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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Petrobras estuda método de decompor garrafa PET

O processo em análise degrada o material em sete dias


postado em 01/11/2018 08:39 / atualizado em 01/11/2018 08:31

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Pesquisadores da Petrobras estão desenvolvendo um processo para acelerar em até sete dias a degradação do polímero que compõe as garrafas PET. A tecnologia do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) utiliza enzimas que possibilitam recuperar os componentes das garrafas, sob pressão e temperatura brandas.

Iniciados há quatro anos, os estudos obtidos já permitem "vislumbrar a viabilidade técnica de uma utilização desse processo em larga escala", segundoa  estatal brasileira do petróleo.

As garrafas PET são uma das maiores vilãs do meio-ambiente, principalmente em relação ao ecossistema marinho, e a produção mundial é estimada em 50 milhões de toneladas por ano e o percentual de reciclagem é de 18%.

Descarte

No Brasil, segundo dados do último censo da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), responsável pelo levantamento de estatísticas sobre plástico, o descarte de embalagens é de 550 mil toneladas por ano e a taxa de reciclagem da ordem de 51%.

"O que leva à conclusão de que a fração que hoje não é reciclada no país chega a um montante de resíduos de PET de 270 mil toneladas", comenta Juliana Vaz Belivaqua, gerente de biotecnologia da Petrobras, em entrevista à Agência Brasi. Ela diz ainda que a tecnologia em desenvolvimento pode ajudar a reduzir a quantidades de resíduos decorrentes do descarte inadequado das garrafas.

"Através da biodespolimerização, ou seja, a desconstrução química de uma molécula com muitas unidades funcionais ligadas, até obtermos novamente essas unidades poderemos transformar completamente a cadeia do PET pós consumo, pois o que seria resíduo volta a ser matéria-prima", esclarece a gerente.

A avaliação de Juliana é que "dessa forma se evita o problema do acúmulo desse material em lixões ou no meio ambiente e se reduz a demanda por novas matérias-primas que são oriundas da petroquímica, reduzindo nossa pegada de carbono".

Diante da preocupação com os danos, países como Alemanha, Áustria, Estados Unidos e Japão também estão desenvolvendo tecnologia semelhante.

Metodologia

No processo em estudo, as embalagens são coletadas após o uso por consumidores e levadas a um reator para reprocessamento do material.

"O método consiste na adição da enzima às embalagens moídas, em condições de reação adequadas para a atuação da enzima. O processo ocorre até o polímero se tornar novamente em suas unidades mínimas, que servem para a formação de novo PET em processo de reutilização na indústria petroquímica", ressalta Juliana Belivaqua.

Em dezembro de 2017, a Petrobras assinou um termo de cooperação com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Por meio dessa parceria, será possível acelerar o desenvolvimento e elevar o grau de inovação e de maturidade da tecnologia. Atualmente, o projeto está em fase de otimização em laboratório e dentro de três anos deve ser testado em escala piloto. "Só então teremos condição de avaliar o potencial econômico da tecnologia e planejar seu escalonamento para uma escala comercial", afirma a gerente da Petrobras.

Juliana acrescenta que a reciclagem de plásticos atualmente utilizada é baseada em processos físicos e, por este método, os materiais não recuperam as propriedades do polímero original, gerando um produto de baixo valor. Já com a reciclagem biotecnológica com a tecnologia em desenvolvimento será permitido que o PET reciclado tenha exatamente as mesmas características do original.

Para a gerente de biotecnologia, no momento em que a tecnologia já tiver maturidade adequada, a companhia irá buscar parceiros para a implementação.

(com Agência Brasil)

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