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Estado de Minas CIÊNCIA

Estudo descobre praga da soja e do algodão resistente a pesticida

Lagartas da espécie Helicoverpa armigera não são afetadas por agrotóxicos piretroides


postado em 23/07/2018 11:54 / atualizado em 23/07/2018 11:57

(foto: Gerhard Waller/Esalq/Divulgação)
(foto: Gerhard Waller/Esalq/Divulgação)
A lagarta da mariposa Helicoverpa armigera, originária da Europa, foi descoberta no Brasil em 2013, quando causou danos severos e perdas econômicas em torno de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 7,6 bilhões) nas lavouras de soja e algodão. Para combater a nova praga invasora, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento elaborou, na época, uma lista de pesticidas para uso emergencial. O problema é que essas mariposas são altamente resistentes a parte dos inseticidas incluídos na lista, principalmente àqueles pertencentes ao grupo dos piretroides – composto químico sintético similar às substâncias naturais piretrinas, produzidas pela flor dp gênero Pyrethrum.

"Foram relatadas falhas no controle de H. armigera com esse grupo de inseticidas em diversas regiões produtoras do Brasil", alerta a engenheira agrônoma Mariana Durigan, responsável por um estudo sobre o tema na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP. Parte dos resultados foram publicados em 2017 na revista científica Pesticide Biochemistry and Physiology.

Segundo a pesquisadora, a resistência das lagartas a esses compostos já havia sido reportada em alta frequência em países como Austrália, China, Índia e Paquistão. A engenheira agrônoma detectou nas mariposas a presença de um gene que confere resistência aos piretroides. "Considerando que resistência é um caráter genético e hereditário, nós consideramos a hipótese de que os indivíduos que deram origem às populações de H. armigera no Brasil possuíam características genéticas que conferem resistência a piretroides, o que explicaria as falhas de controle observadas em campo", explica Mariana Durigan. Ela também verificou o caráter dominante da resistência da espécie aos inseticidas, o que acelera sua evolução em uma população de pragas.

A pesquisa sugere que deve ser realizada a implementação de um programa de manejo da resistência dessa espécie de mariposa a inseticidas no Brasil para garantir a vida útil e a eficácia dos compostos químicos inseticidas usados no campo.

"A implementação de um programa de manejo da resistência de H. armigera a inseticidas no Brasil é crucial e urgente, se quisermos garantir a produtividade e sustentabilidade das nossas lavouras, além de prolongar a vida útil das moléculas disponíveis no mercado", afirma a engenheira agrônoma.

(com Jornal da USP e assessoria de comunicação da Esalq)

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