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Estado de Minas PECUÁRIA

Descoberto como carrapato bovino resiste a remédio

Estudo da USP analisou a reação ao carrapaticida ivermectina


postado em 08/10/2018 14:40 / atualizado em 08/10/2018 14:23

(foto: YouTube/Reprodução)
(foto: YouTube/Reprodução)

Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor, de Eldorado do Sul (RS), descobriu que um carrapato comum em bovinos consegue se tornar resistente à ação da ivermectina, um dos carrapaticidas mais usados no Brasil.

De acordo com a pesquisadora Tatiana Teixeira Torres, em entrevista para a Agência Fapesp, vários mecanismos podem estar envolvidos na resistência do no carrapato bovino à ivermectina, incluindo a capacidade fisiológica de desintoxicar ou tolerar substâncias tóxicas. Os mecanismos metabólicos envolvidos nesse processo incluem enzimas e proteínas específicas, escolhidos pelo processo da seleção natural.

O trabalho mostra que os carrapatos que não contavam com a ação de tais enzimas e proteínas morriam na presença da ivermectina. Já aqueles que produziram essas substâncias sobreviveram e produziram mais descendentes, que acabaram por formar as linhagens resistentes. A meta do estudo foi justamente identificar quais proteínas teriam papel predominante nessa desintoxicação.

Para testar a influência de tais proteínas na resistência, os pesquisadores usaram inibidores específicos para cada uma das famílias proteicas e compararam as taxas de mortalidade em tratamentos com ivermectina na presença e na ausência dos inibidores. "Tal conhecimento pode auxiliar na busca de novas estratégias para lidar com a resistência à ivermectina no campo. Por exemplo, os inibidores testados, ou outras moléculas de efeito análogo, poderiam ser introduzidos em formulações comerciais de ivermectina", comenta Tatiana à Fapesp.

Os prejuízos da pecuária com parasitas externos (que se instalam fora do corpo do hospedeiro), como o carrapato bovino, chegam a US$ 3,2 bilho%u0303es ao ano (23,2%). A mosca-dos-chifres provoca perda de US$ 2,5 bilhões (18,3%); enquanto o berne, a mosca-da-bicheira e a mosca-dos-estábulos causam prejuízo estimado em US$ 1 bilhão (7,5%).

"A infestação ocorre no momento em que o carrapato se alimenta com sangue do animal. É quando o inseto inocula substa%u0302ncias anti-hemosta%u0301ticas, anti-inflamato%u0301rias e imunomodulato%u0301rias contidas em sua saliva. Essas substâncias modificam a fisiologia no local da picada, causando perda de sangue, reduc%u0327a%u0303o na imunidade do hospedeiro e irritação. O estresse do animal causado pelas infestac%u0327o%u0303es conduz a%u0300 interrupc%u0327a%u0303o da alimentac%u0327a%u0303o e, consequentemente, a%u0300 perda de peso e a%u0300 reduc%u0327a%u0303o da fertilidade", explica Tatiana Torres.

O controle do carrapato bovino e%u0301 feito com a aplicac%u0327a%u0303o de pesticidas, o que conduz, invariavelmente, a%u0300 selec%u0327a%u0303o de linhagens resistentes. Hoje, no Brasil, o carrapato bovino apresenta resistência, em maior ou menor grau, a todos os pesticidas comerciais empregados no controle da praga.

(com Agência Brasil)

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