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Estado de Minas ESPORTE

Lucas Couto revela os bastidores do acordo entre Atlético e Le Coq Sportif

O diretor de operações do Galo foi o homem à frente de toda a negociação com a multinacional francesa, que retornou ao Brasil após 16 anos


postado em 06/06/2019 16:42 / atualizado em 07/06/2019 01:58

Lucas Couto está no Galo desde 2011 e também foi o responsável por turbinar o programa de sócio-torcedor do clube, o Galo Na Veia(foto: Ronaldo Dolabella/Encontro/Arquivo)
Lucas Couto está no Galo desde 2011 e também foi o responsável por turbinar o programa de sócio-torcedor do clube, o Galo Na Veia (foto: Ronaldo Dolabella/Encontro/Arquivo)
Em fevereiro deste ano, o Atlético anunciou uma substituição que causou expectativa nos torcedores. Entretanto, não era uma troca de jogadores, tampouco de treinador. Na verdade, era uma mudança na fornecedora de material esportivo: sairia a brasileira Topper e, surpreendentemente, entraria a francesa Le Coq Sportif, inédita para o Galo.

A substituição, propriamente dita, não foi o que causou mais surpresa, mas sim a chegada de uma marca que não atuava no mercado brasileiro desde 2003, quando era a fornecedora de uniformes do Paraná Clube. A partir do acordo com o Galo, a empresa sediada na cidade de Entzheim retorna ao país não só com o material do clube mineiro, mas, também, com toda a sua linha de tênis, chuteiras, roupas e acessórios esportivos voltados para todos os públicos.


A chegada da empresa francesa ao Atlético foi também uma bela jogada de marketing da diretoria alvinegra, uma vez que o galo, além de símbolo do clube mineiro, é, também, o logotipo da LeCoq - a inspiração da marca é o galo gaulês, símbolo nacional da França.

Outro aspecto importante é que trata-se de uma fornecedora de material esportivo exclusiva no futebol brasileiro, reconhecida internacionalmente e que, ao mesmo tempo, faz o clube sair da mesmice das camisas das equipes brasileiras, atualmente dominadas pelas americanas Nike e Under Armour, as alemãs Adidas e Puma, e a inglesa Umbro.

As novas camisas do Galo para a temporada 2019, produzidas pela Le Coq Sportif(foto: Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)
As novas camisas do Galo para a temporada 2019, produzidas pela Le Coq Sportif (foto: Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)
Por trás de tudo isso está o diretor de operações do Atlético, Lucas Couto. Ele, que está no clube desde 2011 e tornou-se executivo do Galo em 2015, esteve à frente da idealização e de toda a negociação do contrato entre o Clube Atlético Mineiro e a Le Coq Sportif.

Em entrevista exclusiva à Encontro, o dirigente revelou os bastidores do acordo entre os dois galos. Confira abaixo.

A saída da Topper

Antes da Le Coq, era a empresa brasileira Topper quem fornecia materiais esportivos ao Atlético. A decisão de realizar a substituição de marca se deu, no fim do ano passado, por quebra de contrato, segundo Lucas Couto: "A Topper não estava pagando o valor de patrocínio que havia sido acordado. Basicamente, em termos de valores, o contrato não estava mais sendo renovado", afirma o dirigente.

Um galo na camisa do Galo

A partir disso, obviamente, o Atlético precisaria buscar outro fornecedor, que poderia ser uma das marcas que já atuavam no Brasil. Poderia se não fosse um detalhe muito importante.

O diretor de operações do clube mineiro revela que, mesmo em mandatos anteriores ao do atual presidente Sérgio Sette Câmara, existia um curioso "sonho" da diretoria do Atlético, que era de ter um galo - que é o maior símbolo do clube - estampado no topo da camisa, ao lado do famoso escudo CAM. Os dirigentes também tinham a ideia de que o Atlético voltasse a ter uniformes fornecidos por uma empresa multinacional (a última foi a Puma, nas temporadas de 2014 e 2015).

"Esse sonho era meu também, e acredito que todo mundo que sonha e trabalha sempre vence. Por isso, em novembro, eu resolvi enviar um e-mail para o presidente mundial da Le Coq", revela Lucas Couto.

As conversas

"Ele respondeu meu e-mail dizendo que estava no Brasil. Fiquei superansioso por um novo contato, mas ele disse só isso e mais nada. Fiquei sem saber o que fazer", relembra o diretor do Galo. A continuação da conversa só ocorreu quase um mês depois, em dezembro, quando o CEO da companhia francesa pediu a Lucas Couto que procurasse Vanessa Ferrari, representante da marca no Brasil.

Depois disso, reuniões entre a diretoria do Galo e a licenciada da Le Coq foram marcadas em Porto Alegre e a negociação ocorreu rapidamente, segundo Lucas Couto. "Iniciamos as tratativas no dia 24 de dezembro, e no réveillon já estava tudo acertado", conta, orgulhoso, o diretor de operações do Galo. "Fiquei feliz em dobro porque foram duas vitórias: os convenci a voltar para o Brasil e a patrocinar o Atlético. Trazer uma multinacional de volta para o país é um grande orgulho", completa.

Ele destaca, ainda, que o "sonho Le Coq" não se concretizaria sem a união entre todos os membros da diretoria e o apoio do conselho deliberativo do clube.

Ida à França

Fechado o negócio no Brasil, já com contrato assinado, Lucas Couto e outros membros da cúpula atleticana se dirigiram à França para conhecer a linha de produção da companhia francesa. A visita, segundo o diretor atleticano, serviu para que o clube conhecesse, de perto, toda a estrutura da empresa.

Perguntado se a Le Coq já estava ciente da grandeza do Atlético, Lucas Couto responde que os dirigentes da nova fornecedora se mostraram surpresos. "Eles já conheciam o clube, mas não tinham noção do tamanho e da força da torcida do Galo, que realmente surpreendem qualquer pessoa", ressalta o diretor de operações do Atlético.

Aprovação da camisa e provocação ao rival

Lucas Couto revela que a criação do novo uniforme do Galo, sobretudo o principal, de jogo, foi em conjunto com o presidente Sérgio Sette Câmara "e amigos atleticanos muito próximos".

A camisa principal possui elementos que agradaram muito à torcida. São referências às camisas de 1999 (nas mangas) e 2009 (na gola) - esses dois uniformes são considerados pelos torcedores entre os mais bonitos de toda a história do Atlético.

É exatamente nesses detalhes que a diretoria atleticana resolveu fazer uma provocação sutil ao maior rival do Galo, o Cruzeiro. "A camisa de 2019, possui referências a outros anos terminados em nove porque jamais podemos deixar de lembrar do 9 a 2 [placar da maior goleada na história do clássico mineiro, ocorrida em 1927, quando o Atlético venceu o Cruzeiro - que naquela época chamava-se Palestra Itália, no extinto Estádio da Alameda]", conta Lucas Couto.

Contrato diferenciado no futebol brasileiro

A parceria entre Le Coq Sportif e Atlético é inédita para o clube, uma vez que o Galo receberá um percentual sobre as vendas, não só de materiais de futebol, mas de todos os produtos da empresa francesa que ocorrerem dentro do estado de Minas Gerais.

"Não é só um simples fornecimento de material esportivo. Hoje o Galo é sócio da Le Coq Sportif. É um contrato muito, muito bom mesmo, porque ganharemos royalties sobre qualquer produto vendido, mesmo sem a marca do Atlético. Só não posso revelar os números porque envolve uma cláusula de confidencialidade", explica Lucas Couto.

Camisas sem patrocínio e quarta camisa

Atendendo aos pedidos de suas torcidas, clubes como o Flamengo anunciaram a venda de camisas sem os patrocínios, que, em excesso, desagradam muitos torcedores.

Para decepção da torcida atleticana, Lucas Couto descarta essa possibilidade no clube mineiro. "O torcedor precisa entender que são os patrocinadores que ajudam a manter toda a estrutura do clube funcionando, então não dá para vender as nossas camisas sem essas marcas", diz o diretor de operações do Galo. "Em compensação, vamos fazer uma quarta camisa ainda nesse ano", finaliza.

Veja, abaixo, uma galeria de imagens das novas camisas do Galo para a temporada 2019, produzidas pela Le Coq Sportif:

Uniformes 2019

(Fotos da galeria: Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

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