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Estado de Minas BEM-ESTAR

Estudo comprova ação do aminoácido beta-alanina no corpo

Substância é muito consumida por quem faz musculação


postado em 11/09/2018 09:45 / atualizado em 11/09/2018 09:55

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Quem faz musculação regularmente deve conhecer o suplemento de aminoácido beta-alanina, que, supostamente, ajuda a melhorar a performance em exercícios de alta intensidade. O efeito seria decorrente do aumento das concentrações de carnosina, uma molécula que favorece a atividade das células musculares por meio de diferentes mecanismos. Entre eles está um processo chamado detoxificação de aldeídos reativos, que são compostos envolvidos na progressão de algumas doenças, segundo estudo realizado pelo Instituto de Química da USP e publicado na revista científica Redox Biology.

No trabalho foram utilizadas amostras de tecido muscular de ciclistas suplementados com beta-alanina após prática de exercício intenso. Nessas amostras, os pesquisadores detectaram a interação entre a carnosina e diferentes tipos de aldeídos reativos. "Nossos resultados revelam um dos papeis fisiológicos da carnosina muscular, especialmente durante o exercício intermitente de alta intensidade, e pode explicar seus efeitos ergogênicos [que aumentam a capacidade para o trabalho corporal] e terapêuticos. A importância desse trabalho é o fato de mostrar mecanismos específicos da detoxificação de aldeídos reativos em amostras de tecido humano", afirma a professora Marisa Medeiros, líder da pesquisa, em entrevista para o Jornal da USP.

Conforme o estudo, a prática de exercício físico provoca aumento do chamado estresse oxidativo, isto é, um incremento de moléculas que podem reagir com DNA e proteínas, danificando o organismo. Dentre essas moléculas temos os aldeídos reativos, muitos dos quais têm propriedades passíveis de causar mutações e câncer. Portanto, reduzir a concentração de aldeídos é essencial para a função celular normal.

Para lidar com essas moléculas tóxicas, os organismos vivos desenvolveram mecanismos de defesa e de detoxificação. Um deles é a carnosina, que interage com alguns aldeídos para formar compostos menos reativos e mais facéis de eliminar pelo organismo, que recebem o nome de adutos.

A carnosina é encontrada em vários tecidos, sendo que nos músculos esqueléticos e no cérebro está presente em altas concentrações. Além da ingestão de carnes na alimentação, a forma mais efetiva de aumentar os níveis de carnosina nos tecidos é a suplementação com o aminoácido beta-alanina, um dos seus precursores.

Para Marisa Medeiros, a capacidade de sequestrar aldeídos é uma hipótese provável para explicar muitos dos efeitos atribuídos à carnosina. E, para testar essa hipótese, seu grupo desenvolveu uma metodologia ultrassensível e altamente específica, capaz de quantificar em tecidos humanos e fluidos biológicos a carnosina e moléculas associadas.

"Embora a carnosina seja conhecida dos cientistas há muito tempo, para desvendar os mecanismos pelos quais ela atua e conhecer seus alvos biológicos são necessárias técnicas que permitam mensurar o que está acontecendo nos tecidos", diz a pesquisadora ao Jornal da USP.

A cientista explica que o próximo passo será estudar os efeitos da suplementação com beta-alanina em grupo de pessoas da terceira idade. "Com o envelhecimento da população, é importante termos recursos que contribuam para a melhora da força muscular de idosos. Além disso, a carnosina também pode ser eficaz para combater a dor crônica, associada ao acúmulo de aldeídos", comenta Medeiros.

(com Jornal da USP)

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