
Para Leo Butija, um dos nomes mais tradicionais do tênis mineiro, que está à frente da escola Butija Tênis há quase duas décadas, o cenário atual remete à chamada “Era Guga”, referindo-se ao tenista Gustavo Kuerten, hoje com 48 anos, campeão três vezes de Roland Garros, a primeira delas em 1997, quando despertou nos brasileiros um maior interesse pela raquete. “Desde a pandemia, vivemos um novo boom. As pessoas passaram a procurar esportes com pouco contato físico. E aí veio o João Fonseca e multiplicou isso por dez”, relata.
O nome do carioca, destaque no circuito internacional, ecoa por clubes, academias e grupos de WhatsApp. “Outro dia, na academia de um amigo, dois novatos queriam alugar uma quadra. Não tinham nem raquete nem bolinha, mas tinham visto o João jogar e queriam experimentar o esporte”, conta Butija.
Roberto Moreira, vice-presidente da Federação Mineira de Tênis e Beach Tennis (FMT), confirma a tendência. “Percebemos um aumento significativo no interesse. O desempenho de João Fonseca tem inspirado uma nova geração e despertado o olhar da mídia e do público para o tênis”. Para ele, o jovem já virou referência para atletas em formação. “É uma motivação real para que eles se dediquem mais.”

Na formação dos jovens, Weberth acredita que o impacto do tênis está muito além da técnica. “Muitos alunos chegam sem referências de disciplina, foco ou saúde. O ambiente do esporte ajuda a moldar o caráter”, diz. “Formamos um atleta, sim, competitivo dentro da quadra. Mas que tenha uma visão crítica do seu mundo, das suas potencialidades e, principalmente, que saiba sonhar com grandes objetivos.”
E não são apenas os adolescentes e fãs da nova revelação do esporte que estão sendo fisgados pelas quadras. No Minas Tênis Clube, um dos mais tradicionais da capital, a procura por aulas explodiu nos últimos anos. Renato Assis Garcia, coordenador do curso, diz que a pandemia trouxe um incentivo extra, já que a modalidade permitia o distanciamento, mas a tendência se manteve. “Hoje temos cerca de 980 alunos, divididos entre as unidades Minas 1, Minas 2 e Minas Country. A fila de espera quintuplicou desde 2020”. A taxa de permanência impressiona: mais de 95% continuam a praticar ao longo dos anos.
Para os adultos, o tênis oferece uma combinação irresistível: saúde, lazer e longevidade. “É um esporte que você pode praticar a vida inteira, por ter pouco impacto entre os adversários. Nosso aluno mais velho tem 83 anos”, conta Renato. A facilidade de organização – bastam dois jogadores e uma quadra – também é um atrativo.

Inclusão em quadra
Se por um lado os clubes estão lotados, por outro o esporte também ganha espaço como ferramenta de transformação social. E nesse quesito, Leo Butija e sua escola são protagonistas. Há 16 anos, ele desenvolve um projeto de tênis em cadeira de rodas que atende atualmente 24 atletas. Entre eles, nomes de destaque como Vitória Miranda e Luiz Calixto, que conquistaram títulos no Australian Open júnior na categoria adaptada.

A trajetória de Luiz Calixto é um exemplo disso. O jovem conheceu Leo enquanto vendia balas no sinal. “Eu estava no farol quando ele me viu e me convidou para conhecer a quadra. Foi ali que tudo começou”, conta. O título no Australian Open, conquistado no início deste ano, foi um divisor de águas. “Só de ter ido já foi incrível. Vencer então… mudou a minha vida.” Hoje, Luiz já consegue ajudar financeiramente a família e sonha alto. “Consigo dar uma tranquilidade maior para minha mãe e quero ser cada dia melhor, ir mais longe.”
Apesar das vitórias, Luiz também aponta os desafios e um longo caminho a ser trilhado para que outros jovens tenham o mesmo acesso. “É um esporte que, para quem é pobre, muitas vezes é inacessível. Só consegui por meio de projetos sociais. Falta estrutura para quem precisa.” Butija reforça: “A procura por atletas cadeirantes não cresce mais porque o acesso é difícil. Muitas famílias não têm condições. Mas onde conseguimos atuar, fazemos a diferença. Hoje atendemos seis cadeirantes gratuitamente.”

Para ampliar o alcance do esporte, a Federação Mineira de Tênis também tem apostado em iniciativas ousadas. Entre os projetos estão o “FMT nas Ruas” e o “FMT nos Parques”, que levam o tênis para espaços públicos. Em Lagoa Santa, a federação apoia um projeto social que já atende mais de 150 crianças.
O momento é, sem dúvida, promissor. Novos ídolos, paixão coletiva e projetos transformadores desenham um bom futuro para o tênis na capital mineira. Mas, como alerta Roberto Moreira, é preciso mais do que entusiasmo e um talento individual para manter o movimento. “Para que esse boom se torne sustentável, precisamos fortalecer a base, investir na formação de professores e garantir acesso de qualidade ao esporte. Só assim conseguiremos desenvolver nossos atletas dentro do Brasil.”
Serviço
Minas Tênis Clube
Sedes do Minas 1, 2 e Country
Site: minastenisclube.com.br/esportes/tenis/
Olympico Club
R. Professor Estevão Pinto, 783, Serra
(31) 3073-9111 / (31) 3073-9112
email: olympico@olympico.com.br
Butija Tênnis
Rua José Laporte Neto, 100, Estoril
@butijatennis
One Tennis Escola de Formação
Américo Macedo, 348 - Gutierrez
(Barroca Tênis Clube)
@onetennisescola
Contato: 31 9798-1821