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Estado de Minas ESTUDO

Pomada contra veneno da aranha-marrom sairá em breve

Ela faz parte de um estudo do Instituto Butantan


postado em 06/12/2018 07:58 / atualizado em 06/12/2018 08:01

O veneno da aranha-marrom, que tem apenas três centímetros, é muito poderoso, causa necrose e pode até matar(foto: Wikimedia/Philipe de Liz Pereira/Reprodução)
O veneno da aranha-marrom, que tem apenas três centímetros, é muito poderoso, causa necrose e pode até matar (foto: Wikimedia/Philipe de Liz Pereira/Reprodução)

O Instituto Butantan, de São Paulo (SP), está iniciando testes em humanos de uma pomada contra a picada da aranha-marrom (Loxosceles), cujo veneno pode causar necrose na pele, falência renal e até morte. O novo medicamento tem como ingrediente básico de tetraciclina, substância normalmente usada como antibiótico. Os testes já tiveram início em Santa Catarina, estado brasileiro com grande ocorrência de picadas desse aracnídeo.

"Foi uma longa jornada de pesquisa sobre a ação da toxina até o desenvolvimento da pomada. Há 20 anos conseguimos, pela primeira vez, isolar e fazer o sequenciamento da proteína mais importante do veneno da aranha-marrom. Com isso, estudamos os mecanismos de ação da toxina e desenvolvemos inibidores já patenteados que poderão ser usados em estudos de estrutura e função e, eventualmente, como terapia", comenta Denise Tambourgi, pesquisadora do Instituto Butantan, citada pela Agência Brasil.

Além de causar lesões graves na pele, que podem durar meses até serem curadas, a picada provoca, em alguns casos, efeitos sistêmicos, como hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos), agregação plaquetária, inflamação e falência renal, o que pode levar ao óbito do paciente.

A picada da aranha-marrom é indolor e a reação local ocorre imediatamente. Normalmente, as vítimas só procuram ajuda quando a lesão na pele já está instalada. "A necrose dos tecidos não é apenas consequência do veneno, mas de uma cascata de reações do próprio organismo, acionadas pela principal proteína da toxina", afirma a pesquisadora.

Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do Ministério da Saúde, em 2016 foram registrados 173.630 casos de acidentes com animais peçonhentos no Brasil, dos quais 7.441 foram por picadas de aranhas-marrons.

O Instituto Butantan já produz o soro para picadas desse aracnídeo, no entanto, a produção é limitada. "São aranhas pequenas, de no máximo três centímetros, portanto, conseguimos pouco veneno e são necessárias centenas de exemplares para se produzir o soro", esclarece Denise Tambourgi.

(com Agência Brasil)

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