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Estado de Minas BEM-ESTAR

Deixar de comer carboidratos ajuda no emagrecimento rápido?

A famosa e polêmica dieta das proteínas prega que sim, mas isso não é totalmente verdade; nutricionista explica


postado em 02/01/2020 01:10 / atualizado em 02/01/2020 01:17

Segundo a nutricionista, a famosa dieta das proteínas, que evita o consumo de carboidratos (açúcares), deve ser feita com consciência e associada a exercícios físicos(foto: Pixabay)
Segundo a nutricionista, a famosa dieta das proteínas, que evita o consumo de carboidratos (açúcares), deve ser feita com consciência e associada a exercícios físicos (foto: Pixabay)
Não é difícil encontrar alguém que esteja fazendo algum tipo de dieta. Reduzir ou evitar a ingestão de determinados alimentos para conseguir um emagrecimento rápido está se tornando muito comum. Mesmo que seja pouco eficaz a longo prazo, a privação de alimentos ainda é um recurso muito utilizado pelas dietas mais conhecidas. Um exemplo é a dieta das proteínas, muito usada por celebridades, que restringe o consumo de carboidratos nas refeições. Porém, será que essa rotina alimentar é eficaz e segura para a perda de peso?

A dieta hiperproteica, que foi popularizada pelo chamado "método Dukan", baseia-se no aumento considerável do consumo de proteínas, principalmente de origem animal e, num primeiro momento, na redução drástica do consumo de carboidratos. Desta forma, seria possível causar um choque no organismo e ativar a queima significativa dos depósitos de gordura. Um dos grandes diferenciais desta dieta, e talvez a razão para tamanho sucesso, se deve a possibilidade de comer livremente uma gama de alimentos e, ainda assim, ter uma perda de peso considerável logo nas primeiras semanas.

A essência desse modelo alimentar não é nenhuma novidade: a redução do consumo de carboidratos faz com que o corpo recorra a outras fontes de energia, inclusive o tecido adiposo. De acordo com a nutricionista Sinara Menezes, isso acontece porque "a glicose é a principal fonte de energia do organismo e os carboidratos, por sua vez, são a principal fonte deste nutriente. Com a queda na ingestão de carboidratos, há também uma queda na oferta de energia imediata, forçando o organismo à buscar alternativas para manter-se ativo".

Porém, ao contrário do que muitos imaginam, esse mecanismo não é tão simples, com uma queima "automática" de gorduras. "Diante da privação de energia, o organismo recorre aos estoques metabólicos de forma ordenada e, em casos extremos, queima inclusive os próprios músculos. Logo, se não seguida com cautela, a perda de peso promovida pela dieta pode não ser um emagrecimento qualificado", explica a especialista.

Embora a mudança no espelho seja perceptível e relatada por milhares de adeptos da dieta logo nas primeiras semanas, é preciso entender o que está por trás dessa perda rápida de peso: com a privação severa dos carboidratos, característica do início da dieta, o organismo não tem sua principal fonte de energia rápida e passa a recorrer a outras reservas. Contudo, nesse momento, o corpo não irá quebrar somente a gordura, mas também o glicogênio – outra forma do organismo estocar energia.

O grande problema é o cada grama do glicogênio concentra cerca de 3 gr de água, ou seja, quando utilizado, o organismo também entra num processo de perda de líquidos.

Emagrecer a qualquer custo?

Um argumento muito utilizado pelos defensores da dieta das proteínas é que além de promover a perda de peso rápida, o método é mais "democrático" pois permite que seus adeptos comam à vontade os itens liberados em cada fase: logo de cara pode-se consumir em abundância carnes magras, determinados legumes, laticínios (desde que sejam lights) e até mesmo embutidos. Ainda que pareça uma forma de emagrecer "sem passar fome", a medida não colabora para um fator extremamente importante do emagrecimento definitivo: o autocontrole. "A reeducação alimentar é um dos pilares da perda de peso saudável. Substancialmente, isso inclui o controle dos horários das refeições para que o organismo se acostume à nova rotina. Além disso, é importante lembrar que as proteínas de origem animal, até mesmo as magras, contém uma parcela de gordura, que igualmente vão levar ao ganho de peso se consumidas em excesso", pontua Sinara Menezes.

Ademais, é importante lembrar que a ausência de carboidratos leva à consequente queda na oferta de fibras – importantes para o trânsito intestinal e controle do apetite. Dessa forma, o intestino pode ficar preguiçoso e o indivíduo apresentar certa irritabilidade, não somente em consequência da constipação. "Os efeitos adversos da dieta também estão ligados à fatores psicológicos: como a glicose é a fonte primária de energia para o cérebro, essa privação causa mau humor, fraqueza e até mesmo náuseas", explica a nutricionista. Para ela, deve-se levar em conta também o prazer da alimentação: ainda que se possa comer à vontade determinados alimentos, com o tempo, a prática se torna monótona. Tal privação pode colaborar para o efeito "rebote".

Pontos positivos

A dieta das proteínas é prejudicial? Não exatamente. O grande problema, em qualquer dieta são os extremos. "O próprio conceito de dieta, quando nos referimos a um regime, é a falta de equilíbrio. Já existe o consenso de que métodos restritivos não são eficazes a longo prazo e ainda contribuem para o efeito sanfona", aponta Sinara. Para quem deseja emagrecer de forma eficaz e sustentável, ou seja, mantendo a boa forma a longo prazo, a reeducação alimentar é a melhor saída. Apostar nas proteínas para perder peso é uma opção válida, porém, sem extremos. Neste âmbito, a especialista aponta que é possível incorporar ao dia a dia alguns "mandamentos" da dieta hiperproteica, que podem de fator beneficiar o emagrecimento, porém sem abrir mão de um cardápio balanceado:

  • Beba muito líquido: além de essencial para manter o bom funcionamento do intestino, manter-se bem hidratado beneficia o emagrecimento. Ingerir muita água e outras bebidas detox, por exemplo, combate o inchaço e auxilia na eliminação de impurezas do organismo

  • Inclua farelo de aveia no cardápio: ele é um item obrigatório da famosa dieta, é rico em vitaminas e sais minerais. O grão é uma ótima fonte de fibras betaglucanas, que são solúveis e promovem a sensação de saciedade, auxiliando no controle do apetite. É possível, inclusive, fazer um mix de farinhas funcionais enriquecidas com cereais integrais e termogênicos para potencializar o emagrecimento

  • Aposte nos alimentos funcionais: os termogênicos, aliás, têm espaço garantido na dieta hiperproteica e podem fazer parte do cardápio balanceado de quem quer "queimar" gordura. "Alimentos como a pimenta, o gengibre, o chá verde e a canela estimulam a termogênese, processo pelo qual o corpo gasta mais calorias para manter a temperatura do organismo estável", diz a nutricionista

  • Evite sódio e açúcar: reduzir o consumo de produtos industrializados e controlar o uso de sódio e da sacarose na alimentação diária é fundamental para o emagrecimento. O sódio aumenta a retenção de líquidos, causa inchaço e é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Da mesma forma, quando consumido em excesso, o açúcar pode contribuir para sobrepeso e o surgimento de doenças crônicas como o diabetes

  • Proteínas e exercício físico: as proteínas são importantíssimas para a construção dos tecidos, em especial os músculos. Para quem deseja emagrecer, investir no fortalecimento da musculatura é uma boa forma de aumentar o gasto de calorias mesmo em repouso, pois quanto mais massa magra você tiver, maior será a taxa metabólica basal. Porém, para que isso seja possível, é fundamental investir numa rotina de exercícios de resistência
*Publicado originalmente em 05/09/2016

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