A elevação da temperatura global aumentou a exposição de populações vulneráveis a ondas de calor extremo em todas as regiões do mundo no ano passado. A informação consta de um estudo sobre os efeitos das mudanças climáticas na saúde feito por especialistas de 27 instituições internacionais em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e divulgado na última quarta, dia 28 de novembro, na revista científica The Lancet.
De acordo com a publicação, o número de pessoas consideradas vulneráveis que foram submetidas a uma onda de calor aumentou em 157 milhões na comparação com o ano 2000 e em 18 milhões em relação a 2016.
As regiões com maior risco são a Europa e o leste do Mediterrâneo, que tem mais de 40% da população acima de 65 anos, faixa etária mais vulnerável. Já as populações da América do Sul e parte da Ásia estão mais expostas a enchentes e secas.
De acordo com o estudo, são consideradas populações vulneráveis os idosos, principalmente em áreas urbanas; os profissionais que trabalham expostos na agricultura, na área de construção e trabalhadores manuais. Também apresentam maior vulnerabilidade às variações climáticas pessoas que tem condições médicas pré-existentes, como doenças neurológicas, cardiovasculares, pulmonares renais e diabetes.
Segundo os pesquisadores, um dos efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde é o chamado estresse por calor. Os cientistas lembram que o corpo humano precisa manter uma temperatura média de 37º para funcionar normalmente. Quando expostos ao calor extremo, os mecanismos de defesa do corpo se alteram, com a dilatação das veias para aumentar o fluxo de sangue e o aumento do suor para equilibrar a temperatura, causando estresse nas funções de alguns órgãos.
O estudo alerta que 2018 tem sido um ano ainda mais quente em muitas partes do mundo e que a mortalidade por exposição a calor extremo já é uma realidade. A poluição do ar por carvão, por exemplo, é atribuída pelo estudo como causa de 16% das mortes em todo o mundo.
Ainda segundo a pesquisa, o calor agrava a poluição do ar e 97% das cidades em países de baixa e média renda não atendem às diretrizes de qualidade do ar da OMS. O relatório destaca também que o aumento da temperatura fora de época aumenta a propagação da cólera e da dengue em áreas endêmicas.
Outro fator do aquecimento global que afeta na questão da saúde é o risco de insegurança alimentar para os mais pobres, uma vez que os indicadores apontam uma tendência de redução no rendimento das colheitas em todas as regiões do mundo.
Soluções
Os autores sugerem o fortalecimento de regulamentos trabalhistas para proteger os trabalhadores, além da melhoria nas condições de hospitais e sistemas de saúde e aumento dos esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Os especialistas alertam que os gastos para adaptação aos efeitos do aquecimento global para a saúde ainda são inadequados, da ordem de 11,68 bilhões de libras, o que representa apenas 4,8% de tudo o que é investido no mundo em ações de adaptação para mudanças climáticas.
(com Agência Brasil)