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Estado de Minas BEM-ESTAR

Pesquisa mostra que artrite reumatoide ainda afeta a qualidade de vida dos pacientes

Cerca de 36% dos entrevistados tiveram problemas no trabalho em virtude da doença


postado em 06/09/2018 11:49 / atualizado em 06/09/2018 11:49

(foto: Hospimedica.com/Reprodução)
(foto: Hospimedica.com/Reprodução)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a artrite reumatoide acomete um em cada 100 adultos no mundo. A doença inflamatória crônica afeta as articulações das mãos e dos pés, reduzindo a qualidade de vida dos pacientes. Justamente os efeitos do problema para a vida dos portadores foi tema de uma pesquisa internacional, inédita, divulgada no 25º Congresso Brasileiro de Reumatologia, no Rio de Janeiro, nesta quinta, dia 6 de setembro.

A sondagem online foi feita com mais de 9,8 mil pessoas e dividida em duas etapas, captando respostas de pacientes maiores de 18 anos e de profissionais da saúde sobre o impacto da artrite no trabalho, nos relacionamentos e nas atividades diárias. A primeira fase da pesquisa foi realizada em 2017 na Europa e no Canadá, obtendo mais de seis mil respostas. A segunda parte abrangeu, entre janeiro e junho de 2018, sete países: Brasil, Colômbia, Argentina, México, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Taiwan. Por aqui, foram 1.916 pacientes e 385 profissionais de saúde ouvidos.

Segundo a reumatologista Rina Dalva Neubarth Giorgi, da Sociedade Brasileira de Reumatologia, em entrevista para a Agência Brasil, a artrite reumatoide é uma doença mais comum nas mulheres – a proporção é de três afetadas pelo problema para cada homem com a condição.

A especialista lembra que, a partir dos anos 2000, surgiram novos tratamentos, mais efetivos, contra a artrite. Com isso, a qualidade de vida dos pacientes apresentou uma melhora significativa. Antes, 30% das pessoas com artrite reumatoide viam a doença evoluir a ponto de ficarem em cadeira de rodas.

A reumatologista salienta que, apesar disso, mais de 50% dos pacientes que responderam à pesquisa relataram que ainda sentiam dor, rigidez matinal quando acordavam, com as articulações endurecidas, com dificuldade de movimento e fadiga. "Apesar de tudo que a gente está tratando e melhorando, você ainda sente que esses doentes têm necessidades não atendidas", comenta Rina Giorgi.

Cerca de 36% dos entrevistados disseram que, de alguma maneira, tiveram de parar de trabalhar em decorrência do problema, ou foram prejudicados de algum modo em relação à carreira profissional.

A reumatologista ressalta que, apesar dos tratamentos que modificaram em muito a evolução da doença, os pacientes ainda têm diversas dificuldades.

Em relação à vida pessoal e social, por exemplo, a pesquisa revela que mais de 50% tiveram algum impacto nas relações interpessoais, seja com familiares, com o cônjuge, seja com filhos ou amigos. "Quase 60% dos pacientes relataram a doença levando a um impacto tanto na sua atividade física, como na sua atividade emocional, no modo de encarar a vida com frustrações, depressão, alterações de humor", afirma a médica.

Perda da força

Conforme a sondagem internacional, o que mais impacta os pacientes com artrite reumatoide, tanto nas atividades diárias de trabalho como nas atividades domésticas, é justamente a incapacidade de usar a força das mãos.

"Porque por mais que melhore o processo inflamatório do acometimento, você sempre fica com uma certa diminuição da força de pressão na sua mão. Mais da metade reclama e foca nas mãos essa sensação de que não tem nunca uma vida normal", diz Rina Giorgi. Nove por cento dos entrevistados disseram que gostariam de sentir que podem viver da mesma maneira que as pessoas sem artrite.

Isso significa que, embora a ciência tenha melhorado o processo inflamatório e diminuído a possibilidade de deixar o paciente com artrite incapaz, apesar de dar a sensação de que não tem nada, ele, às vezes, sofre com a diminuição da força de pressão, tem dificuldade de carregar coisas.

A perspectiva é que a pesquisa ajude no diálogo entre médicos e pacientes, tornando prioritárias no tratamento as questões de maior importância para os doentes, sem se ater somente aos problemas.

(com Agência Brasil)

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