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Estado de Minas PESQUISA

Cientistas estudam criar cana resistente à seca

Ideia é criar uma planta transgênica que produza em meio à escassez de água


postado em 11/10/2018 11:25 / atualizado em 11/10/2018 11:14

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Pesquisadores estão buscando desenvolver uma variedade de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) mais bem adaptada à escassez de água. Cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com colegas do Vlaams Instituut voor Biotechnologie (VIB), da Bélgica, liderado pelo pesquisador Dirk Inzé, identificaram um conjunto de cinco genes que, ao serem permanentemente ativados, podem tornar a planta mais tolerante à seca.

Os resultados do estudo foram apresentados numa palestra realizada em Bruxelas, na Bélgica, na última segunda, 8 de outubro.

"Submetemos a patente desses genes no mês passado. Queremos, agora, analisá-los em plantas transgênicas de cana e, posteriormente, licenciá-los para empresas interessadas", comenta Marcelo Menossi Teixeira, professor da Unicamp e coordenador do projeto, em entrevista à Agência Fapesp.

As análises de expressão gênica revelaram centenas de genes diferentemente expressos na cana em resposta ao estresse hídrico. Ao caracterizá-los, os pesquisadores identificaram alguns que eram mais ativados. Seriam necessários vários anos para confirmar o papel dos genes em variedades transgênicas dea planta, mas os cientistas tiveram a ideia de testar alguns dos genes no tabaco, uma vaeridade que é plantada sob condições de seca: a planta leva de sete a oito meses para crescer e é mais fácil de manipular, em comparação com a cana, explica Menossi.

Por meio da parceria com os colegas belgas, os pesquisadores brasileiros também testaram os genes na mostarda selvagem (Arabidopsis thaliana), muito usada como planta-modelo em estudos de genética.

As análises das plantas transgênicas cultivadas com os genes superexpressos confirmaram que eles conferiam maior resistência ao estresse oxidativo e à seca. "Constatamos que esses cinco genes são ativados pela cana quando a planta se encontra em condição de estresse hídrico a fim de protegê-la da situação de seca", diz Marcelo Menossi à Agência Fapesp.

Segundo ele, a ideia é fazer modificações genéticas na planta para tornar esses genes permanentemente ativados e, dessa forma, deixar a planta preparada para enfrentar a escassez de água.

Em testes em laboratório, os pesquisadores já confirmaram que variedades transgênicas de cana com alguns desses genes em constante estado de ativação apresentaram maior tolerância à seca.

"Nosso objetivo é chegar a uma cana-de-açúcar transgênica capaz de suportar longos períodos sem irrigação e de crescimento rápido", diz o pesquisador da Unicamp.

(com Agência Fapesp)

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