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Estado de Minas BEM-ESTAR

Castanhas podem ajudar a evitar demência?

Estudo recente associa as nozes à proteção do cérebro


postado em 28/03/2019 12:05 / atualizado em 28/03/2019 12:14

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)

Um estudo observacional publicado no final de 2018 no periódico científico Journal of Nutrition Health and Aging aponta uma relação entre o consumo regular de castanhas e o menor risco de surgimento de doenças neurodegenerativas, como demência – que pode levar ao Mal de Alzheimer. Após avaliar as dietas de quase cinco adultos na China (com 55 anos ou mais) durante um período de nove anos, os pesquisadores da Universidade do Sul da Austrália e da Universidade do Catar descobriram uma relação inversa entre a quantidade de nozes que as pessoas comiam e o grau de declínio cognitivo que apresentaram. Aqueles que consumiram mais de 10 g de castanhas e sementes por dia (cerca de seis a sete amêndoas, por exemplo) foram menos propensos a ter queda na função cognitiva em comparação com aqueles que consumiram menos.

Dos 4.822 participantes do estudo, 67% tiveram a capacidade cognitiva testada wm dois momentos. O desempenho cognitivo diminuiu com o tempo, mas as pessoas que comeram mais de 10 g de nozes por dia tiveram menor probabilidade de apresentar esse declínio. Os resultados sugerem que consumir duas colheres de chá de castanhas diariamente pode preservar o desempenho do cérebro e levar a um melhor envelhecimento cognitivo. Porém, no artigo publicado recentemente, os cientistas deixam claro que não há uma relação direta entre o consumo das nozes e a melhora da função cognitiva.

"Os participantes do estudo inevitavelmente variaram em vários fatores, incluindo educação, saúde geral, ingestão nutricional e fatores de estilo de vida, como a prática de exercícios. Embora a maneira como os dados foram analisados podem ter levado esses fatores em consideração e ainda assim foi encontrada uma associação, o declínio cognitivo e a demência são fortemente influenciados por fatores ambientais e genéticos, e é improvável que o consumo de um alimento em particular seja suficiente para afastar o risco", comenta a neurocientista Sandra-Ilona Sunram-Lea, da Universidade Lancaster, no Reino Unido, em artigo publicado no portal The Conversation na última terça, dia 26 de março.

De acordo com a especialista, outra fragilidade do estudo é o fato de que os participantes relataram o consumo de nozes por meio de um questionário. "Evidências mostram que o consumo alimentar auto-relatado deve sempre ser interpretado com cautela", afirma a neurocientista.

"Embora ensaios controlados randomizados indiquem que a ingestão de nozes tem um efeito sobre o fluxo sanguíneo, inclusive no cérebro, não há evidências suficientes para tirar conclusões sobre seu impacto na função cognitiva. O que podemos dizer no momento é que as evidências sobre a relação entre o declínio cognitivo e as castanhas são promissoras, mas não são fortes o suficiente para fazer recomendações nutricionais. Simplesmente consumir duas colheres de chá de nozes por dia é improvável que reduza o risco de demência", diz Sunram-Lea no artigo.

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