
A curadoria é de Vitor Miranda, gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado, com a colaboração de Marcos Malafaia, diretor do Grupo Giramundo, e Vera Matysikova, da CzechArte — programa mantido pelo Consulado Geral da República Tcheca em São Paulo, que apoia a realização. Produções tchecas, referência no uso de marionetes e stop motion, dividem espaço com obras norte-americanas, inglesas, italianas, alemãs, dinamarquesas e brasileiras.
Entre os títulos exibidos estão “Gremlins” (1984), “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e “Castelo Rá-Tim-Bum: O Filme” (1999), além de clássicos como “King Kong” (1933) e “Jasão e os Argonautas” (1963). Também integram a programação obras de diretores como Jan Švankmajer, Spike Jonze e Wes Anderson, e produções fundamentais do stop motion europeu assinadas por Lotte Reiniger, Ji%u0159í Trnka, Karel Zeman e Hermína Týrlová. Algumas sessões remetem ainda ao clima natalino.
A mostra conta também com debates e atividades formativas. No dia 13 de dezembro, às 17h, acontece a mesa-redonda “O Cinema de Animação Artesanal do Giramundo”, com Marcos Malafaia, Ulisses Tavares, Guilherme Amarante, Davi Fuzari e mediação de Sávio Leite.
Malafaia destaca a junção entre o teatro e o cinema como parte do processo criativo do grupo. “Ao incluir a mostra ‘Bonecos na Tela’ em sua programação, a ‘Ocupação Giramundo’ fecha um ciclo importante para a compreensão do grupo. Tratando dos fundamentos do nosso processo criativo, em suas facetas tradicionais de planejamento, projeto, manipulação e composição de espetáculos teatrais, a mostra e o Grupo Giramundo avançam para novas fronteiras híbridas, em que o teatro de bonecos e o cinema de animação se fundem em formas inovadoras”, explica.
No dia 11, às 19h30, o professor e cineasta Sávio Leite apresenta a palestra “A Evolução das Marionetes na História do Cinema”, baseada no curta “O Dragãozinho Manso: Jonjoca” (1942), de Humberto Mauro, considerado o primeiro filme brasileiro a dar vida a um boneco na tela.
“A mostra é super importante para comemorar os 55 anos desse patrimônio de Belo Horizonte, que estabelece um diálogo direto com o cinema de animação; será um caminho muito simples e natural, mas poderoso, para vermos o avanço do Giramundo pelo cinema de animação”, afirma o pesquisador.
O público poderá ainda acompanhar uma edição especial do programa “Cinema e Psicanálise”, com a exibição de “Quero Ser John Malkovich” (1999), comentada pela psicanalista Carla Capanema, no dia 19, e uma Sessão da Meia-Noite com o clássico de terror “Bonecas Macabras” (1987), no dia 20.
Para o curador Vitor Miranda, a mostra é também um convite à reflexão sobre a própria natureza do cinema. “Com exibições de nacionalidades e épocas diversas, ações formativas e debates, a mostra reverencia os 55 anos do Grupo Giramundo, ao mesmo tempo em que retoma a capacidade ancestral que temos de dar vida à matéria. Com o avanço vertiginoso das técnicas que parecem se autonomizar, com a multiplicação das IAs, ‘Bonecos na Tela’ relembra que o poder de imaginar a vida em objetos inanimados é humano e nos significa como criadores de realidades, o que desde os primórdios foi e continua sendo um princípio cinematográfico”.
Mostra “Bonecos na Tela”. De 10 a 21 de dezembro de 2025, no Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte). Classificação indicativa: variável. Entrada gratuita. Metade dos ingressos disponível on-line, a partir de 12h do dia da sessão, pelo site da Eventim; o restante será distribuído na bilheteria do cinema, 30 minutos antes de cada exibição, mediante apresentação de documento com foto.