Estado de Minas ESPORTE

Promessa no tênis, João Fonseca inspira interesse pelo esporte

Jovens talentos como o carioca de 18 anos impulsionam a popularidade do esporte na capital, que vive um boom de novos praticantes


postado em 20/05/2025 08:57 / atualizado em 20/05/2025 10:13

Aos 18 anos, João Fonseca tem impressionado o mundo com a conquista de títulos significativos e quebra de recordes (foto: Instagram @ joaoffonseca/Reprodução )
Aos 18 anos, João Fonseca tem impressionado o mundo com a conquista de títulos significativos e quebra de recordes (foto: Instagram @ joaoffonseca/Reprodução )
Com apenas 18 anos, o carioca João Fonseca tem conquistado o mundo. Atual número 65 do ranking da ATP, o jovem tenista é um dos representantes brasileiros na edição de 2025 de Roland Garros, que começa no dia 25 de maio e vai até 8 de junho, nas tradicionais quadras de saibro do Stade Roland Garros, em Paris. Ao lado de Thiago Monteiro, Thiago Wild, Bia Haddad Maia e Laura Pigossi, Fonseca integra a delegação nacional que disputa o segundo Grand Slam da temporada. Desde 2023, quando se tornou o primeiro brasileiro campeão do US Open juvenil, o garoto explodiu em popularidade e acendeu um novo entusiasmo pelo tênis em todo o país. Em Belo Horizonte, esse efeito foi imediato: clubes e escolas registraram um crescimento expressivo na procura por aulas. Crianças passaram a sonhar mais alto, adultos voltaram a calçar os tênis, e professores se viram diante de uma nova onda de apaixonados pelo esporte.

 

Para Leo Butija, um dos nomes mais tradicionais do tênis mineiro, que está à frente da escola Butija Tênis há quase duas décadas, o cenário atual remete à chamada “Era Guga”, referindo-se ao tenista Gustavo Kuerten, hoje com 48 anos, campeão três vezes de Roland Garros, a primeira delas em 1997, quando despertou nos brasileiros um maior interesse pela raquete. “Desde a pandemia, vivemos um novo boom. As pessoas passaram a procurar esportes com pouco contato físico. E aí veio o João Fonseca e multiplicou isso por dez”, relata.

 

O nome do carioca, destaque no circuito internacional, ecoa por clubes, academias e grupos de WhatsApp. “Outro dia, na academia de um amigo, dois novatos queriam alugar uma quadra. Não tinham nem raquete nem bolinha, mas tinham visto o João jogar e queriam experimentar o esporte”, conta Butija.

 

Roberto Moreira, vice-presidente da Federação Mineira de Tênis e  Beach Tennis (FMT), confirma a tendência. “Percebemos um aumento significativo no interesse. O desempenho de João Fonseca tem inspirado uma nova geração e despertado o olhar da mídia e do público para o tênis”. Para ele, o jovem já virou referência para atletas em formação. “É uma motivação real para que eles se dediquem mais.”

 

Werberth Gonçalves De Bens, coordenador do curso de tênis no Olympico Club e alguns de seus alunos: %u201CO João Fonseca é um prodígio e influencia tanto adultos que querem jogar quanto pais que querem colocar os filhos no esporte. Temos fila de espera até para o baby tênis, a partir dos 4 anos%u201D (foto: Pádua De Carvalho)
Werberth Gonçalves De Bens, coordenador do curso de tênis no Olympico Club e alguns de seus alunos: %u201CO João Fonseca é um prodígio e influencia tanto adultos que querem jogar quanto pais que querem colocar os filhos no esporte. Temos fila de espera até para o baby tênis, a partir dos 4 anos%u201D (foto: Pádua De Carvalho)
No Olympico Club, o coordenador do curso de tênis Werberth Gonçalves De Bens também observa uma procura crescente. “Temos fila de espera até para o baby tênis, a partir dos 4 anos de idade, que é uma modalidade que ainda será iniciada”, diz. “O João Fonseca é um prodígio e influencia tanto adultos que querem jogar quanto pais que querem colocar os filhos no esporte.”  

 

Na formação dos jovens, Weberth acredita que o impacto do tênis está muito além da técnica. “Muitos alunos chegam sem referências de disciplina, foco ou saúde. O ambiente do esporte ajuda a moldar o caráter”, diz. “Formamos um atleta, sim, competitivo dentro da quadra. Mas que tenha uma visão crítica do seu mundo, das suas potencialidades e, principalmente, que saiba sonhar com grandes objetivos.” 

 

E não são apenas os adolescentes e fãs da nova revelação do esporte que estão sendo fisgados pelas quadras. No Minas Tênis Clube, um dos mais tradicionais da capital, a procura por aulas explodiu nos últimos anos. Renato Assis Garcia, coordenador do curso, diz que a pandemia trouxe um incentivo extra, já que a modalidade permitia o distanciamento, mas a tendência se manteve. “Hoje temos cerca de 980 alunos, divididos entre as unidades Minas 1, Minas 2 e Minas Country. A fila de espera quintuplicou desde 2020”. A taxa de permanência impressiona: mais de 95% continuam a praticar ao longo dos anos.

 

Para os adultos, o tênis oferece uma combinação irresistível: saúde, lazer e longevidade. “É um esporte que você pode praticar a vida inteira, por ter pouco impacto entre os adversários. Nosso aluno mais velho tem 83 anos”, conta Renato. A facilidade de organização – bastam dois jogadores e uma quadra – também é um atrativo.

 

Valéria Rios Lellis e o filho Felipe em quadra do Minas Tênis Clube: %u201CComecei pensando em um esporte para praticar com meus filhos e meu marido. Hoje jogamos todos juntos e é um momento muito especial%u201D (foto: Orlando Bento/Divulgação)
Valéria Rios Lellis e o filho Felipe em quadra do Minas Tênis Clube: %u201CComecei pensando em um esporte para praticar com meus filhos e meu marido. Hoje jogamos todos juntos e é um momento muito especial%u201D (foto: Orlando Bento/Divulgação)
A advogada Valéria Rios Lellis, aluna do Minas há dez anos, vive essa experiência em família. “Comecei pensando em um esporte para praticar com meus filhos e meu marido. Hoje jogamos todos juntos e é um momento muito especial”, conta ela, que é mãe de quatro crianças (um menino de 14 anos, uma menina de 12 e um casal de gêmeos de 6 anos). “Eu sou a pior da turma. Minha filha de 12 joga melhor que eu”, diverte-se. Para ela, os benefícios vão além da atividade física. “O tênis exige foco total. Se você não se concentra, perde a bola. E essa atenção plena ajuda em outras áreas da vida. No trabalho, na maternidade, em tudo.”

 

Inclusão em quadra

 

Se por um lado os clubes estão lotados, por outro o esporte também ganha espaço como ferramenta de transformação social. E nesse quesito, Leo Butija e sua escola são protagonistas. Há 16 anos, ele desenvolve um projeto de tênis em cadeira de rodas que atende atualmente 24 atletas. Entre eles, nomes de destaque como Vitória Miranda e Luiz Calixto, que conquistaram títulos no Australian Open júnior na categoria adaptada.

 

Roberto Moreira, vice-presidente da Federação Mineira de Tênis e Beach Tennis (FMT), confirma a tendência: %u201CPercebemos um aumento significativo no interesse das pessoas pelo esporte. O desempenho de João Fonseca tem inspirado uma nova geração e despertado o olhar da mídia e do público para o tênis%u201D (foto: Pádua de Carvalho)
Roberto Moreira, vice-presidente da Federação Mineira de Tênis e Beach Tennis (FMT), confirma a tendência: %u201CPercebemos um aumento significativo no interesse das pessoas pelo esporte. O desempenho de João Fonseca tem inspirado uma nova geração e despertado o olhar da mídia e do público para o tênis%u201D (foto: Pádua de Carvalho)
“É muito mais que um esporte. O tênis dá foco, disciplina e cidadania. Eu mesmo vim de boleiro e o esporte mudou a minha vida. Sinto a obrigação de mostrar para esses jovens que pode acontecer o mesmo para eles”, afirma Butija.

 

A trajetória de Luiz Calixto é um exemplo disso. O jovem conheceu Leo enquanto vendia balas no sinal. “Eu estava no farol quando ele me viu e me convidou para conhecer a quadra. Foi ali que tudo começou”, conta. O título no Australian Open, conquistado no início deste ano, foi um divisor de águas. “Só de ter ido já foi incrível. Vencer então… mudou a minha vida.” Hoje, Luiz já consegue ajudar financeiramente a família e sonha alto. “Consigo dar uma tranquilidade maior para minha mãe e quero ser cada dia melhor, ir mais longe.”

 

Apesar das vitórias, Luiz também aponta os desafios e um longo caminho a ser trilhado para que outros jovens tenham o mesmo acesso. “É um esporte que, para quem é pobre, muitas vezes é inacessível. Só consegui por meio de projetos sociais. Falta estrutura para quem precisa.” Butija reforça: “A procura por atletas cadeirantes não cresce mais porque o acesso é difícil. Muitas famílias não têm condições. Mas onde conseguimos atuar, fazemos a diferença. Hoje atendemos seis cadeirantes gratuitamente.”

 

Leo Butija, um dos nomes mais tradicionais do tênis mineiro, à frente de seus alunos cadeirantes: %u201CÉ muito mais que um esporte. o tênis dá foco, disciplina e cidadania. sinto a obrigação de mostrar para esses jovens que pode acontecer o mesmo para eles%u201D (foto: Pádua de Carvalho)
Leo Butija, um dos nomes mais tradicionais do tênis mineiro, à frente de seus alunos cadeirantes: %u201CÉ muito mais que um esporte. o tênis dá foco, disciplina e cidadania. sinto a obrigação de mostrar para esses jovens que pode acontecer o mesmo para eles%u201D (foto: Pádua de Carvalho)
E o recado de Luiz para outras crianças e jovens com deficiência é claro. “Faça porque você gosta. Se divirta. Encontre uma equipe legal e vá sem medo. É possível.”

 

Para ampliar o alcance do esporte, a Federação Mineira de Tênis também tem apostado em iniciativas ousadas. Entre os projetos estão o “FMT nas Ruas” e o “FMT nos Parques”, que levam o tênis para espaços públicos. Em Lagoa Santa, a federação apoia um projeto social que já atende mais de 150 crianças.

 

O momento é, sem dúvida, promissor. Novos ídolos, paixão coletiva e projetos transformadores desenham um bom futuro para o tênis na capital mineira. Mas, como alerta Roberto Moreira, é preciso mais do que entusiasmo e um talento individual para manter o movimento. “Para que esse boom se torne sustentável, precisamos fortalecer a base, investir na formação de professores e garantir acesso de qualidade ao esporte. Só assim conseguiremos desenvolver nossos atletas dentro do Brasil.”

 

 

Serviço

 

Minas Tênis Clube

Sedes do Minas 1, 2 e Country

Site: minastenisclube.com.br/esportes/tenis/

 

 

Olympico Club

 

R. Professor Estevão Pinto, 783, Serra

(31) 3073-9111 / (31) 3073-9112

email: olympico@olympico.com.br

 

 

Butija Tênnis

 

Rua José Laporte Neto, 100, Estoril

 @butijatennis

 

 

One Tennis Escola de Formação

 

Américo Macedo, 348 - Gutierrez

(Barroca Tênis Clube)

@onetennisescola

 Contato: 31 9798-1821

 

 

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