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Estado de Minas AGRICULTURA

Um tipo de açúcar pode substituir o glifosato

O novo herbicida foi descoberto na Alemanha


postado em 12/03/2019 08:32 / atualizado em 12/03/2019 08:43

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)

Uma boa notícia para a natureza: pesquisadores da Universidade de Tübingen, na Alemanha, descobriram uma substância natural que tem a mesma capacidade herbicida do polêmico glifosato, que é muito usado na agricultura brasileira, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esse agrotóxico é associado a riscos para a saúde e para o meio-ambiente.

A alternativa natural é uma molécula de açúcar liberada por um tipo de cianobactéria, também chamada de alga verde-azulada. O grupo de cientistas conduzia estudos apenas para analisar a bactéria e descobriu a molécula de açúcar por acaso. A informação foi divulgada pela emissora estatal alemã Deutsche Welle.

A cianobactéria em questão, a Synechococcus elongatus, é de água doce e bastante "egoísta". Ela excreta o açúcar 7-desoxi-Sedoheptulose (7dSh) para inibir o desenvolvimento de cepas de bactérias concorrentes. A inibição é tão bem-sucedida que os cientistas quiseram saber o que há por trás do mecanismo.

O pesquisador Klaus Brilisauer, juntamente com os colegas Stephanie Grond e Karl Forchhammer, descobriu que o 7dSh age sobre a mesma via metabólica que o glifosato. "Ele age sobre outra enzima, mas é a mesma via metabólica, a chamada via do chiquimato", diz Brilisauer em entrevista à emissora. O efeito é o mesmo: as plantas tratadas com o açúcar têm seu crescimento interrompido.

Por meio da via do chiquimato, plantas e microrganismos produzem importantes aminoácidos. Dado que esse tipo de metabolismo não existe em formas mais avançadas de vida, como humanos e animais, o açúcar é inofensivo para esses organismos. "Nós tratamos embriões de peixe-zebra com uma dose bem alta sem nenhum efeito negativo", comenta o pesquisador.

A nova substância, entretanto, ainda não pode ser utilizada porque precisa ser testada fora dos laboratórios. Além disso, aguarda liberação para uso como herbicida. "Nós já estamos conversando com parceiros", diz Klaus Brilisauer à Deutsche Welle. O processo pode levar 18 meses ou mais. "Nós esperamos uma boa degradabilidade e baixa ecotoxicidade", completa.

Na prática, porém, justamente a degradabilidade pode arruinar o uso da substância. Se se degradar muito rapidamente em campo, ela não será capaz de desenvolver seu efeito inibidor de ervas daninhas.

Brilisauer não tem receio de que a Bayer, produtora do glifosato, tenha objeção à chegada de uma alternativa natural ao mercado. "A longo prazo, o glifosato vai desaparecer do mercado de toda forma", diz o cientista, acrescentando que a Bayer até seria bem-vinda para participar do desenvolvimento da substância.

A Universidade de Tübingen já apresentou um pedido de patente.

(com Deutsche Welle)

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