geralmente, surgem de forma mais drástica em jovens adultos. No esqueleto de uma idosa foi identificado câncer de ovário, de mama e colorretal. Havia também um homem mais velho que tinha câncer retal, com o tumor preservado. Por sua vez, o esqueleto de uma criança provavelmente apresentava leucemia aguda.

Vale lembrar que não havia tratamento efetivo para os tumores no Antigo Egito. "Eles sabiam que algo desagradável estava acontecendo. Não temos indicação de tratamentos específicos para o câncer porque eles não entendiam [o que era câncer]", comenta o antropólogo El Molto, um dos autores do estudo, em entrevista ao LiveScience.

Apesar dos resultados, os pesquisadores alertam que o estudo foi baseado nos traços de câncer presentes em ossos, sendo que, o mais correto, seria conseguir evidências da doença em tecidos moles. Porém, este tipo de material orgânico, geralmente, não sobrevive a mais de um milênio.

Além disso, os cientistas fazem questão de lembrar que a prevalência de cancro no Antigo Egito, embora parece pequena – seis casos em 1.087 esqueletos analisados –, a expectativa de vida durante esse período era muito baixa. Apenas 7,7% dos egípcios viviam mais de 60 anos. E é justamente no decorrer da fase adulta que a doença tende a atacar de forma mais severa.

Atualmente, de acordo com o LiveScience, são registrados cerca de 500 casos de tumores para cada grupo de mil habitantes. Isso significa que as pessoas que viviam no Antigo Egito tinham até 100 vezes menos chances de adquirir a doença do que as que vivem hoje.

"Em nossa opinião, é duvidoso que, mesmo que os antigos egípcios tivessem a mesma expectativa de vida que as sociedades ocidentais modernas, a taxa de câncer teria sido equivalente. A carga carcinogênica em seus ambientes teria sido consideravelmente menos cancerígena do que a das sociedades ocidentais modernas", afirmam os cientistas no artigo recentemente publicado.

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