
“É um festival muito feliz. A gente está muito, muito feliz com o que entregou”, resume Júlia, satisfeita com o resultado. “Nosso desejo era gerar uma experiência de relaxamento, de alegria, de encontro com a pesquisa musical. E conseguimos isso em vários níveis”, reflete.
A edição deste ano foi norteada pela investigação da voz como instrumento múltiplo – lírico, poético, político, ancestral. O line-up, formado majoritariamente por artistas mulheres, refletiu essa pluralidade de timbres, estilos e narrativas. “A gente se fez uma pergunta: o que as vozes precisam anunciar? O que elas querem dizer? A voz carrega muitos sentidos. E acho que ouvimos esses ecos diversos ao longo de todo o festival”, avalia a curadora, em entrevista com a Encontro na tarde deste domingo.
Entre os destaques, ela menciona desde a abertura com a cantora indígena Djuena Tikuna até o encerramento com Brisa Flow, passando por momentos marcantes como a estreia do show de Mônica Salmaso em homenagem a Tom Jobim e a apresentação intensa da jazzista norte-americana Cécile McLorin Salvant. Também ganharam elogios a baiana Josyara, o grupo Ilê Aiyê,m e Tetê Espíndola, cuja trajetória de experimentação musical em conexão com o Cerrado dialoga diretamente com a pesquisa curatorial do Inhotim – conforme analisa a diretora, ressaltando os anos de estudo da artista sobre o canto dos pássaros, para ficar em um exemplo.
Em termos de público, o festival confirmou as expectativas. Conforme a diretora artística, a circulação foi dentro do esperado e os espaços amplos do museu garantiram conforto e fluidez. “Os espaços comportaram muito bem o público, o que é essencial para manter a experiência prazerosa”, assinala.
Júlia ainda sublinha que a estrutura física do festival também foi pensada para gerar um ambiente de acolhimento e intimidade, com palcos de baixa elevação e gramados ocupados por pessoas sentadas em roda, favorecendo uma experiência de proximidade entre artistas e público. “Queremos que esse seja o festival ‘zero perrengue’: onde você chega, senta, escuta música boa, toma alguma coisa gostosa e vê tudo com outros olhos”, aponta.