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Estado de Minas GASTRONOMIA

Pandemia faz crescer venda de produtos e equipamentos gourmet

Devido ao isolamento, belo-horizontinos estão indo mais para a cozinha e vendo necessidade de adquirir mais acessórios para esse espaço da casa


postado em 18/07/2021 22:57 / atualizado em 18/07/2021 23:00

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A designer de interiores Priscila Sathler está de mudança para um novo apartamento e investiu no projeto do espaço gourmet:
A designer de interiores Priscila Sathler está de mudança para um novo apartamento e investiu no projeto do espaço gourmet: "Vou comprar utensílios, torneira, jogo de panela. Quero tudo novo e muito bom" (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
Um dos muitos hábitos que a quarentena para conter a disseminação do novo coronavírus transformou foi a relação dos belo-horizontinos com a cozinha. Com mais tempo dentro de suas próprias casas, muita gente que fugia do fogão acabou se rendendo às receitas – e aos infindáveis programas de culinária da TV. "Antes da pandemia eu só sabia cozinhar o básico", confessa a designer de interiores Priscila Sathler. "Hoje, faço jantares elaborados duas vezes por semana." Na casa da Priscila, o que começou como uma forma de tentar comer bem mesmo com os restaurantes da cidade fechados acabou se tornando um momento de confraternização em família. A designer se inscreveu em uma confraria on-line realizada às quintas e aos domingos. As receitas são produzidas a várias mãos. Dividem-se entre as caçarolas ela, o marido e as duas filhas, de 20 e 13 anos. "A gente conversa, toma um vinho (só os adultos, claro), experimentamos condimentos, sabores. Se tornou um momento de união", diz. A paixão pela gastronomia foi tanta que a família decidiu se mudar para um novo apartamento e investir em um espaço gourmet. "Eu mesma estou projetando e vou comprar utensílios, torneira, jogo de panela. Quero tudo novo e muito bom", planeja. A ideia é manter o hábito mesmo após a pandemia. "E queremos expandir assim que for possível, chamar os amigos."

Henrique Madureira, proprietário da Cozimento Saudável, distribuidora autorizada da Royal Prestige, atribui a alta nas vendas à busca crescente das pessoas por saúde, e também à redução de gastos com restaurantes e viagens:
Henrique Madureira, proprietário da Cozimento Saudável, distribuidora autorizada da Royal Prestige, atribui a alta nas vendas à busca crescente das pessoas por saúde, e também à redução de gastos com restaurantes e viagens: "Alguns clientes tinham potencial para comprar, mas não investiam nisso. Agora investem" (foto: Divulgação)
Pessoas como Priscila, que encontraram na cozinha uma forma de relaxar em meio às angústias do isolamento, foram responsáveis pelo aquecimento do mercado especializado em panelas e artigos culinários, que viu a procura disparar no último ano. Proprietário da Cozimento Saudável, distribuidora autorizada da Royal Prestige, Henrique Madureira conta que as vendas cresceram 118% nos primeiros cinco meses de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado. Como os produtos feitos pela marca têm a proposta de promover uma cozinha saudável – as panelas são feitas com aço cirúrgico, que não libera resíduos nos alimentos e dispensam o uso de óleo nas receitas –, o empresário atribui a alta à busca crescente das pessoas por saúde, e também à redução de gastos com restaurantes e viagens. "Alguns clientes tinham potencial para comprar, mas não investiam nisso. Agora investem. Não perco mais venda para uma viagem à Europa", diz.

O chef Felipe Caputo, que investiu em cursos on-line:
O chef Felipe Caputo, que investiu em cursos on-line: "A cozinha é muito apaixonante, reúne as pessoas e é uma forma de hobby e entretenimento. Uma vez que ela entra na sua vida, não tem como sair mais" (foto: Divulgação)
O empresário Thiago Nunes, sócio-proprietário da Tool Box, também viu as vendas dispararem, especialmente pela internet. O Instagram da loja saltou de 70 mil seguidores para 203 mil apenas neste ano. Thiago lamenta que o crescimento tenha se dado em um momento de tanto sofrimento no mundo, mas compreende que a paixão pela cozinha ajudou a tornar a pandemia um pouco mais leve para muitos. "Não vejo como motivo de comemoração, em meio a tantas perdas e dificuldades", afirma. "Mas a cozinha foi uma saída terapêutica para ajudar a passar por isso. Virou uma das alegrias durante esse período obscuro." Ele conta que muitos clientes tinham funcionários para cozinhar em casa e, com a pandemia, precisaram colocar a mão na massa. "As pessoas se voltaram para a cozinha e viram que estavam com equipamentos obsoletos", diz. "Tivemos aumento significativo na procura de itens básicos, como frigideiras, conjuntos de panela, utensílios." O perfil da clientela também está mais diversificado. "Além do nosso cliente tradicional, da classe A, temos pessoas que agora fazem uma força a mais para comprar um produto de alto nível." Sócio-diretor da Laville, rede de lojas de produtos para casa, Bernardo Mendonça acredita que as redes sociais têm sua influência no comportamento da clientela. "Muita gente passou a acompanhar lives ou perfis de chefs no Instagram e percebeu que ou não tinha todos os equipamentos necessários ou estava defasada em relação à tecnologia", diz. "Sempre que aumenta o interesse por determinada atividade, crescem também as vendas de produtos relacionados a ela. Na cozinha não é diferente."

Bernardo Mendonça, sócio-diretor da Laville:
Bernardo Mendonça, sócio-diretor da Laville: "Sempre que aumenta o interesse por determinada atividade, crescem também as vendas de produtos relacionados a ela. Na cozinha não é diferente" (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
Na Bel Lar, espaço especializado em reforma e construção, os itens mais procurados são aqueles para equipar a cozinha e a área gourmet, que conseguem fazer com que as pessoas tenham a experiência de um restaurante no conforto de casa. "Os clientes têm procurado cervejeiras, adegas, máquina de gelo, churrasqueiras", conta a diretora Caroline Garcia. "O ‘cozinhar’ vem deixando, cada vez mais, de ser um simples ato do cotidiano para se tornar uma experiência gastronômica."

Caroline Garcia, diretora da Bel Lar:
Caroline Garcia, diretora da Bel Lar: "Os clientes têm procurado cervejeiras, adegas, máquina de gelo, churrasqueiras. O %u2018cozinhar%u2019 vem deixando, cada vez mais, de ser um simples ato do cotidiano para se tornar uma experiência gastronômica" (foto: Divulgação)
O boom do mercado gastronômico extrapola o comércio. Percebendo a nova paixão dos belo-horizontinos, o chef Felipe Caputo criou em julho 2020 a Escola do Caputo, um curso on-line para pessoas que querem cozinhar em casa. Seu primeiro curso, de quatro meses de duração, com três aulas semanais gravadas, teve 1.500 inscritos. O segundo, um workshop de verão gratuito de 4 aulas, em novembro, atraiu 18 mil alunos. Nas aulas, o chef explora uma gama ampla de vegetais, temperos e especiarias, reduzindo a necessidade de ter a proteína animal como protagonista e a dependência dos produtos industrializados. "Foram até agora mais de 100 receitas, vários chefs convidados, dicas, truques e, claro, muita comida maravilhosa", afirma. Para Caputo, o amor pela gastronomia que surgiu durante a pandemia deve se manter firme mesmo após o período de isolamento social. "A cozinha é muito apaixonante, reúne as pessoas e é uma forma de hobby e entretenimento. Uma vez que ela entra na sua vida, não tem como sair mais."

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