Vencedores da Encontro Gastrô apostam no delivery

Não está sendo fácil. A gastronomia foi um dos setores mais afetados pela pandemia do Coronavírus. Bares, restaurantes e lanchonetes se viram obrigados a fechar suas portas de uma hora para outra. Muitos, que nunca tinham trabalhado com delivery, tiveram que aprender a prestar o serviço na marra. E o negócio foi tomando forma. Alguns entenderam que não é hora de reclamar sobre o leite derramado e, sim, momento certo de achar um novo caminho. É o caso do Porcão, que viu o faturamento do delivery aumentar 600% durante o isolamento social. “Entendemos que o rodízio tinha que acontecer dentro da casa do cliente. Montamos kits pra ele mesmo preparar a sua carne. Tudo fracionado, pronto para ir para o fogo”, diz o empresário Fernando Jr. 

 

Assim como a churrascaria, vários outros estabelecimentos eleitos como os mais-mais da cidade pela Encontro Gastrô – O Melhor de BH 2019 continuam firmes, com seus fogões acesos. É possível, mesmo na proteção do lar, continuar comendo aquele prato que ocupa um lugar especial no seu coração gastronômico. Escolha nas próximas páginas qual restaurante estará aí, na sua mesa, agorinha mesmo. 

 

Seis vezes mais. Enquanto muitos estabelecimentos perderam vendas ou naufragaram com o isolamento social, o empresário Fernando Jr. viu a entrega do Porcão crescer 600%. “Delivery nunca foi o foco do grupo, mas, de repente, o que significava 3% passou a representar 95% de todo o faturamento”, diz. “O jeito foi focar tudo em cima disso.” A forma que o Porcão achou para atender seu cliente foi reinventar um rodízio caseiro. Para isso desenvolveu kits para que as pessoas possam assar sua carne em casa. Um dos mais completos é o batizado com o nome do estabelecimento e que vem com picanha, pão de alho, batata recheada com cheddar e bacon, azeite, sal grosso, pimenta, cachaça e carvão (R$ 249,90). Todos os produtos levam a marca Porcão. Mas também é possível receber a carne prontinha e no seu ponto preferido: mal passada, ao ponto ou bem passada. A picanha para duas pessoas (R$ 84,90) vai com dois entre os dez acompanhamentos oferecidos: maionese, arroz branco, arroz com brócolis, banana frita, tomate e alface, purê de batata com queijo, vinagrete, farofa com ovos, salada caesar ou tropeiro. E se para você é impossível passar pela churrascaria sem se esbaldar com os pasteizinhos de catupiry, eles também estão no cardápio (R$ 16,90, 12 unidades). 

A clientela fiel à marca não conseguiu ficar longe da famosa Torta de chocolate da Fany, eleita Melhor Chocolateria / Doceria de BH pela Encontro Gastrô em 2019. “É o que mais sai”, garante Ari Alberto Balabram, filho da fundadora e que hoje comanda a casa, inaugurada em 1989. A torta – conhecida por ser extremamente molhadinha e coberta por uma ganache quase puxenta, do mais puro chocolate – aparece em diversos tamanhos. A individual custa 34 reais e a para doze pessoas, 188 reais. As mais encomendadas são para seis pessoas (R$ 94). “Acho que isso tem acontecido exatamente por causa da quarentena, já que não pode haver aglomerações”. Outras duas queridinhas pela turma que não abre mão de um doce são a Torta Crocante (R$ 80, com seis porções) e a Dois Amores (R$ 94, também para seis pessoas), uma combinação de chocolate preto e branco. Os bombons sortidos (R$ 24, 100 gramas), bombom de nozes (R$ 8,60, a unidade) e as trufas de cereja; pistache; Nutella; amêndoas; e ao leite (R$ 7,40, a unidade) também estão no cardápio do delivery. 

 

Luca Lenzi não fica parado, não dorme no ponto, como costuma se dizer pelas bandas de cá. Nascido em Florença, na Itália, ele é um brasileiro nato quando o assunto é jogo de cintura. “Existem dois tipos de pessoas na quarentena: aquelas que estão esperando as coisas voltarem ao normal e aquelas que perceberam que a normalidade que conhecíamos não vai voltar”, diz ele, que anda aproveitando o tempo de isolamento social para tirar do papel planos antigos, nunca antes iniciados exclusivamente por falta de tempo. Um deles é o Chocolate quente que aparecem em duas verões. Uma é o Cioccogelato, um sorvete que se transforma em chocolate quente. Um QR code na embalagem dá acesso às instruções de preparo. A embalagem com 500 g sai a 45 reais e a versão vegana a 50 reais. Muito em breve entra também no cardápio o chocolate em pó para ser preparado em casa com leite. Para completar, mais duas novidades: a “Nutella” de pistache e uma torta a base de pasta de avelãs e chocolate belga. Entre os gelatos mais pedidos, estão Pistache; Antonio Chiera, iogurte com sorbet de maracujá e creme de pistache; Beijo, paçoca com camadas de Nutella e chocolate branco; e o que leva o nome da casa, preparado com baunilha e cookies. A embalagem com 500 gramas custa 50 reais e a de 1 quilo sai por 89 reais e vêm acompanhadas de três e seis casquinhas, respectivamente. Por 

mais 5 reais, você leva o recheio de sua preferência: Nutella, caramelo, chocolate ao leite ou chocolate meio amargo. 

 

Quando começou, há três décadas, ainda como uma delicatessen, uma das especialidades do Bouquet Garni era uma tábua de frios que os clientes encomendavam aos montes. Hoje, diante da impossibilidade de recebê-los no restaurante, Agnes Farkasvölgyi continua usando seu feeling para entender o que a clientela deseja levar para casa. “O que percebi é que precisamos ter sempre novidades”, diz. Tanto que a chef criou cinco kits para pequenas comemorações. O Festinha Junina custa 170 reais para cinco pessoas e vem com caldo de abóbora com carne-seca; caldinho de feijão; milho no espeto; coxinha de frango com catupiry; pastelzinho de carne; canjica; mingau de milho verde e pé-de-moleque. Eleito o melhor bufê de festa pela Encontro Gastrô 2019, o Garni também está trabalhando com menu fixo e cardápio com pratos do dia. No primeiro time, Bobó de camarão com farofa de coco e castanhas e arroz de cardamomo (R$ 59). Já no segundo, que muda constantemente, tem de Baião de dois com carne de sol confitada e requeijão grelhado (R$ 34) a feijoada (R$ 34). Para esquentar os dias mais frios, o estabelecimento acaba de lançar uma carta com sete opções de caldos, com preços que variam de 28 a 34 reais (500 g). Entre eles, destaque para um dos clássicos do Garni: Capuccino de champignon com creme azedo. 

 

A casa, um dos lugares mais instamagráveis de BH, com referências a filmes e séries, continua investindo na diversão. Tanto que os sócios Caio Corradi, Clarissa Imediato e Lucas Lazarini lançaram combos especiais que deixaram os fãs de Harry Potter e La Casa de Papel loucos. O primeiro vem com treze pratos inspirados na série do bruxo. Por 165 reais, o cliente leva para casa bolo de aniversário, sapo de chocolate, cookie e até um kit para preparar a sua própria cerveja amanteigada. Agora para maratonar La Casa de Papel em grande estilo, o combo para duas pessoas conta com burguers, pipoca, cookie chips e refrigerante ou cerveja (R$ 89). “Nossos entregadores usam até fantasia”, diz Caio. Friends será o próximo lançamento do The House. Além disso, o restaurante continua entregando os pratos e sanduíches mais pedidos, como O Favorito (R$ 39), pão americano artesanal selado na grelha, burger de picanha, alface americana, onion rings, mix de cogumelos refogados na manteiga e molho de bluecheese. 

A Rede Gourmet, dona da Olegário, Udon e Santafé, tem o seu próprio aplicativo de entrega – que leva o nome da rede. Lá é possível fazer pedidos para qualquer um dos estabelecimentos, inclusive na Olé, marca mais popular da Olegário e que só existe no delivery. “É uma pizza com a nossa qualidade, um pouco mais encorpada e preparada com ingredientes mais simples”, explica o empresário Agilberto Martins. Entre os sabores tradicionais (com preços fixos de R$ 21,90, a grande, e R$ 24,90, a gigante) estão a margherita e calabresa. Mas se o seu paladar pede sabores mais sofisticados, vá direto para o cardápio da Olegário. São 25 opções de pizzas especiais, como a Três funghis, molho de tomate, muçarela, shitake, shiimeji, champignon, alho desidratado e orégano (R$ 59,80). Já no cardápio do Santafé, a Tilápia com risoto de limão siciliano sai a 35,90 reais. Ou o cliente ainda pode montar seu próprio prato, escolhendo uma proteína e um acompanhamento. Já para os adeptos da culinária japonesa, no Udon é possível encomendar combinados de vários tamanhos, como o que leva o nome da casa, que vem com 48 peças e sai por 167 reais. 

 

Tem dendê, tem camarão, tem mandioca e tem o perfume e o axé da Bahia. O Alguidares continua oferecendo o que há de melhor da culinária da terra de Dona Flor agora na casa de seus clientes. Ninguém ficou carente do tempero de Deusa Prado, que traz do litoral baiano muitos dos ingredientes usados no preparo das receitas. Dá para pedir a famosa Moqueca de Camarão para uma (R$ 120) ou para duas pessoas (R$ 174). Para acompanhar, arroz branco, pirão de peixe e a deliciosa farofa de dendê. O bobó de camarão, batizado de Claudia Leitte, custa 193 reais e serve com fartura duas pessoas. O acarajé, no entanto, tem feito muito sucesso entre a clientela em isolamento social. Eles são vendidos individualmente ou em porção. O com camarão fresco sai a 17 reais, a unidade, e 33 reais, com seis unidades. Já a casquinha de siri sai a 24 reais. Para fechar a refeição, vale pedir a Cocada do Pelourinho preta ou branca (R$ 13). Aos finais de semana, ainda tem Quindim da Iaiá (R$ 17, com cinco docinhos). 

 

Fazia tempo que Maria Leonor Roque escutava dos clientes: “a Casa dos Contos tem que ter delivery!” A empresária, que comanda o restaurante fundado por seu pai em 1975, ia adiando os planos. Aí veio a quarentena e tudo mudou. “O delivery é uma outra empresa, diferente do restaurante”, afirma ela, que precisou aprender na marra a entregar os pratos preferidos de seus clientes em casa. Tem dado certo. O cardápio para o delivery mudou pouco e continua imenso, com opções para todos os gostos. O Filé Surprise (R$ 131) é ainda o mais querido: filé recheado com presunto e muçarela, arroz à piamontese, batata frita, 2 ovos e banana à milanesa. Outro é o Steak au poivre vert (R$ 76,30), steak de filé com molho madeira, creme de leite, pimenta do reino verde, purê de batata, laranja e arroz. Da cozinha mineira, tem a Costelinha com tropeiro (R$ 54,60) e Lombo à Mineira (R$ 54,60), servido com tutu, couve, torresmo, ovo cozido, linguiça e arroz. Para aquecer, são seis tipos de sopas, como a de cebola (R$ 32,80) e de aspargos (R$ 48,20). 

 

Se a brincadeira do momento é ser chef e você não leva o menor jeito para coisa, Paolo Peluso vai facilitar a sua vida. Ele acaba de lançar uma linha de massas para serem finalizadas em casa. A pasta e o molho vêm separados e basta esquentar um pouco de água, empratar de um jeito caprichado e... voilà! “O delivery é complicado, porque muitas vezes os pratos chegam bagunçados à casa do cliente. Foi daí que tivemos essa ideia” diz. Mas se você não quer mesmo ter nenhum trabalho, o Anella tem no cardápio receitas tradicionais italianas como o Gnocchi alla bolognese (R$ 72) e algumas que agradam em cheio o gosto brasileiro como Risotto Gran Farmaggio con filetto (R$ 67), risoto de parmesão com escalope de filé. Feito com massa fresca - preparada diariamente na cozinha do restaurante - o Spaghetti tutto al mare al cartoccio (R$ 118) leva vinho branco, camarão, vôngole, lula e mexilhão. Para a criançada, a opção é o Anellinha (R$ 33), espaguete a bolonhesa com bifinhos de filé). 

 

O chef Flávio Trombino brinca: “Antes, a gente só servia a la carte ou para o cliente retirar no balcão. Agora isso tem um nome chique que nem sei escrever”, diz, referindo-se ao termo take away, que muitos estabelecimentos adotaram. Em 33 anos, é a primeira vez que o restaurante, eleito como Melhor Cozinha Mineira pela Encontro Gastrô 2019, trabalha com delivery. O chef criou um cardápio especial para atender os fãs da autêntica culinária feita em Minas. Os clássicos estão todos lá. São sete entradas, como Pastel de Angu (R$ 39,40, com 10 unidades) e Torresmo de Barriga (R$ 39,90). Já entre os nove principais, aparece o Arroz Preguento do Bento, coxa e contra-coxa desossadas, refogadas no caldo bem reduzido do próprio frango, com cogumelos de Paris frescos puxados na manteiga com arroz e cheiro verde (R$ 55,90). Já a Costelinha da Sinhá vem acompanhada de arroz branco, tropeiro e mandioca (R$ 102,90). Todos os dias também tem opções de executivos com preços que variam de 27 a 40 reais. E como é impossível encerrar a refeição no Xapuri sem provar um dos doces caseiros, tem cocada mole (R$ 35), goiabada cascão (R$ 35) e, claro, doce de leite (R$ 35), todos em vidros de 600 gramas. 

 

Uma visita ao tradicional com uma pegada contemporânea. Um dos chefs mais badalados de BH, Cristóvão Laruça traz o melhor da gastronomia portuguesa para a capital em seus dois restaurantes, Caravela e Capitão Leitão. Cristóvão criou um menu especial para essa época de quarentena que agrada a qualquer fã da comida lusa. Para abrir o apetite, bolinho de bacalhau nunca é demais (R$ 35, com oito unidades). Entre os seis principais, a Cataplana de Bacalhau (R$ 148) e o Bacalhau com natas (RS 68) estão entre os mais pedidos, assim como o Secretos de Porco com purê de batata defumada (R$ 68), eleito melhor prato da Festa Portuguesa de 2019. Os pratos executivos são uma excelente opção para quem não abre mão de um bom almoço por um preço justo. O Bacalhau ao Brás custa 45 reais, mesmo preço do Filé de tamboril com arroz de tomate. De sobremesa, Toucinho do céu (R$ 20), ora-pois. 

A chef Marise Rache caprichou na montagem do cardápio do delivery do seu D’Artagnan. Com muitas opções, dá para atender bem os clientes fiéis ao estabelecimento, que fica em Lourdes. São quatro entradas e oito principais. Na primeira seção, Mini fondue de queijo gruyère e emmental, chalotes caramelizadas, maçãs verdes e baguete (R$ 52). Já no segundo time, um dos pratos mais tradicionais da casa, inspirado em uma antiga receia da mãe da chef, Camarão com requeijão, arroz de coco e batatas chips (R$ 105). O Jarret de porco vai acompanhado de polenta com queijo da Serra do Salitre e taioba (R$ 83). De terça a sexta, de 11h às 16h30, ainda tem PFs do Darta. “É um sucesso. Os clientes adoram”, diz. Entre as opções, Picadinho de filé, farofa de banana, caldinho de feijão e couve crocante com salsinha (R$ 44) e Frango orgânico ao requeijão, cogumelos de Paris, batata palha rústica e arroz com salsinha (R$ 44). Para a sobremesa, tente escolher entre o Brigadeiro de amendoim; Pudim de pão, banana, nozes e caramelo, e calda de chocolate branco; ou o Creme de chocolate com espuma de caramelo salgado. Qualquer uma das três sai a 19 reais. 

 

Foram os clientes que fizeram Ivo Faria aventurar-se no delivery. “Resolvi experimentar em função da demanda. Muitos clientes ligando, pedindo. Se há solicitação, a gente atende”, explica o chef. Por enquanto, os pedidos podem ser feitos apenas de sexta a domingo. O cardápio fixo é enxuto, já que a ideia é que a cada semana Ivo apresente novas sugestões. De entrada, Pera com gorgonzola, rúcula e nozes na manteiga negra (R$ 32). Já entre os principais, Medalha de filet com arroz e molho três funghis (R$ 82) e o Nhoque de camarão com crocante de Parma (R$ 89). São duas as opções de sobremesas: cheesecake com calda de goiabada e gotas de chocolate com coulis de frutas vermelhas (R$ 29, cada). Há ainda uma carta de vinhos com preços que variam de 70 a 140 reais.