Publicidade

Estado de Minas BEM-ESTAR

Será que a estévia é um adoçante seguro?

Entenda se esse substituto natural do açúcar é mesmo saudável


postado em 08/05/2018 11:30 / atualizado em 08/05/2018 13:26

O adoçante à base de estévia vem ganhando força como substituto do açúcar, mas seus possíveis efeitos sobre a saúde ainda não foram comprovados cientificamente(foto: Pixabay)
O adoçante à base de estévia vem ganhando força como substituto do açúcar, mas seus possíveis efeitos sobre a saúde ainda não foram comprovados cientificamente (foto: Pixabay)
Quando se trata do uso de adoçantes, existem várias teorias favoráreis ou contrárias aos substitutos do açúcar comum. Normalmente, os especialistas condenam os produtos artificiais, como ciclamato de sódio, e recomendam os naturais, como sacarose. Mas, o que dizer da estévia (Stevia rebaudiana), planta típica da América do Sul, e que vem ganhando espaço como um dos adoçantes mais utilizados no Brasil?

As principais organizações de saúde e segurança alimentar geralmente consideram a estévia segura. O problema é que alguns pesquisadores alertam que não existem evidências suficientes para entender como os produtos adoçados com essa planta podem afetar o nosso corpo.

Na prática, a stevia é de 200 a 400 vezes mais "doce" do que o açúcar de mesa, ou seja, uma pequena quantidade é capaz de adoçar "qualquer" bebida. No mercado brasileiro, podemos encontrar a estévia em produtos como refrigerantes e chás gelados, adoçantes em pó ou líquidos, e outros alimentos comercializados como "baixo teor de açúcar", incluindo sorvetes e iogurtes.

Os adoçantes de estévia são produzidos à base de glicosídeos de esteviol, substância encontrada nas folhas da planta. A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (European Food Safety Authority) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmam que esses compostos são seguros nas quantidades normalmente usadas. A conclusão é baseada em estudos – principalmente financiados pela indústria de alimentos – realizados em bactérias e roedores e que mostram que a estévia não causa danos ao DNA ou câncer. Pesquisas feitas em humanos também não encontraram nenhum efeito sobre a pressão arterial ou sobre o aumento do nível de glicose no sangue.

Por sua vez, o Centro para a Ciência de Interesse Público (Center for Science in the Public Interest), uma ONG internacional de defesa dos alimentos, que frequentemente critica os substitutos do açúcar, inicialmente levantou preocupações sobre os adoçantes de estévia quando chegaram ao mercado, em 2008. Na época, a entidade afirmou que a Food and Drug Administration (espécie de Vigilância Sanitária) dos Estados Unidos deveria ter exigido mais testes. No entanto, a ONG passou a classificar a estévia como um dos substitutos mais seguros do açúcar em um relatório de 2014, em parte porque a substância vem sendo usada, há muito tempo, no Japão.

Digestão

Apesar dos glicosídeos de esteviol serem quebrados por bactérias no intestino grosso, sintomas gastrointestinais como inchaço e diarreia não foram relatados nos estudos sobre o adoçante. Mas, o problema é que alguns produtos que contêm stevia também incluem algum álcool de açúcar, como o eritritol, que pode causar problemas digestivos se consumidos em grandes quantidades.

Além disso, ainda há dúvidas se o uso de adoçantes sem calorias, como a estévia, pode afetar a ingestão diária de calorias. Um estudo recente descobriu, por exemplo, que quando os participantes tomavam uma bebida adoçada com estévia em vez de açúcar, pela manhã, compensavam as calorias faltantes comendo mais no almoço, além de terem picos maiores de glicose no sangue e de insulina na hora da principal refeição do dia.

Alguns pesquisadores ainda temem que o uso a longo prazo de adoçantes não nutritivos possa ter efeitos metabólicos não intencionais. "No geral, para os adoçantes não nutritivos, não temos evidências, mas isso é especialmente verdadeiro para a estévia, que não foi extensivamente estudada", comenta a pesquisadora Meghan Azad, professora da Universidade de Manitoba, que fica na cidade de Winnipeg, no Canadá.

Azad é a principal autora de uma pesquisa que revisou estudos que trataram do uso prolongado de adoçantes não nutritivos. A conclusão é que esse tipo de substituto do açúcar pode não ser útil para a perda de peso e, em alguns casos, foi associado ao aumento da incidência de obesidade, diabetes e doenças cardíacas. No entanto, a pesquisadora não encontrou evidências sobre a estévia nessa revisão.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade