Estado de Minas DEVER CUMPRIDO

Jardim Sonoro encerra segunda edição com balanço positivo

Festival idealizado pelo Inhotim amplia conexão entre música, arte e natureza com estrutura aconchegante e curadoria centrada na potência da voz


postado em 14/07/2025 09:12 / atualizado em 14/07/2025 09:16

A edição deste ano foi norteada pela investigação da voz como instrumento múltiplo - lírico, poético, político, ancestral(foto: Jhen Lourenço/Divulgação)
A edição deste ano foi norteada pela investigação da voz como instrumento múltiplo - lírico, poético, político, ancestral (foto: Jhen Lourenço/Divulgação)
Três dias de música, escuta, encontros e contemplação. A segunda edição do Jardim Sonoro, encerrada neste domingo (13), reafirmou o Instituto Inhotim como um território onde a arte acontece em múltiplas linguagens – e onde a música ganha novas camadas de sentido ao se integrar à paisagem, às obras e às pessoas. A avaliação é da diretora artística da instituição, Júlia Rebouças, que assina a curadoria do festival ao lado de Marília Loureiro.

“É um festival muito feliz. A gente está muito, muito feliz com o que entregou”, resume Júlia, satisfeita com o resultado. “Nosso desejo era gerar uma experiência de relaxamento, de alegria, de encontro com a pesquisa musical. E conseguimos isso em vários níveis”, reflete.

A edição deste ano foi norteada pela investigação da voz como instrumento múltiplo – lírico, poético, político, ancestral. O line-up, formado majoritariamente por artistas mulheres, refletiu essa pluralidade de timbres, estilos e narrativas. “A gente se fez uma pergunta: o que as vozes precisam anunciar? O que elas querem dizer? A voz carrega muitos sentidos. E acho que ouvimos esses ecos diversos ao longo de todo o festival”, avalia a curadora, em entrevista com a Encontro na tarde deste domingo.

Entre os destaques, ela menciona desde a abertura com a cantora indígena Djuena Tikuna até o encerramento com Brisa Flow, passando por momentos marcantes como a estreia do show de Mônica Salmaso em homenagem a Tom Jobim e a apresentação intensa da jazzista norte-americana Cécile McLorin Salvant. Também ganharam elogios a baiana Josyara, o grupo Ilê Aiyê,m e Tetê Espíndola, cuja trajetória de experimentação musical em conexão com o Cerrado dialoga diretamente com a pesquisa curatorial do Inhotim – conforme analisa a diretora, ressaltando os anos de estudo da artista sobre o canto dos pássaros, para ficar em um exemplo.

Em termos de público, o festival confirmou as expectativas. Conforme a diretora artística, a circulação foi dentro do esperado e os espaços amplos do museu garantiram conforto e fluidez. “Os espaços comportaram muito bem o público, o que é essencial para manter a experiência prazerosa”, assinala. 

Júlia ainda sublinha que a estrutura física do festival também foi pensada para gerar um ambiente de acolhimento e intimidade, com palcos de baixa elevação e gramados ocupados por pessoas sentadas em roda, favorecendo uma experiência de proximidade entre artistas e público. “Queremos que esse seja o festival ‘zero perrengue’: onde você chega, senta, escuta música boa, toma alguma coisa gostosa e vê tudo com outros olhos”, aponta.

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