Estado de Minas CULTURA

Palácio das Artes inaugura mostra permanente sobre sua história e memória

Exposição revisita a trajetória do maior equipamento cultural de BH, reunindo personagens, acervos e marcos da instituição


postado em 16/12/2025 07:26 / atualizado em 16/12/2025 07:39

Instalada na Galeria Mari'stella Tristão, no subsolo do Palácio das Artes, a exposição reúne textos e imagens que destacam acontecimentos marcantes da história do complexo cultural(foto: Paulo Lacerda/Divulgação)
Instalada na Galeria Mari'stella Tristão, no subsolo do Palácio das Artes, a exposição reúne textos e imagens que destacam acontecimentos marcantes da história do complexo cultural (foto: Paulo Lacerda/Divulgação)
No mês em que Belo Horizonte completa 128 anos, o Palácio das Artes inaugura a exposição permanente "Espaço, Memória, Cultura e Patrimônio", iniciativa que convida o público a revisitar a história do maior equipamento cultural da capital mineira e um dos maiores da América Latina. A mostra passa a integrar de forma definitiva o espaço e propõe um olhar ampliado sobre a trajetória da instituição, seus personagens, transformações e impactos na vida cultural da cidade.

Instalada na Galeria Mari’stella Tristão, no subsolo do Palácio das Artes, a exposição apresenta uma linha do tempo estruturada em grandes painéis gráficos, reunindo textos e imagens que destacam acontecimentos marcantes da história do complexo cultural. O percurso é complementado por sinalizações com QR Code, que permitem ao visitante acessar conteúdos aprofundados sobre personalidades que dão nome a salas, galerias e monumentos do Palácio, como Juscelino Kubitschek, Clóvis Salgado, Oscar Niemeyer, João Ceschiatti, Juvenal Dias, Mari’stella Tristão, Alberto da Veiga Guignard e Pedro Moraleida, entre outros.

As informações reunidas na exposição também estarão disponíveis no site www.espacomemoria.com.br, lançado junto com a abertura do projeto, a partir do dia 23 de dezembro, às 10h. 

“Celebrar a memória do Palácio das Artes é reafirmar o compromisso de Minas Gerais com a preservação de sua história e com a valorização da diversidade cultural que nos constitui. Esta iniciativa aproxima o público de um patrimônio vivo, que segue inspirando gerações e fortalecendo a identidade cultural do nosso estado”, afirma a secretária de Estado de Cultura e Turismo, Bárbara Botega.

Na avaliação do presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, a iniciativa representa um marco para a instituição. “O projeto ‘Espaço Memória Cultura e Patrimônio’ chega para contribuir, de maneira substancial, para o resgate da história do Palácio das Artes, seus personagens, artistas e principais acontecimentos.  Além disso, promove uma interpretação singular dos principais fatos que marcaram nossa existência! Este é o início de um grande processo de democratização deste que é o maior equipamento cultural do Brasil e, certamente, um dos maiores da América Latina. O ‘Espaço Memória’, além de história e registro, já é também um marco e, principalmente, um legado para os próximos 55 anos”, comenta.

A curadoria do projeto é assinada pela Coreto Produções em parceria com a equipe de acervo da Fundação Clóvis Salgado, com colaboração do artista plástico Marconi Drummond. Para ele, a proposta reforça o caráter dinâmico do Palácio das Artes. “O ‘Espaço, Memória, Cultura e Patrimônio’ reafirma o Palácio das Artes como um centro cultural em constante transformação, no qual passado, presente e futuro se encontram. Ao revisitar essas memórias e lançar novos olhares sobre os personagens que ajudaram a construir esse patrimônio, a exposição propõe uma escuta sensível às vozes que ecoam em seus corredores e convida o público a se reconhecer também como parte dessa história viva da cultura mineira. E mais: reconhecer a história política e cultural de Belo Horizonte e de Minas Gerais — uma trajetória na qual a criação do Palácio não apenas impactou o cenário cultural, mas também ressignificou a ideia de cidade, modernidade e pertencimento”, destaca.

O trabalho de pesquisa que embasa a exposição reuniu bibliografias e documentos voltados à história da instituição e às trajetórias de figuras fundamentais para sua construção simbólica e material. Entre os nomes abordados estão Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer, Israel Pinheiro, Clóvis Salgado, Alberto da Veiga Guignard, Arlinda Corrêa Lima, Amilcar de Castro, Mari’Stella Tristão, João Ceschiatti, João Etienne Filho, Humberto Mauro, Juvenal Dias, Genesco Murta e Pedro Moraleida. “Foi uma investigação qualitativa e exploratória, baseada em fontes primárias e secundárias, visando compreender a relevância histórica e cultural dos homenageados e suas relações com o equipamento cultural. O processo envolveu consulta a bibliografias, biografias, registros institucionais, arquivos históricos, jornais, entrevistas, fotografias, materiais audiovisuais, cartas e documentos diversos”, conta.

Ao longo de um ano, a equipe consultou acervos públicos e privados localizados principalmente em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, entre eles Academia Mineira de Letras, Arquivo Público Mineiro, MAP, Fundação Clóvis Salgado, UFMG, UEMG, MIS-BH, Instituto Pedro Moraleida, Rede Minas, Instituto Amilcar de Castro, MIS-RJ, Arquivo Nacional, Funarte, Projeto Portinari, Cinemateca Brasileira, Pinacoteca de São Paulo e IEB-USP.

A origem do projeto remonta a 2023, quando a produtora Lilian Nunes, da Coreto Produções Culturais, recebeu do então presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, a proposta de implantar uma “interpretação para o Palácio das Artes”. A ideia era criar estratégias de musealização capazes de contextualizar o espaço e revelar sua dimensão histórica, artística e educativa para o público. A partir desse desafio, foi estruturado o projeto que agora se concretiza.

“Não por acaso abrimos com o Palácio das Artes. A casa é o maior equipamento cultural do estado e um dos maiores do Brasil e da América Latina, com espaços destinados a aprendizado, produção e manifestações artísticas diversas. Muitas das salas são batizadas com nomes de personagens importantes cujas histórias são desconhecidas da população. A maioria das visitações é segmentada: parte do público que vai ao Grande Teatro, por exemplo, não sabe que há muitas outras oportunidades no local: diversas salas de apresentação, grupos artísticos com montagens anuais e um centro de formação efervescente que alimenta a cena cultural com profissionais plurais”, diz.

Nesta primeira etapa do Espaço, Memória, Cultura e Patrimônio, o foco está nas interseções históricas entre o Palácio das Artes e os personagens que nomeiam seus espaços. Segundo Lilian Nunes, o projeto prevê desdobramentos futuros. “Estamos em busca de outros parceiros para avançarmos para o Grande Teatro, o CEFART e as salas dos corpos artísticos, que são destinos de grande potencial de interesse e visitação, sempre em parceria com o educativo da instituição”, destaca.

História do Palácio 

A história do Palácio das Artes remonta à utopia modernista do então prefeito Juscelino Kubitschek, que, em 1941, encomendou a Oscar Niemeyer o projeto de um teatro municipal. As obras, no entanto, só avançariam décadas depois. Durante o período de paralisação, JK, Niemeyer e o escultor Alfredo Ceschiatti estiveram envolvidos na construção de Brasília.

A retomada ocorreu nos anos 1960, com projeto reformulado por Hélio Ferreira Pinto, a partir da articulação de Israel Pinheiro, então governador, e Clóvis Salgado, vice-governador e figura central da cultura brasileira. Nos anos seguintes, o Palácio se consolidaria como polo de formação, produção e difusão artística, reunindo trajetórias diversas que ajudaram a moldar a identidade cultural de Belo Horizonte.
 
Espaço, Memória, Cultura e Patrimônio. Lançamento do site e abertura da exposição permanente, 23 de dezembro, terça-feira, às 10h, na área da Galeria Mari’stella Tristão - subsolo do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537 - Centro). Gratuito. 

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