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Estado de Minas CIDADE | CARNAVAL

Blocos de BH já se preparam para o carnaval de 2018

Alguns dos principais grupos da cidade se reúnem o ano inteiro para ensaios e apresentações


postado em 09/08/2017 14:48 / atualizado em 09/08/2017 14:57

A Orquestra Atípica de Lhamas, que aposta no ritmo de origem colombiana cumbia: três vocalistas e 17 músicos (foto: Lucas Bois/Divulgação)
A Orquestra Atípica de Lhamas, que aposta no ritmo de origem colombiana cumbia: três vocalistas e 17 músicos (foto: Lucas Bois/Divulgação)
Os acordes do último carnaval belo-horizontino ainda estão vivos na memória de quem mora na capital mineira, mas a animação não acabou na Quarta-Feira de Cinzas. Mesmo com a festa de Momo distante, alguns dos blocos se reúnem para afinar as baterias e ensaiar músicas que vão embalar os foliões em 2018. Nos fins de semana, levam seu trios elétricos a festivais e eventos culturais da capital.

Nos últimos anos, o carnaval de BH vem se profissionalizando e em 2017 mais de 3 milhões de pessoas acompanharam os trios elétricos, superando a estimativa de público da Belotur. O campeão de público foi o Baianas Ozadas, que tirou aproximadamente 500 mil pessoas de suas casas na segunda-feira. "Tocamos o ano inteiro tanto para fazer uma caixinha para o carnaval quanto para organizarmos toda a questão musical para o desfile", diz Géo Cardoso, fundador e cantor da banda que leva o mesmo nome do bloco.

A banda do bloco Baianas Ozadas: além de arrecadar dinheiro, shows e oficinas de percussão preparam a festa para o carnaval 2018(foto: Violeta Andrada/Encontro)
A banda do bloco Baianas Ozadas: além de arrecadar dinheiro, shows e oficinas de percussão preparam a festa para o carnaval 2018 (foto: Violeta Andrada/Encontro)
O sucesso das últimas edições fez com que a banda se tornasse o principal ofício de seus integrantes, que hoje tocam e levam o nome do bloco aos quatro cantos do país. Neste mês, Bill Lucas, percussionista do grupo, começa a ministrar oficinas a foliões interessados em aprender ou aprimorar seus conhecimentos em tambores, pandeiros e agogôs. "Nós vamos divulgar em nossas redes sociais o link de inscrição para a oficina", comenta Bill. O bloco vai divulgar também as datas dos ensaios para o desfile, que começará em meados de agosto. "Pode parecer que estamos adiantados, mas, considerando todo o trabalho que envolve a montagem, estamos é desesperados."

O bloco Cómo Te Lhamas? criou a Orquesta Atípica de Lhamas, que investe na cumbia, ritmo de origem colombiana. O grupo vem fazendo shows em casas noturnas e festivais, além de bailes periódicos de produção própria, realizados no Bar Latino/Necup, no Prado. O próximo está marcado para 6 de setembro. "Nos últimos tempos, o brasileiro vem buscando se conectar com suas raízes latino-americanas e trocar experiências culturais e sociais com os países que nos cercam", acredita Lucas Buzatti, percussionista da orquestra.

Uma das fundadoras do bloco Chama o Síndico, Nara Torres conta que o grupo, criado em 2012, também deu origem a uma banda, que trabalha o ano inteiro. "Realizamos bailes, shows e até um arraial para obter recursos", diz. "Não ficamos sem tocar em nenhum momento do ano." A preparação do desfile para o carnaval de 2018 está prevista para começar em setembro. Nara conta que vai oferecer oficinas de formação musical e priorizar a construção coletiva do próximo desfile. "Vamos oferecer oficinas semanais em diferentes locais da cidade. Serão 150 vagas para percussionistas, 30 para os metais, 30 para dançarinos e outras 30 para o coro", explica Nara. As oficinas são pagas e o valor, data e ficha de inscrição serão divulgados nas páginas das redes sociais do bloco.

A banda Chama o Síndico faz tributo ao músico Tim Maia: oficinas servirão para preencher 150 vagas para percussionistas, 30 para os metais, 30 para dançarinos e outras 30 para o coro(foto: Violeta Andrada/Encontro)
A banda Chama o Síndico faz tributo ao músico Tim Maia: oficinas servirão para preencher 150 vagas para percussionistas, 30 para os metais, 30 para dançarinos e outras 30 para o coro (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Alguns grupos surgiram com a proposta de se tornarem típicas escolas de samba. É o caso da Unidos do Samba Queixinho, que nasceu em 2009. "Além de trabalharem com a questão da musicalização, as escolas de samba trazem a proposta de ocupação dos espaços públicos e a propagação da cultura através do samba-enredo", explica o fundador, Gustavo Caetano. As oficinas da escola são abertas ao público e ocorrem todas as quartas-feiras, às 19h, no galpão da escola, no Carlos Prates. A Unidos do Samba Queixinho participa também de eventos culturais no estado, como a Mostra de Cinema em Tiradentes e a Parada LGBT de Belo Horizonte.

A oficina começa com todos dispostos em círculo, de acordo com o instrumento de preferência de cada um. Instrumentos iguais ficam lado a lado. Gustavo fica no centro do círculo e acompanha atentamente o desenvolvimento individual de cada participante, oferecendo auxílio sempre que necessário. "Brincamos que o olho do Gustavo até faísca quando erramos. Mas posso falar? Não tem nada mais satisfatório do que vir aqui tocar meu tamborim", conta a artista plástica Milena dos Santos.

O constante esforço dos blocos para criar espetáculos cada vez maiores e mais organizados ajuda a explicar como o carnaval da capital mineira se tornou um fenômeno de público. "Antes, Belo Horizonte exportava foliões para outros lugares, mas nos últimos anos conseguimos observar o processo inverso", diz Géo Cardoso. Agora, não é preciso esperar fevereiro para aproveitar essa festa. (Colaborou Geisiane Martins)

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