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Estado de Minas TEATRO

Jonas Bloch vem a BH e fala sobre teatro e a polêmica Lei Rouanet

O ator, que está nos palcos com uma peça baseada na obra do escritor Manoel de Barros, diz que 'a Lei Rouanet, muitas vezes, trata a arte como mercadoria'


postado em 08/07/2016 08:19 / atualizado em 08/07/2016 10:33

"Não adianta pensar só em cadeia, é preciso uma mudança de mentalidade e isto se alcança por meio da cultura", diz o ator Jonas Bloch (foto: Tata Barreto/TV Globo/Divulgação)
Comemorando 55 anos de carreira, o ator Jonas Bloch vem a Belo Horizonte, nos próximos dias, para apresentar seu novo espetáculo. A montagem, intitulada O Delírio do Verbo, trata de temas contemporâneos como o comportamento humano e é baseada na obra do consagrado escritor mato-grossensse Manoel de Barros, que, certa vez, foi definido, pelo mineiro Carlos Drummond de Andrade, como "o maior poeta vivo".

Após nove anos consecutivos atuando em novelas, Jonas Bloch se mostra feliz com o retorno aos palcos: "Interpretar um texto tão rico em conteúdo, cheio de humor e poesia, com um olhar sobre o mundo e a vida é uma grande alegria", afirma o ator. "É o meu reencontro com a arte, me sinto realizado", completa.

Conflito de gerações?

Nos dias atuais, em que predominam livros que tratam da vida de celebridades da internet entre os mais vendidosos do país, poderia ser um risco resgatar a obra de um autor clássico, como Manoel de Barros. De fato, Jonas Bloch confessa que ficou receoso, mas que a tensão desapareceu assim que a peça começou a ser apresentada. "Em Bonito [MS], o espetáculo foi encenado em praça pública e eu tive medo que as pessoas não gostassem. Mas todos aplaudiram e gritaram muito ao final", conta Jonas Bloch. "Foi como nos shows de música", brinca o ator carioca.

Lei Rouanet

Sobre as recentes polêmicas envolvendo a má utilização da Lei Federal de Incentivo à Cultura, conhecida também como Lei Rouanet, Jonas Bloch diz que o problema está no método de escolha dos projetos patrocinados. "Hoje, quem decide o que vai ou não receber recursos da Lei Rouanet são pessoas ligadas ao marketing das grandes empresas e, desta forma, a arte é tratada como mercadoria. Ou seja, vale mais o que tem maior sucesso e não o que é mais artístico. Isso não deveria acontecer", comenta.

Apesar das falhas na legislação, Jonas Bloch reforça que a Lei Rouanet é necessária, pois diversos projetos tornam-se inviáveis se não houver patrocínio. "A cultura é uma das chaves para solucionar alguns dos nossos maiores problemas: violência e preconceito. Não adianta pensar só em cadeia, é preciso uma mudança de mentalidade e isto se alcança por meio da cultura", completa o artista.

Serviço:

Espetáculo O Delírio do Verbo
Onde: Teatro Sesiminas
Endereço: rua Padre Marinho 60, Santa Efigênia, Belo Horizonte/MG
Data: 22, 23 e 24/7
Horário: sexta e sábado às 21h; domingo às 19h
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Informações: (31) 3241-7181

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