Foi pela janela lateral que o Dona Lucinha sobreviveu ao período de pandemia. A proprietária, Márcia Nunes, lembra que era por ali que ela conseguia fazer a entrega dos pratos pedidos pelo delivery. Quando a pandemia cedeu, a filha de dona Lucinha precisou tomar uma outra decisão importante: abandonar o bufê que existia desde a fundação do restaurante há 33 anos. "Minha mãe sempre foi a luz de tudo e com a mudança tive medo de a luz apagar, já que estava mexendo em algo criado por ela. Que a gente perdesse a tradição", explica. Pois bem. Márcia precisou enfrentar o desafio e lançou o serviço à la carte. "No início sofremos muito, porque a cozinha, os equipamentos, a equipe, tudo sempre foi acomodado para atender no método bufê. De repente, tínhamos que aprender a porcionar, mudar as travessas e a nossa cabeça", completa.
Deu certo. Ou melhor, certíssimo. A casa vive lotada. Até os clientes mais antigos aceitaram bem o novo modelo. "Mudamos com o bonde em movimento e posso dizer que renascemos", diz Márcia. A hospitalidade, marca do estabelecimento, no entanto, continua mais viva do que nunca. Assim que chega às mesas, a clientela é recebida com uma canequinha de canjiquinha como boas-vindas. O cardápio se divide entre Tira-gostos e Cozinha de Fazenda e de Tropeiro. Na primeira categoria, a sugestão é a porção de linguiça, torresmo, limão e molho da casa. Já entre os principais, imbatível é o Mineirinho, uma combinação de arroz, tutu, costelinha com molho de rapadura, agrião e alho frito. E mesmo tendo o frango e o porco como protagonistas, Márcia desenvolveu um prato para os veganos, o Terra Madre: arroz com salsinha e alho, feijão bago-bago, canjiquinha, quiabo, banana-da-terra e couve. De sobremesa, não deixe de experimentar a ambrosia, um clássico da casa há mais de três décadas.
R. Padre Odorico, 38, Savassi, (31) 2127-0788. Seg. a sáb.: 11h/23h; dom. e fer.: 11h/17h. @donalucinharestaurante.