Em estudo publicado no dia 24 de janeiro no periódico científico Earth and Planetary Science Letters, cientistas descobriram que uma das rochas lunares coletadas por astronautas da missão Apollo 14, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), de 1971, na verdade, é parte da crosta terrestre de mais de quatro bilhões de anos atrás.
Essa afirmação foi possível graças à análise da composição do fragmento retirado da Lua. A rocha é composta de quartzo, feldspato e zircônio, minerais que são bastante comuns na Terra, mas que não são facilmente encontrados em nosso satélite natural. Acredita-se que até 0,5% de todos os resíduos da superfície lunar tenha se formado em nosso planeta e que pedaços de outros corpos celestes rochosos do Sistema Solar, como Vênus ou Marte, provavelmente também "contaminaram" a Lua.
"Se isso for verdade, então é uma descoberta fascinante. Nós realmente não temos um registro de rochas dessa época na Terra, o que significa que [o achado] nos permite vislumbrar uma época em que não podemos estudar aqui", comenta a pesquisadora Cornelia Rasmussen, da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, em entrevista para o site da revista americana Natiuonal Geographic.
Até então, os fragmentos minerais mais antigos já descobertos na Terra são originados de Jack Hills, na Austrália, e têm até 4,4 bilhões de anos. Mas essa datação vem sendo contestada, já que os minerais podem ser antigos, mas são restos de rochas que se desintegraram há muito tempo. Em contraste, o exemplar coletado pela Apollo 14 está mais preservado.
A rocha trazida pelo astronauta Alan Shepard em 6 de fevereiro de 1971 contendo o suposto pedaço da Terra – formalmente chamada de 14321 – é uma das maiores que as missões Apollo coletaram na Lua. Ela tem o tamanho de uma bola de basquete e pesa quase nove quilos. É um tipo de rocha chamada brecha, uma espécie de aglomerado pedregoso feita a partir de pedaços de muitas rochas diferentes.
A explicação para o envio do fragmento da Terra para a Lua, segundo os cientistas, possivelmente se deve ao impacto de um asteroide ou cometa contra nosso planeta, quando ele ainda estava na fase geológica intitulada Hadeano, que ocorreu há cerca de 4,57 bilhões e 3,85 bilhões de anos.