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Estado de Minas INTERNACIONAL

Exumação da ossada de Francisco Franco divide opiniões na Espanha

Ex-ditador morreu em 1975 e foi enterrado num gigantesco mausoléu aberto à visitação


postado em 27/08/2018 13:25 / atualizado em 27/08/2018 13:47

O complexo monumental do Vale dos Caídos, na Espanha, é marcado por uma enorme cruz, possui uma basílica e o mausoléu do ex-ditador Francisco Franco(foto: Umbrasileironaespanha.wordpress.com/Reprodução)
O complexo monumental do Vale dos Caídos, na Espanha, é marcado por uma enorme cruz, possui uma basílica e o mausoléu do ex-ditador Francisco Franco (foto: Umbrasileironaespanha.wordpress.com/Reprodução)
Depois de mais de 40 anos de sua morte, o ex-ditador Francisco Franco retorna ao centro do debate político e social na Espanha. O governo espanhol iniciou um processo jurídico que pretende promover, até o fim do ano, a exumação dos restos mortais do general fascista – que comandou o país de 1939 a 1975, quando morreu.

A polêmica medida ainda depende de aprovação do Congresso do país.

Franco foi enterrado no Vale dos Caídos, um complexo monumental a 50 km da cidade de Madri, capital da Espanha. O local é marcado por uma enorme cruz, além de uma basílica e um mausoléu que foi aberto ao público em 1959. O Vale dos Caídos, construído entre 1940 e 1958 por presos republicanos que faziam trabalhos forçados, foi alvo de polêmica após a morte do ditador, mas não houve acordo no debate sobre o que deve ser feito com ele.

A exumação faz parte de uma ação promovida pelo primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez. Organizações não governamentais acreditam que uma maneira de responder às vítimas da ditadura fascista conhecida como "franquismo" seria retirando os restos mortais do antigo general de um local que é considerado um monumento.

O decreto que modifica a Lei de Memória Histórica de 2007, que pretende evitar eventuais recursos que impeçam a exumação, foi alvo de fortes críticas por parte dos partidos mais conservadores.

O decreto-lei precisa ser revalidado pelo Congresso, onde o governo espera aprová-lo. Em 11 de maio de 2017, os congressistas espanhóis ratificaram uma resolução que solicitava ao poder executivo – na época sob comando do conservador Mariano Rajoy – exumar os restos mortais de Francisco Franco, com 198 votos a favor e sem nenhum contrário.
De acordo com as organizações espanholas que apoiam a exumação dos restos mortais de Franco, a ideia é não associar o ditador a um monumento de acesso público(foto: Umbrasileironaespanha.wordpress.com/Reprodução)
De acordo com as organizações espanholas que apoiam a exumação dos restos mortais de Franco, a ideia é não associar o ditador a um monumento de acesso público (foto: Umbrasileironaespanha.wordpress.com/Reprodução)

Resistência

A família do ex-ditador já fez duras críticas à maneira escolhida pelo governo para realizar a exumação, pois alega que o processo passa "por cima da legalidade". A Fundação Nacional Francisco Franco também reagiu à iniciativa, classificando-a como "inconstitucional e uma fraude", conforme entrevista à agência espanhola de notícias EFE.

Pablo Casado, presidente do Partido Popular, de base conservadora, criticou a "irresponsabilidade" do governo porque, segundo ele disse à EFE, "reabre feridas superadas" na Espanha para "esconder sua incapacidade para governar".

Para Albert Rivera, líder do Ciudadanos, a prioridade do governo socialista "não pode ser a ossada de Franco", já que existem debates nacionais "mais importantes" como o avanço do independentismo na região autônoma da Catalunha.

Ruas

O debate sobre a exumação dos restos mortais do do líder do "franquismo" também chegou às ruas. Desde que a remoção das ossadas se transformou em uma possibilidade real, as visitas ao mausoléu aumentaram. Em julho, o número de visitas cresceu quase 50% em comparação com o mesmo mês de 2017.

Centena de militares da reserva e aposentados também aderiram à polêmica e publicaram um manifesto exaltando a figura militar de Franco, de acordo com a agência de notícias.

Vale lembrar que a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e a ditadura de Francisco Franco são temas constantes de controvérsias na Espanha mesmo depois de 40 anos de regime monárquico democrático.

As manifestações favoráveis e contrárias ao ditador e sua projeção política por diversos grupos vão desde as reivindicações para que sejam encontrados os restos mortais de milhares de desaparecidos durante a ditadura a polêmicas sobre a manutenção de símbolos do regime militar que ainda persistem no país.

(com Agência Brasil e Agência EFE)

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