Estado de Minas ELEIÇÕES 2018

Missão da OEA alerta para as fake news no Brasil

Ainda assim, observadores acham difícil controlar o uso do WhatsApp


postado em 25/10/2018 17:40 / atualizado em 25/10/2018 17:30

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

A presidente da missão de observadores da Organização de Estados Americanos (OEA) para as eleições brasileiras, Laura Chinchilla, acredita que o Brasil enfrenta um fenômeno "sem precedentes" em relação à difusão de notícias falsas (fake news). Segundo ela, o fato preocupa o grupo de especialistas que deu o alerta já no 1º turno das eleições.

"Outro fator que tem nos preocupado, e isso alertamos desde o 1º turno, e que se intensificou neste 2º, foi o uso de notícias falsas para mobilizar vontades dos cidadãos. O fenômeno que estamos vendo no Brasil talvez não tenha precedentes, fundamentalmente, porque é diferente de outras campanhas eleitorais em outros países do mundo", diz a representante da OEA em coletiva de imprensa realizada nesta quinta, dia 25 de outubro.

Laura Chinchilla, que é ex-presidente da Costa Rica, reuniu-se nesta quinta (25), em São Paulo (SP), com o candidato do PT à presidência, Fernando Haddad, a vice na chapa dele, Manuela d'Ávila, e o chanceler Celso Amorim. A reunião foi solicitada pela coligação O Povo Feliz de Novo.

O grupo de observadores reúne 48 especialistas de 38 nacionalidades. Eles vão se dividir entre o Distrito Federal e 11 estados para o acompanhamento do segundo turno das eleições. Ao final, será elaborado um relatório.

Denúncias

A presidente da missão revela que recebeu por escrito as denúncias sobre o esquema supostamente financiado por empresários para o envio em massa de notícias anti-PT utilizando o aplicativo WhatsApp. Segundo ela, as informações foram repassadas para as autoridades eleitorais e policiais brasileiras.

Laura Chinchilla afirma que pretende se reunir ainda com a procuradora-geral da república, Raquel Dodge, para discutir essa disseminação de fake news na internet e em aplicativos. Entretanto, ela não sabe quando será o encontro.

Análise

Para a presidente da missão da OEA, o uso do app de mensagens dificulta o controle das autoridades em relação à disseminação de informações falsas, por ser uma rede privada e protegida. "Se está usando uma rede privada, que é o WhatsApp, que apresenta muitas complexidades para ser investigada pelas autoridades. É uma rede que gera muita confiança porque são pessoas próximas que difundem as notícias e é a mais utilizada, com um alcance que nunca se tinha visto antes", diz Laura Chinchilla.

Para ela, o controle está na concientização do eleitorado brasileiro. "Continuaremos insistindo na necessidade que os cidadãos aprendam e façam um grande esforço para distinguir o que é certo e o que não é. Existem muitas iniciativas que estão tentando colocar isso na mesa. Iniciativas que estão se organizando na sociedade civil, nas universidades e nos meios de comunicação".

Violência

Laura Chinchilla diz ainda que além das fake news, a missão da OEA está preocupada com o tom utilizado em alguns discursos incitando a violência a partir de divergências políticas. Apesar de episódios isolados, ela afirmou que não houve irregularidades registradas no 1º turno.

"Temos que reconhecer que esse processo eleitoral, onde não encontramos nenhum tipo de irregularidade no primeiro turno e esperamos que seja assim no segundo, foi fortemente impactado por alguns fenômenos ligados ao clima político, sobretudo o discurso, que alertamos, tende a dividir, tende a incentivar a violência política", afirma.

(com Agência Brasil)

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