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Estado de Minas BEM-ESTAR

Filtro verde é um aliado contra a dislexia

Isso foi comprovado por um estudo franco-brasileiro


postado em 12/09/2018 08:48 / atualizado em 12/09/2018 09:09

(foto: Totaltracklighting.com/Reprodução)
(foto: Totaltracklighting.com/Reprodução)
Um estudo realizado por brasileiros e franceses comprova que o uso de filtro verde ajuda a melhorar a velocidade de leitura de crianças com dislexia. Esse filtro colorido, no formato de lente, foram patenteados em 1983 e já eram indicados não só esse transtorno, como para portadores de autismo e déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). A pesquisa franco-brasileira foi publicada na revista científica Research in Developmental Disabilities.

Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno afeta a aprendizagem e tem origem neurobiológica, sendo caracterizado pela dificuldade no reconhecimento preciso e ou fluente das palavras, na habilidade de decodificação e na soletração. Entre os sinais apresentados pela criança no período pré-escolar estão a dispersão; o fraco desenvolvimento da atenção; atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem; dificuldade de aprender rimas e canções; fraco desenvolvimento da coordenação motora; dificuldade com quebra-cabeças; falta de interesse por livros impressos.

Já na idade escolar, a criança pode apresentar dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita; pobre conhecimento de rima e aliteração; desatenção e dispersão; dificuldade em copiar de livros e da lousa (quadro-negro); dificuldade na coordenação motora fina e ou grossa; desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences; confusão para nomear entre esquerda e direita; dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.; vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas.

Segundo a pesquisadora Milena Razuk, uma das autoras do estudo, os filtros verdes não são muito utilizados no Brasil devido à falta de pesquisas, mesmo que o material seja adotado na França. "No entanto, os estudos feitos sobre sua eficácia tinham deficiências metodológicas. Pela primeira vez foi usada uma metodologia bastante rigorosa", comenta a cientista em entrevista para a Agência Fapesp.

Para fazer a análise foram selecionadas 18 crianças com dislexia e outras 18 sem a condição, todas atendidas no hospital Robert Debret, em Paris, na França. Para o experimento, os pesquisadores escolheram os filtros amarelo e verde. As 36 crianças tiveram que ler trechos de livros infantis indicados para sua faixa etária, projetados em uma tela. Diferentes trechos eram lidos sem filtro, com o amarelo e com o verde.

Um aparelho colocado na cabeça dos pequenos media os movimentos dos olhos, detectava onde o voluntário estava fixando o olhar e por quanto tempo. "A criança com dislexia precisa fixar mais tempo o olhar nas palavras para conseguir compreender o texto, por isso a velocidade de leitura é menor", afirma José Angelo Barela, professor do Instituto de Biociências da Unesp, coordenador do projeto, à Agência Fapesp.

O aparelho detectou que as crianças sem dislexia não apresentaram mudança na velocidade de leitura com os filtros e as com dislexia fixaram trechos de palavras ou de frases por 500 milésimos de segundo usando o filtro verde. Com o amarelo e sem filtro, o tempo era de 600 milésimos de segundo.

Causas da dislexia

De acordo com Milena Razuk, as causas da dislexia ainda não são conhecidas, mas ter o distúrbio não quer dizer que haja deficiência intelectual. "É como se houvesse algum ruído que atrapalha a comunicação do cérebro com o resto do corpo. Para o diagnóstico de dislexia, o Q.I. tem de ser normal ou acima da média", diz a pesquisadora.

(com Agência Fapesp e Agência Brasil)

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