Estado de Minas ECONOMIA

Endividamento das famílias em BH sobe em julho e chega a 88,4%

Mais da metade dos consumidores têm contas em atraso, e 20,2% dizem não ter condições de quitar dívidas em agosto, aponta pesquisa da Fecomércio MG


postado em 25/08/2025 10:46 / atualizado em 25/08/2025 10:56

Apesar da elevação, o levantamento aponta queda no superendividamento diminuiu(foto: Freepik)
Apesar da elevação, o levantamento aponta queda no superendividamento diminuiu (foto: Freepik)
O endividamento das famílias de Belo Horizonte registrou alta em julho, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), analisada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). O índice subiu 0,7 ponto percentual em relação a junho, chegando a 88,4%. Apesar da elevação, o levantamento aponta queda no superendividamento — quando mais de 50% da renda mensal é comprometida com dívidas — que passou de 22,6% em junho para 20,5% em julho.

Por outro lado, aumentou o número de consumidores com contas em atraso. O percentual chegou a 57,7%, 4,3 pontos acima do verificado no mês anterior. Também houve leve alta, de 0,4 p.p., no número de pessoas que declararam não ter condições de pagar as dívidas em agosto, que passou a 20,2%.

De acordo com Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, alguns fatores específicos explicam o avanço da inadimplência. “Hoje muitas famílias indicam que, apesar da cautela dos bancos na hora de conceder crédito, o acesso a esses recursos continua sendo fácil, principalmente para modalidades como o cartão de crédito e o carnê. Com isso, não há grandes entraves com a utilização do crédito, entretanto, com a presença de taxas de juros mais altas e condições de pagamento mais reduzidas, muitas famílias perdem a capacidade de pagamento de suas dívidas dentro dos prazos estabelecidos, acarretando a inadimplência”, avalia.

Entre os entrevistados, 45,9% disseram estar pouco endividados, 26,2% se consideram mais ou menos endividados e 16,3% afirmaram estar muito endividados. Apenas 11,6% declararam uma situação de alto endividamento, percentual menor do que o de junho (15,6%). O cartão de crédito continua sendo o principal vilão do orçamento. O índice de famílias endividadas nessa modalidade passou de 93,7% em junho para 95,9% em julho. Entre aquelas com renda igual ou maior que dez salários-mínimos, o percentual alcança 98,8%.

A pesquisa mostra ainda que a inadimplência é mais alta entre famílias com rendimentos de até dez salários-mínimos (59,3%) do que entre as de renda superior (47,6%). Entre todos os entrevistados endividados, 65,2% estão com dívidas em atraso. Entre as famílias com contas atrasadas, 40,4% afirmam que essas dívidas ultrapassam 90 dias. Em média, os atrasos chegam a 59,8 dias, e 77,7% dos entrevistados disseram que suas famílias mantêm dívidas em aberto por mais de três meses.

Quando perguntados sobre a capacidade de pagamento, 21,5% das famílias com renda de até dez salários-mínimos afirmaram não ter condições de quitar os débitos no mês seguinte. Entre os de maior renda, o percentual cai para 12,8%. Considerando apenas os indivíduos com dívidas atrasadas, 35% dizem não ter como honrar os compromissos em agosto.

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