
Na obra, Dusi resgata elementos lexicais do trovadorismo medieval, tradição literária da Península Ibérica entre os séculos XII e XIV, para discutir questões atuais. O autor revisita cantigas de escárnio e maldizer, ao mesmo tempo em que rompe com a gramática culta brasileira, experimentando construções pouco usuais — algumas próximas do português europeu, como a colocação pronominal.
Considerado menos complexo que o romance anterior, “Eu, Jeremias” (2020), o novo livro cria uma ponte entre passado e presente, explorando a desintegração de valores éticos na contemporaneidade.
Prêmio Oceanos
A edição 2025 reúne 50 semifinalistas: 25 obras de poesia e 25 de prosa (romance, conto, crônica e dramaturgia), contemplando autores de cinco países — Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal. O Brasil aparece fortemente representado, com escritores de 12 estados, entre eles Minas Gerais.
Na próxima fase, os livros semifinalistas serão avaliados por dois júris, um de prosa e outro de poesia. Até o fim de outubro, a lista será reduzida a 10 finalistas — cinco em cada gênero.
Trajetória de Fernando Dusi Rocha
Natural de Ubá (MG), Fernando Dusi Rocha é poeta e escritor, além de pós-doutor em Literatura pela Universidade de Brasília. Pela editora 7Letras, publicou os livros de poesia “O exílio de Polifemo” (2006), finalista do Prêmio Jabuti em 2007, “Crisol com açúcar” (2008) e “O breviário” (2016), além da reflexão autobiográfica “Tua carne verá a luz’ (2014) e o romance “Eu, Jeremias” (2020).
Em 2009 lançou “Lições de taxidermia" (Ateliê Editorial) e, no ano seguinte, o ensaio "O problema da verdade: literatura e direito" (Fino Traço).