O primeiro dia de desfiles do Minas Trend levou o mundo da moda por uma viagem a diferentes destinos. Não só pelas grifes de diversos CEPs que compunham os desfiles coletivos do Sindijoias-MG e do Sindicato de Vestuário de Alagoas. Além deles, Victor Dzenk passou pelo Algarve e pelo Alentejo, e terminou sua viagem nos grafites da artista mineira Clara Valente. Em comum, leveza nas peças, fluidas ou pontuadas por volumes, com algumas texturas.
O desfile coletivo do Sindijoias-MG acontece pela terceira vez no Minas Trend e busca sempre lançar um novo olhar sobre os diferentes produtos das seis marcas presentes. Batizado de Trendbijoux, o desfile levou as marcas Hector Albertazzi, SD por Sheila Morais, Camila Klein, Atelier Chilaze, Letícia Sarabia e Palone Design em uma viagem de barco saída do poema "Um Convite à Viagem", do poeta francês Charles Baudelaire. Tendo os vestidos alongados e minimalistas da grife Plural como pano de fundo, a apresentação começa maximalista, e depois navega por peças únicas e combinações de brincos e colares grandes, compostos por pedras, franjas metálicas, flores e elos. A transição estética também é uma mensagem sobre o momento presente. "O poema é uma metáfora de um mundo melhor. Como estamos num momento de nervos à flor da pele, quis trazer calmaria. Mas com impacto inicial e final para que não se esqueça da realidade", contou nos bastidores Bianca Perdigão, que assinou o styling do desfile.
O designer de acessórios mineiro Carlos Penna, além de fazer sucesso com sua marca, coordena instigantes desfiles como diretor criativo. Esteve à frente da coordenação do desfile do Sindijoias-MG e do Alagoas, desfile coletivo do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Alagoas. "Esse foi um trabalho interessante, e a ideia é trazer Alagoas para cá. Por isso trabalhamos o conceito do amanhecer ao anoitecer em Alagoas", contou Carlos no backstage. O trabalho foi feito a quatro mãos com o stylist Davi Leite, que com o objetivo de criar a imagem do desfile passou uma semana no estado para conhecer o mercado local e a cultura alagoana, destaque dos diferentes destinos percorridos nos desfiles.
A apresentação foi composta por 12 marcas. Alana Tenório, Aquas Beachwear, Ateliê Criar, Caleidoscópio, Carol Paz, Endy Mesquita, Leila Monteiro, Maneka, Manu Mortari, Nathália Amaral, Sandra Cavalcanti e Estúdio Monteferro simbolizaram as belezas naturais de seu estado ao amanhecer e ao entardecer numa cartela de cores que começa nos tons terrosos, passa pelo oliva e pelo ferrugem, e termina com os diferentes tons de branco e preto, que deram vida às texturas manuais. "Unir 12 marcas em torno de um desfile foi um grande desafio, cada uma tem sua identidade e suas necessidades. Mas o resultado foi muito rico", disse Davi. Bem-vinda adição nordestina à semana de moda mineira.
Victor Dzenk fez sua primeira visita a Portugal há 15 anos e, com o recente burburinho em torno do país, resolveu fazer uma nova viagem. E as regiões do Algarve e do Alentejo foram suas escolhas para conhecer o "novo" Portugal. "Abro o desfile com uma azulejaria contemporânea, para ir além do que já foi feito", contou Victor nos bastidores. A busca pela contemporaneidade também vem em elementos do smoking masculino, com lapelas de cetim que pontuam decotes, faixas que marcam a cintura de saias e macacões e os looks em preto e branco.
Mas a fluidez que transborda feminilidade típica do estilista não deixa de marcar presença. Longos vestidos estampados e saias plissadas dividem chegam em tecido e tricô, novidade no mix do estilista. E é nos vestidos fluidos e nas peças de tricô que aparecem o traço moderno dos grafites da artista Clara Valente. Nome forte da street art, a troca entre o estilista e a artista foi além das estampas e tramas, e também está presente no stand da marca na feira de atacado. A parceria oxigenou a já bem sucedida fórmula do designer mineiro, e tornou a coleção muito mais atual. A passarela mostrou viagens bem sucedidas por diferentes destinos. Aguardemos os próximos desfiles!