O suicídio é um problema complexo que envolve fatores sociais, culturais, biológicos e psicológicos. Nos últimos 45 anos, o mundo registrou um aumento de 60% nas tentativas de suicídio, com uma previsão de que cerca de 1,5 milhão de pessoas tentarão se matar até 2020. Normalmente, esse ato chocante é agora atribuído à presença de algum distúrbio psiquiátrico. Agora, um estudo publicado em 2018 na revista científica Archives of Clinical Psychiatry, da Faculdade de Medicina da USP, revela que o problema psiquiátrico pode surgir como resultado de anormalidades originadas no corpo humano, particularmente distúrbios hormonais.
Os hormônios produzidos pela tireoide têm efeitos profundos no humor e no comportamento humano. Pesquisadores do Instituto de Saúde Mental de Punjab e do Centro de Medicina Nuclear do Mayo Hospital em Lahore, ambos no Paquistão, descobriram uma possível associação do mau funcionamento da tireoide com tentativas de suicídio.
Foram selecionados pacientes com história pregressa de tentativa de suicídio ou ideia suicida para análise do estado da função tireoidiana. Os voluntários tinham entre 15 e 55 anos.
Os resultados mostra que pacientes suicidas apresentam maior incidência de distúrbio tireoidiano e menor nível do hormônio tri-iodotironina (T3) em comparação com pacientes psiquiátricos não suicidas.
"A atividade da tireoide é consideravelmente regulada pelo iodo e, infelizmente, o Paquistão é considerado um dos países com deficiência grave de iodo. Cerca de 70% da população paquistanesa é considerada em risco de desordem por deficiência de iodo. Neste contexto, espera-se que um número de pacientes psiquiátricos possam ter anormalidades subjacentes da tireoide que podem levar a tentativas de suicídio", afirmam os cientistas no artigo publicado no ano passado.
De acordo com a pesquisa, pacientes suicidas do sexo feminino apresentaram menores níveis do hormônio T3 em comparação aos pacientes do sexo masculino. "Também foi observado que os pacientes suicidas avaliados apresentam maior incidência de transtorno tireoidiano evidente, bem como níveis significativamente mais baixos de T3 em comparação com pacientes psiquiátricos não suicidas", esclarecem os paquistaneses.