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Encontro Latinoamericano de Teatro chega à 5ª edição; veja a programação

Festival em BH e Nova Lima destaca artistas 50+, com espetáculos, debates e cabaré que abordam envelhecimento, diversidade e representatividade.


postado em 30/09/2025 09:30 / atualizado em 30/09/2025 09:41

O espetáculo
O espetáculo "Quimera", do Grupo La Trinchera, um dos mais importantes do Equador, abre a programação (foto: Leiberg Santos)
O Encontro Latinoamericano de Teatro (ELA) chega à sua 5ª edição entre esta quarta-feira (1º) e domingo (5), em Belo Horizonte e Nova Lima, trazendo à cena artistas acima dos 50 anos e propondo um olhar atento para a pluralidade e a força dessa geração. Sob o recorte “Pluralidades e dissidências 50+”, o festival reúne espetáculos do Brasil, Argentina e Equador, além de mesas de debate, encontros e um cabaré de variedades, com discussões que atravessam temas como gênero, acessibilidade, envelhecimento, memória e representatividade.

A curadoria assinada por Tina Dias, Cris Aguiar e Carolina Correa busca, nesta edição, evidenciar a potência criativa de artistas maduros, indo além de trajetórias já consolidadas para valorizar a ação de quem, muitas vezes, ainda enfrenta silenciamentos e exclusões dentro e fora das artes. “Num momento em que o debate sobre diversidade e acessibilidade ganha força, é urgente criar espaços que reconheçam e valorizem artistas que, pela idade, gênero ou condição social, foram historicamente marginalizados”, destaca Carolina Correa. Para Tina Dias, a proposta também é inverter a lógica que associa juventude à ação e maturidade ao recuo. “São elas que estão hoje mais ativas e presentes nas políticas públicas, liderando movimentos, participando em decisões e mostrando um compromisso enorme com a transformação social. Enquanto muitas vezes se tenta associar a juventude à ação e a maturidade ao recuo, vejo exatamente o contrário: as pessoas 50 são as que têm colocado corpo, experiência e voz na construção de um futuro mais justo”, afirma.

Programação 

A programação se abre com o espetáculo “Quimera”, do histórico Grupo La Trinchera, um dos mais importantes do Equador. Na trama, dois soldados impedem que artistas de circo itinerante cruzem a fronteira, numa fábula política e poética sobre migrações, limites e muros invisíveis. O grupo, fundado em 1982 na cidade de Manta, é reconhecido por transformar a cena cultural local em referência internacional, não apenas com a realização de festivais, mas também pela formação de jovens e abertura do seu centro de artes à comunidade.

Entre as produções brasileiras, destacam-se “Contadoras de Filmes”, de Myriam Nacif, baseada na obra de Hernán Rivera Letelier, que celebra a oralidade e a resistência feminina; “Menino do Olho que Vê”, solo de Dudu Melo, que transforma a perspectiva da deficiência visual em potência artística; e “Isidoro: um negro de quilate”, com Evandro Passos, que revive a trajetória de resistência de um faiscador negro escravizado em Minas Gerais que conseguiu comprar sua liberdade e a de outros. Também integra a programação o solo “Outono”, da atriz e diretora Cida Falabella, dirigido por Cris Tolentino, que reflete sobre o envelhecer como mulher e artista, além de “Envelhecer”, exercício cênico do Grupo Maturidade em Cena, formado por mulheres acima dos 60 anos, que ironiza situações de preconceito vividas diariamente pelas atrizes.

Da Argentina, chegam dois trabalhos de forte caráter pessoal e político. Em “Animal Anterior”, a atriz Silvia Estrin, de 75 anos, interpreta a metamorfose de seu próprio corpo, que transita do humano ao réptil, numa obra sobre envelhecimento e reinvenção. Já “Mirta, uma biografia não autorizada” apresenta o encontro em cena entre mãe e filho: Mirta, de 78 anos, ciclista e lutadora que enfrentou ventos contrários e preconceitos sociais, e Juan Manuel, seu filho e diretor do espetáculo. A montagem mistura teatro, drogas, bicicletas, vinho e reflexões sobre a vida e a morte a partir da intimidade da própria protagonista.

O festival também abre espaço para a festa e a irreverência com o ‘Cabaré de Variedades 50 ”, conduzido por Adriana Morales, do Grupo Trampulim, reunindo humor, música, poesia, circo e teatro em uma celebração da maturidade como potência criativa. Para além da cena, o ELA promove rodas de conversa como “Estamos Aqui – Coexistências”, em que artistas e gestores culturais discutem a permanência da geração 50 na cena artística e nas políticas públicas, e “O Fio dos Saberes”, encontro dedicado à troca de experiências sobre memória, coletividade e processos criativos.
 
5º ELA – Encontro Latinoamericano de Teatro
Onde: Funarte MG (Rua Januária, 68 - Centro) e C.A.S.A. (Rua Himalaia, 69 - Vale do Sol, Nova Lima)
Ingressos para os espetáculos a R e R (meia) na Sympla
As demais atividades da programação são gratuitas
Programação completa no Instagram 
 

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