Publicidade

Estado de Minas SAÚDE

Remédio para hepatice C pode tratar chikungunya

Novo uso do sofosbuvir foi descoberto pela USP


postado em 08/11/2018 13:33 / atualizado em 08/11/2018 13:34

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que o medicamento sofosbuvir – normalmente indicado para tratar a hepatite C crônica – pode ajudar a eliminar o vírus da chikungunya e da febre amarela. Segundo os cientistas, o remédio tem potencial para ser usado no combate a essas arboviroses. A expectativa é de que o fármaco consiga ajudar a evitar possíveis epidemias previstas para os próximos dois anos.

Detalhes sobre essa ação do sofosbuvir foram publicados no portal científico F1000 Research. Rafaela Milan Bonotto, uma das autoras do estudo, em entrevista à Agência Fapesp, conta que os resultados do experimento com células humanas infectadas pela chikungunya são surpreendentes e animadores. "A droga mostrou-se 11 vezes mais efetiva contra o vírus do que contra as células", comenta a pesquisadora. Um estudo com análises relativas à febre amarela será divulgado posteriormente.

Apesar dos resultados positivos, Rafaela alerta que mais pesquisas são necessárias para entender como se dá o efeito antiviral da substância. "Ainda não sabemos, com precisão, como a droga atua em termos moleculares. O que constatamos foi o resultado macroscópico: a eliminação do vírus e a preservação das células", diz à Fapesp. No caso do tratamento da hepatite C, também causada por um vírus, o sofosbuvir inibe a proteína que sintetiza o genoma viral. "Pode ser que ocorra o mesmo com o chicungunha, mas o mecanismo de ação ainda precisa ser elucidado", completa a cientista da USP.

A pesquisadora acredita que as descobertas levem a novos estudos para o desenvolvimento de outros tratamentos contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. "Não há vacina desenvolvida, e as ferramentas para diagnóstico ainda precisam ser otimizadas. O sofosbuvir é algo concreto que pode se tornar uma ferramenta poderosa para lutar contra esse vírus. Os resultados de nossa pesquisa possibilitam que as instituições eventualmente interessadas deem início aos ensaios clínicos", diz Lucio Freitas-Junior, professor da USP, um dos autores do trabalho, também em entrevista à agência Fapesp.

Semelhante à dengue, a chikungunya merece atenção devido às possíveis sequelas da infecção. Não são poucos os casos de pessoas que têm a doença e são acometidas por dores articulares debilitantes, com o risco de interferir nas atividades profissionais e até na locomoção.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade