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Estado de Minas MATERNIDADE

É normal evitar o sexo após o nascimento do bebê?

Especialista fala sobre o período do puerpério, que pode afetar negativamente muitas mulheres


postado em 05/04/2019 09:07 / atualizado em 05/04/2019 09:11

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Logo após o nascimento do bebê, a mulher passa a entrar na fase chamada puerpério, quando o hormônio prolactina, responsável pela lactação, se torna predominante no corpo da mãe. A substância é fundamental na diferenciação das células da glândula mamária, que passam a produzir leite. Quando não é necessária a amamentação, a concentração desse hormônio cai drasticamente no organismo feminino.

De acordo com a ginecologista e obstetra Karina Tafner, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SP), a prolactina também interfere no sistema hormonal responsável pela ovulação, evitando uma nova gravidez. Com isso, acaba afetando o comportamento sexual da puérpera. "Consequentemente, inibe a produção dos hormônios femininos estrogênio e progesterona. O estrogênio é o principal responsável pela manutenção do trofismo [nutrição, desenvolvimento e conservação de tecidos] e da lubrificação vaginal. No puerpério, devido à falta de estrogênio, a mulher pode sentir a vagina mais seca, ocasionando maior dificuldade em ter relações sexuais devido ao incômodo e à dor que surgem durante a penetração", explica a médica.

"Quando o bebê nasce de parto normal, o trauma perineal e a cicatrização da episiotomia [incisão entre a vagina e o ânus para ajudar o parto] também podem resultar na dificuldade da penetração por dor ou mesmo por receio em lesar o local em processo de cicatrização", comenta a ginecologista.

Segundo ela, um estudo britânico publicado em 2018 aponta que cerca de 47% das mulheres e 43% dos homens acham que os relacionamentos íntimos pioraram após o nascimento do bebê. "De acordo com o estudo, o desejo sexual diminui em 61% das mulheres e em 30% dos homens depois de colocar filhos no mundo. A frequência de relações sexuais dos casais diminui em 47%", completa Karina Tafner.

Depressão pós-parto

A médica lembra ainda outro efeito comum no puerpério que é o quadro leve e transitório de depressão, que chega a acometer 60% das mulheres no pós-parto. "Os sintomas como tristeza, choro fácil, labilidade das emoções e desânimo são sentidos nos primeiros dias, logo após o parto", afirma a especialista.

Porém, a depressão pós-parto, que pode afetar a puérpera de quatro a seis semanas após o nascimento da criança é algo bem mais grave. "Pode surgir antes mesmo do parto, no final da gestação. Os sintomas são similares aos da depressão comum, como tristeza, apatia, ideias de culpa, insônia e até desinteresse pelo bebê. Obviamente que o contexto sexual também é afetado", afirma Karina.
A ginecologista diz que é normal a mulher sentir medo e ansiedade na hora de ter relações sexuais enquanto está na fase de amamentação. "Vale lembrar que esta é uma fase normal, mas, ainda assim, buscar apoio médico ajuda a encontrar soluções, evitando problemas na vida íntima do casal. O ideal é procurar seu ginecologista para receber orientações sobre o quadro e como proceder diante dessa situação. No caso da depressão pós-parto, o tratamento pode incluir medicação antidepressiva, sempre com orientação médica, principalmente se a mãe estiver amamentando o bebê", orienta a especialista.

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