"Do sabor das coisas, por mais raro que seja, ou mais antigo, só um vinho é deveras excelente: aquele que tu bebes calmamente, com o teu mais velho e silencioso amigo...", diz o trecho do livro Espelho Mágico, do poeta gaúcho Mario Quintana, lembrando-nos da importância dessa bebida que é praticamente um sinônimo de sociabilidade. E por que não desfrutar de rótulos de qualidade, escolhidos por profissionais experientes?
Foi justamente com esse pensamento que Encontro Gastrô – O Melhor da Cidade 2013, mais uma vez, realizou um teste cego com sete sommeliers – Arley Vilarino, Denis Marconi, Fernando Bonfim, Helberth Alessandro, Jefferson Dantés, Palestina Katbeh e Renato Costa –, ligados a restaurantes de destaque, a maioria de Belo Horizonte. Eles provaram 22 vinhos – 11 tintos e 11 brancos –, selecionados por importadoras da cidade, com o melhor custo/benefício, de até R$ 100. Foram convidados também Alan Kardec, do restaurante A Favorita, e Benedito Filho, do Trindade, que, por motivos pessoais, não puderam participar.
O teste foi feito na sede da revista e os sommeliers em nenhum momento tiveram acesso às garrafas, que estavam encobertas. À medida que o garçom servia as taças de vinho – iniciamos pelos brancos –, os profissionais levavam em conta 10 aspectos da bebida, como cor, complexidade, corpo e harmonia. Esses itens faziam parte de uma tabela, elaborada pela Encontro Gastrô – O Melhor da Cidade 2013, e podiam ser avaliados com notas de 0 a 5. As rodadas do teste duraram em média 15 minutos, e apenas um sommelier pediu para repetir um rótulo.
Apesar de parecer tranquila, a disputa entre os vinhos com melhor custo/benefício foi acirrada. Para se ter uma ideia, a diferença entre o primeiro colocado entre os 11 vinhos tintos – Las Moras Black Label – e o segundo – Fontemorsi Spazzavento Montescudaio – foi de apenas 0,2 ponto. Já entre os rótulos brancos, a diferença foi um pouco maior, chegando a 0,9 ponto, e a primeira colocação ficou com o Esporão Reserva Branco, e a segunda, com Chablis 1er Cru Montmains. O bom nível dos vinhos selecionados também pôde ser comprovado com a diferença de apenas cinco pontos entre o primeiro e o décimo primeiro colocados nos tintos, e de 5,5 nos brancos.
Ao final do teste, os sommeliers foram apresentados aos dois vinhos ganhadores e a surpresa foi geral, especialmente quando descobriram qual era o vencedor entre os brancos. “Deixe-me ver o rótulo. Não acredito que é um Esporão!”, disse Renato Costa, do restaurante Villa Roberti, que trabalha na área há 17 anos. Todos estavam incrédulos com o fato de uma vinícola portuguesa ter desbancado grandes nomes, como Seguin-Manuel, Salentein e Montmains. Além disso, o resultado apontou um dado curioso: a garrafa não era proveniente de uma importadora, especializada na bebida, e, sim, da adega de um supermercado, o MartPlus, o que mostra que cada vez mais o consumidor tem à sua escolha, em vários pontos de venda da cidade, produtos de alta qualidade.
Muitos especialistas dizem que a experiência de se tomar um bom vinho é pessoal, não sendo possível repassá-la adiante. Por isso, cabe a você, leitor, fazer seu próprio teste, a partir dos 22 vinhos que listamos a seguir. Salut!