
Reconhecido como o maior evento do país dedicado à cultura DEF, o festival se firma como espaço de protagonismo, escuta e visibilidade, reunindo artistas de nove estados brasileiros e do Reino Unido. A proposta é ampliar o olhar sobre a arte feita por pessoas com deficiência, valorizando sua potência criativa e rompendo com estereótipos ainda tão presentes nas artes e na sociedade.
A abertura será no dia 5, às 20h, no Sesc Palladium, com o espetáculo Monga, dirigido e encenado pela atriz cearense Jéssica Teixeira, vencedora do Prêmio Shell de Melhor Direção. Inspirada na trajetória da artista mexicana Julia Pastrana — conhecida como “Monga” —, a montagem mistura humor e terror psicológico para discutir a exploração da imagem e a marginalização de corpos dissidentes. A dramaturgia será lançada em livro no dia 7, no mesmo espaço.
Com mais de 30 atrações, a programação inclui ainda 14 apresentações de teatro, dança, performance e música; cinco filmes (entre curtas e longas); três videoclipes; quatro oficinas; quatro bate-papos; uma roda de conversa e um lançamento de livro. “Mais do que uma seleção de espetáculos, a curadoria propõe um campo de encontro e troca, onde diferentes modos de criação possam conviver e provocar o público a refletir, sentir e imaginar futuros possíveis. Um convite à escuta atenta e ao deslocamento dos olhares, que valoriza tanto a expressão poética quanto o engajamento político da cena contemporânea”, afirmam os curadores e coordenadores Daniel e Lais Vitral.
A experiência do público também é pensada de forma inclusiva. Os espaços contam com acessibilidade física, empréstimo de cadeiras de rodas, permissão para cães-guia e salas de regulação sensorial. Nos espetáculos e atividades formativas, haverá audiodescrição ao vivo, interpretação em Libras, legendas descritivas, pranchas de comunicação alternativa e abafadores de ruído. Uma equipe especializada estará presente em todos os locais.
Para Anita Rezende, coordenadora de Acessibilidade do festival, o processo é construído coletivamente desde o início. “A coordenação de Acessibilidade procura pensar esse quesito de forma integral, com a participação ativa da equipe de consultores, desde o planejamento do Festival. Esse trabalho conjunto inclui visitas técnicas aos espaços de apresentação, proposição de pautas e estratégias de comunicação, e análise de diversos recursos de acessibilidade para cada atividade do evento. Para além do conhecimento teórico, as vivências com a equipe, artistas e público do Acessa sempre provocam novas reflexões, e motivam nossa busca constante de fazer um Festival cada vez mais diverso, acolhedor e potente”, explica Anita Rezende, coordenadora de Acessibilidade do Acessa BH.”
Programação
Entre os destaques da edição está a adaptação inédita de “Os Irmãos Karamázov", com direção e atuação de Caio Blat ao lado de Marina Vianna. A apresentação será no dia 12, às 20h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. No mesmo espaço, no dia 13, Hermeto Pascoal & Grupo apresentam um show marcado por improvisos, sonoridades inusitadas e o virtuosismo que tornou o músico uma lenda da música brasileira.
A artista Estela Lapponi (SP) leva à Funarte, no dia 18, o solo híbrido “CAPENGÁ!”, que articula som, corpo e tecnologia para tratar da deficiência como linguagem estética e política. No dia 25, a britânica Dora Colquhoun apresenta “That’s Why Deers Run”, resultado de uma nova parceria entre o festival e organizações do Reino Unido.
O encerramento será no dia 28, às 19h, na Funarte MG, com o espetáculo bilíngue “OZ”, do coletivo Aquilombamento Ficha Preta. Com encenação em Libras e português, a peça discute afetos, resistência e negritude a partir da história de um casal que desafia padrões normativos de amor e pertencimento.
A programação completa está disponível no site do festival.