
Com produção musical de André Siqueira e da própria Titane, a composição de Sérgio Pererê conta com participações de Paulo Santos (Uakti) e do Bloco Pisa Ligeiro, grupo ligado à Escola de Arte João das Neves, criada em 2017 pelo MST em colaboração com o diretor teatral João das Neves e a cantora.
“Em ‘Madeira’, minha voz irá se amalgamar com as vozes, tambores e enxadas do Bloco Pisa Ligeiro, criando uma sonoridade rítmica que é arrebatadora para nós e, espero, para todos que ouçam a música”, diz a artista, que em 2025 celebra 65 anos de vida e 40 anos do lançamento de seu primeiro disco.
Gravada com preparação musical de Paulinho Santos, também do Uakti, a canção evoca, segundo Titane, a força das árvores e a celebração do espírito livre das florestas. O clipe traz imagens da rotina dos trabalhadores do campo, das cidades e das agroflorestas, com destaque para momentos de celebração. “Em ‘Madeira’, reconhecemos a festa e a ternura, onde também existe a tensão e o conflito”, afirma a cantora.
O novo álbum da artista terá produção de André Siqueira, que também assina direção musical e arranjos de violões, guitarras e baixos. A presença de Paulo Santos é apontada por Titane como simbólica, já que o Uakti colaborou em seu primeiro disco, em 1985. “Paulinho está à frente de ‘Madeira’, e atuará também em outras canções. Sua presença é um presente”, comenta.
A parceria com o MST é marcada ainda pela atuação de Titane na Escola de Arte João das Neves, criada em 2018 após a morte do diretor teatral. A instituição é considerada, pelo Movimento, um espaço de formação artística e política que vincula a luta pela terra com a produção cultural. “Mantivemos um diálogo intenso por vários meses, que levou à realização de um primeiro curso para os Sem Terra, em 2017, no centro de formação do MST, em Belo Horizonte. A experiência foi muito marcante e impulsionou a criação de uma escola de arte itinerante do Movimento. Em 2018, com a partida de João, a escola da regional sudeste foi rebatizada com o nome Escola de Arte João das Neves”, lembra Titane.
Para a cantora, o projeto tem sido uma oportunidade de troca. “A arte é um lugar de protagonismo tanto do indivíduo quanto dos coletivos e comunidades. E o MST é formado por pessoas protagonistas por excelência. Seus integrantes são chamados cotidianamente a assumir as rédeas de suas próprias vidas, de sua história, de sua cultura. Trata-se da construção de uma nova cultura. Existe ali, especialmente, a construção de uma sociedade onde a solidariedade, a saúde e a educação, o combate à fome, o reencontro com a natureza, as águas e as plantas são uma busca permanente”, pontua.
Com 40 anos de carreira, Titane é reconhecida por um percurso pautado por escolhas rigorosas e diálogos entre gêneros. Desde seu primeiro disco, alia canções inéditas de compositores contemporâneos ao cancioneiro popular e já explorou diferentes vertentes da música brasileira, com influências afro-mineiras, experimentações tecnológicas e interpretações de autores como Elomar, tema de seu álbum mais recente, Titane canta Elomar (2018).